Cap. 72

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04/06 Dois meses do casal...

Depois da noite de ontem, depois de muita discussão, decidi ir dormir. Tentar fazer Cecília mudar de ideia é algo impossível, senão, quase. Mas eu ainda vou insistir nisso. Ela não pode matar alguém que acabou de ter oportunidade de viver. E ainda mais porque é o meu sobrinho!

Acordei feliz, olhei no celular e lembrei do dia de hoje. Sério, cara, já faz dois meses!!!! Dois meses de muito amor, de muita felicidade. Mesmo brigando muito de uns tempos para cá, por causa de coisas bestas, eu creio que o nosso amor, nossa conexão, é forte demais.

Me arrumo e vou para o Batalhão, hoje é segunda, normalmente o dia mais cheio. É, quem é da polícia não vê o final de semana, não vê feriado, não vê nenhuma data especial, passamos quase sempre trabalhando. Estacionei o carro atrás do BPM, como eu falei hoje estava muito lotado. Entrei, falei com o Delegado, ele me passou a tarefa de hoje, e fui cumpri-lá. Entrei na viatura que o Diego estava, sorrindo até, causando algumas perguntas.

- Porque está tão feliz dona Jade? - faz uma cara de pensativo e sorri.

- Hoje faz dois meses de... De... - faço um suspense.

- Do casal que eu mais apoio nesse mundo todo. - risos. - Mas e aí, está tudo bem com vocês?

- Na verdade não. - formo linha reta com os lábios. - Eu te falei que tive uma "crise de pânico" quando ele me levou para seu apartamento e me encheu de perguntas, né? - assente. - Bom, ontem nós não se falamos por conta do Matheus ter sofrido um tiro no braço e ele atendê-lo. Hoje, se vimos de relance mas ele estava sério, não parecia interessado em mim.

- Nossa, que situação difícil. Mas não fica assim, hoje mesmo vocês vão se acertar e quem sabe aproveitar o dia tão esperado por você. - sorrimos.

- Deus te ouça. Agora vamos, né, todos já estão saindo.

Ele ligou a viatura, fomos para o local da ação, assim que chegamos começamos a desviar dos tiros, se escondermos, atirarmos...

- Nathan, munição! - grito para ele, que estava no outro lado da rua atrás de um carro, enquanto eu, na esquina, apoiada na parede de um comércio. Ele joga duas para mim, guardo uma no bolso e recarrego a Glock rapidamente. Chego atirando novamente.

- Jade, saí do meio do tiroteio! - ouço a voz de Jake gritando e chamando a atenção de todos os policiais presentes. Não sei porque, mas eu fiquei com tanta raiva que só por pirraça continuei ali, no mesmo lugar. Naquele momento uma tensão puxou meu corpo, eu fiquei quente, eu senti. Como ele pôde? Atirei disparadamente da esquerda para a direita, numa linha reta, acertando quase todos os sujeitos de tiro de raspão. Eles caíram no chão enquanto outros subiam em lajes. Subi numa janela, até que alta, logo após me segurei no começo da laje e peguei impulso. No mesmo instante eu já consegui subir e sem que percebessem, atirei nos três traficantes à minha frente. Pulei em cima do carro velho que estava estacionado na calçada e fiz sinal para alguém, que não fosse o Diego, prender todos os sujeitos. Eu corri e movimentei tão rápido que me senti tonta por um instante. Me apoiei na porta que eu estava prestes a abrir, fechei os olhos e respirei fundo. Lembrei de certas pessoas duvidando da minha capacidade e abri a porta, entrei, e fechei com toda a brutalidade possível, chamando a atenção de muita gente, até a dele.

- Você está assim por causa dele? - pergunta entrando no carro enquanto estavam retirando os corpos feridos do local.

- Vamos embora. - encosto minha cabeça no vidro que eu tinha acabado de fechar até um pouco mais que à metade. Diego respeitou e não falou e nem perguntou mais nada, melhor assim, eu estava sem condições de conversar.

[...]

Após sair de mais um treinamento no campo de tiros, quando já era mais ou menos umas 22h da noite, vou para casa. À pé, eu queria ter que demorar mais pensando. Deixei meu carro lá mesmo, talvez amanhã eu leve ele de volta quando estiver indo para casa. A cena de mais cedo me fez pensar bem no nosso relacionamento...

Flashback On

Eu tinha acabado de chegar no Batalhão, assim como todos os policiais, depois da operação. Como se não bastasse aquela atitude infantil, quando saio do carro vejo a pior cena da minha vida. É, Jake estava sorrindo, abraçando, beijando a bochecha, de outra. Uma morena. Estava na cara que era mais encorpada, mais bonita do que eu. Talvez ele tivesse mesmo cansado de mim, bem que todos me avisaram. Corro em direção à quadra, já chorando, e me isolo num canto, toda deprimida. Ouço uma pequena discussão lá fora, parecia ser Jake e Diego. Pouco me importava! As lágrimas estavam quentes, de tanto que eu já às segurava dentro de mim. Eu sabia! Eu sabia que em um dia qualquer, após ele me iludir com seu amor hipócrita, aquelas palavras bonitas, ele iria me descartar, assim como todas as outras. Elas estavam certas quando tentavam me dizer isso.

- Jade!! - se levanto, enxugo as minhas lágrimas rapidamente, não poderia deixar ele saber que me venceu.

- Vai lá para aquela morena. Aliás, o papo parecia estar bom, não é? - sorrio e reviro os olhos, logo enxugando mais algumas lágrimas que caíam.

- Desculpa...

- Há... - risos. - Você por à caso sabe que dia é hoje?

- Ãn? Como assim? - não, não, Jade, sai daí. Você não merece essa tamanha humilhação.

- Então não venha pedir-me desculpas. - saio andando e ele vem atrás.

- Que dia é hoje? Seu aniversário não é só dia 15/06? Ah, quer saber, aquela morena gostosa é muito melhor que você mesmo. Eu sabia que ter ficado com você era perca de tempo.

Corro até o campo antes mesmo dele virar a esquina, aquilo estragou meu dia. As lágrimas que pesavam para cair estavam cada vez caindo com o peso de cada palavra que ele falava. Como pode? O Jake? Não, não pode ser! Esse não era o meu Jake. Aquele que me dava flores, que sempre me falava eu te amo, mesmo nos dias corridos lembrava de mim. Onde está você, Jake?

Flashback Off

E assim o meu dia termina arruinado. Eu não tinha visto nem falado com as meninas hoje, tem dias que são tão corridos para ambas que ficamos sem nos falar. Espero que pelo menos Cecília tenha pensado em conversar com Lucca, e que ele assuma o papel de pai. À não ser que ele seja igual o irmão... Aí eu faço ele nunca ter desejado me conhecer! É incrível, ainda estou com aquela cena toda na minha cabeça. Cada palavra, a sinceridade no olhar...

Ouço uma buzina alta vindo em minha direção, em choque, paro no meio da rua e olho para o carro. O motorista freiou com tudo, claro, me xingando e me achando uma drogada que acabará de sair de sua toca. Mal sabe que me droguei mesmo. O nome da droga era amor...

O Capitão 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora