Cap. 110

1.8K 103 16
                                    

Coloquei as mãos na boca e comecei a chorar sem medo que alguém perceba.

- Estava com saudade? - se aproximou junto com Luana e nossos amigos.

- Onde você estava esse tempo todo? Por que fez isso? - choro mais ainda.

- Jade, a culpa não é dele. - Diego começa. - Naquele dia do acidente ele foi ameaçado de morte pelos mesmos traficantes que mataram seus pais. Ele recebeu um boneco cheio de sangue como forma de aviso, com um bilhete, deixando claro que ele morreria dias depois. - olha para Nathan e ele apenas concorda. - E aí fizemos uma reunião. O Delegado, Nathan, eu, os bombeiros e os médicos do hospital.

- Mas por que não me falaram? - solto mais lágrimas. - Por que precisava fingir uma morte?

- Então, planejamos esse acidente, deu tudo certo. Lembra que quando o corpo foi levado para o enterro ninguém pôde ver? - assinto, enxugando as lágrimas com a manga longa da farda. - Então, Nathan foi tirado do caixão e então o caixão foi enterrado sem nada.

- E por que o coração parou de bater quando ele estava no chão? - encaro.

- Na verdade estava tudo normal, é que eu tomei um remédio para dormir, muito forte, ele me deixou desacordado por horas, muitas até. O coração passou a bater mais devagar, e além do mais você estava nervosa, haviam os sons dos bombeiros, dos médicos, das sirenes, com certeza você não percebeu que ele ainda batia.

- E o que aconteceu depois? - Jonas pergunta.

- Bom, me levaram para o hospital, já estava tudo combinado. Me encaminharam para um quarto onde ninguém teria acesso, só os médicos do plano. Falaram para vocês que eu estava na emergência e que acabei não resistindo. No velório, como Diego disse, me tiraram do caixão e me levaram para a casa da Luana que ela estava abrigada nas férias. Fiquei lá a madrugada inteira, acordei no dia seguinte, mais ou menos umas 14h00 da tarde. Fui para o Mato Grosso do Sul e recomecei minha vida novamente. Fiquei lá por mais de seis meses.

- Nossa, estou muito confusa. - seco o rosto na farda, de novo. - E quanto ao Diego. Eu vi seus machucados, eu vi os aparelhos bem estalados nele...

- Os médicos colocaram os aparelhos em mim, aqueles que pareciam estar dentro da minha boca e nariz era na verdade pequenos e apenas ficavam no começo do nariz ou boca, sem me machucar nem nada. Alguns fios foram colados com aqueles adesivos próprios na minha barriga, braços... O soro eles colocaram num potinho atrás da minha cama, por isso parecia estar descendo de verdade. Enquanto um outro fio que estava no soro, o que não descia nada, estava colado no meu braço com um adesivo, para parecer que havia uma agulha ali. Os aparelhos estavam ligados a computadores programados para mostrar os sinais vitais e tudo mais.

- Eu... - dou uma fraca risada. - não consigo acreditar. Parece filme. - E quando ficou de cabeça para baixo durante arrancarem a porta do carro?

- Ah, aí eu desmaiei de verdade, minha pressão subiu. - risos.

- E você Luana? Não atendia as ligações, não respondia minhas mensagens... Quando fui ao BPF pela última vez por conta do atropelamento de Fernando me falaram que você estava com sua avó num sítio, isolada. O que estava fazendo se não estava por lá?

- No começo, como eu tive que fazer algumas entrevistas para canais de TV e revistas eu tive que permanecer aqui para fingir minha tristeza, mostrar que era verdade, mas depois que tudo isso acabou, quase uma semana depois, eu fui morar com ele no Mato Grosso do Sul.

- E por que voltaram? Nathan não estava sendo ameaçado? E aliás, não precisava fazer isso tudo, muito menos com os amigos, para mostrar que morreu para um traficante. Ah, e ele?

O Capitão 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora