Cap. 70

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- Agora vamos dormir, você deve estar cansada. Só não lembra mais disso. Você não merece. - ele me ajudou a se levantar e me levou até um quarto de hóspedes, informando que qualquer coisa que eu precisasse ele estaria ali.

No dia seguinte...

- Sério, muito obrigada, Nathan. Você não sabe como me ajudou.

- Que nada, eu estava tão sozinho ontem a noite. - risos. - Então... Nos vemos no BPM?

- Nos vemos no BPM. - confirmo dando um sorriso pela primeira vez desde a noite de ontem.

Peguei um ônibus que ia para o meu bairro, assim que cheguei lá, toquei a campainha. Cecília abriu o portão e começou a dar um grande sermão, mas quase não ouvi e entendi direito, meus pensamentos ainda estavam nos acontecimentos da noite passada. Eu realmente estou ficando louca!

Jake Dornan On (O Capitão)

Após eu acordar no dia seguinte, depois de horas na rua à procura de Jade, vou ao Batalhão e encontro Lucca e Matheus na minha sala. Eu fiz uma promessa para mim mesmo, eu não vou descansar enquanto não saber sobre o passado de Jade!

- Eu achei isso nas gavetas de Cecília. - Lucca joga uma caixa de mais ou menos uns trinta centímetros de cada lado em cima da mesa.

- Também achei isso nas coisas de Brenda. - tira do bolso alguns papéis dobrados.

- Jade só tem fotos, recordações que um dia foram muito importantes para ela, nada que possa ser investigado.

- Vamos nos virar com essas coisas por enquanto.

Abrimos a caixa e vimos milhares de papéis, fotos delas com os pais... Começamos a ler o que estava escrito nos papéis, gastando nisso, pelo menos, quarenta minutos.

- Aqui! Achei algo. - Matheus informa levantando o papel.

- O casal que servia ao BPM mais famoso da cidade, baleados e mortos por cinco traficantes da Penha, deixando três filhas gêmeas, hoje é motivo de impacto total. Até agora ninguém acredita que os maiores e melhores policiais do Batalhão da Polícia Militar se foram tão cruelmente assim. - pulamos algumas informações do dia da morte deles, parando em algo... Interessante?! - Internautas dizem que viram um casal de preto andando pelas ruas de "Sampa", com óculos escuros, chapéis, sem mostrar a verdadeira identidade. Agora eis a questão, será que o jovem casal teria tido outro rumo à não ser a morte ou é apenas uma mera coincidência? - termino de ler em voz alta.

Foto

- A foto é idêntica à do casal. - Lucca fala chocado, pegando outra foto do bolso, a verdadeira.

- Não, não acho que isso seja o suficiente. Matheus, quando eles morreram eles tinham quantos anos?

- Vinte e sete.

- Então hoje em dia eles teriam...

- Trinta e oito para trinta e nove. - Lucca responde.

- Acho que nós deveríamos voltar na antiga casa de Jade. Elas moraram a vida inteira lá, e ainda não fiquei sabendo que a casa foi vendida ou algo do tipo. - opino.

- Bora lá. - pego a chave do carro no meu bolso.

Entramos no carro e fomos lembrando do endereço da casa no caminho. Estacionamos o carro em frente a casa, pulamos o pequeno muro e conseguimos entrar por uma das janelas, que por incrível que pareça estava aberta. Já estávamos no quarto, só restava procurar alguma coisa ali dentro. Haviam alguns móveis fora do lugar, o cômodo estava tão vazio que as nossas vozes até ecoavam. Procuramos no guarda-roupa, em algumas gavetas, atrás de móveis, em armários da cozinha...

- Aqui não tem nada! - Lucca se senta no chão, frustrado.

- Calma, vamos procurar só mais um pouco.

Voltamos a procurar. Eu, ainda não satisfeito e com a impressão de ter passado em branco por algum lugar, resolvo procurar novamente pelo guarda-roupa, dessa vez, o do lado. Assim que abro e passo a mão para ver o pó, sinto um volume, uma madeira mal encaixada, talvez?! Arqueio as sobrancelhas e levanto aquela fina madeira que eu tinha passado os dedos em cima. Coloquei a madeira no chão e percebi que ali havia um fundo falso quando vi uma caixa maior do que a que o Lucca levou para a sala de arquivos. Ainda entretidos, os meninos nem se deram conta de que eu tinha descoberto uma "pista". Pego a caixa, tampo o fundo falso e coloco-a no chão, sentando e chamando a atenção de Lucca e Matheus.

- O que é isso? - perguntam em uníssono.

- Também não sei, acabei de me deparar com um fundo falso no guarda-roupa. Creio que nem as meninas sabiam disso, estava bem emperrada à tampa.

Abro a caixa, nos dando de cara com alguns papéis e uma carta velha, amarela, aparentemente escrita à muito tempo. Pego primeiro os papéis de baixo, deixando a carta de lado, e começo a ler as coisas mais importantes.

- Certificado de Responsabilidade, tananan... - pulo um pouco o que não tinha necessidade de gastar tempo lendo e algo para o meu olhar. - A promessa que fizeram deverá ser comprida no dia em que o primogênito completar vinte anos de idade.

- O que será que isso quer dizer?

- Alguma promessa envolvendo alguém, um filho. - Lucca finaliza.

- Vamos ler a carta agora. - pego ela e tiro o pó de cima. - À mais ou menos oito anos atrás vocês estavam no meio de um tiroteio, Mirela estava grávida de trigêmeas. Eduardo estava preocupado em manter a vida de suas filhas que ainda nem haviam nascido e de sua mulher que não poderia passar nervoso na gestação, que era de risco. Vocês então, com medo de não saírem vivos e de perderem as filhas ali na Penha, resolveram fazer um acordo com a gente, a facção n°1. Falaram que, se deixassem vocês saírem de lá naquele dia, vocês fariam qualquer coisa para não haver muitas invasões no morro. Ainda não muito satisfeitos, nós mesmos resolvemos criar a promessa de vocês. Já que o medo era de não sair de lá vivos, eu então falei "Se vocês saírem hoje, com vida, estão condenados à entregarem..."

- Peraí, está começando a chover, vamos terminar de ler isso em casa. Aliás, saímos do Batalhão sem ao menos avisar alguém.

- Mas o Delegado iria liberar a gente mais cedo. - Matheus diz.

- Mesmo assim, vamos levar essa caixa com a gente e terminar de ler isso mais tarde. Isso pode ser a única e última chance de descobrirmos o passado das meninas.

Assinto e vamos para o carro fazendo o mesmo trajeto que usamos para entrar, para sair, e fomos para o Batalhão. Vi uma das meninas de longe, não sei se era Jade, mas minha vontade era de correr até ela, perguntar se ela estava bem, o que havia acontecido, se ela me desculpa pela noite anterior... Mas bem na hora o nosso carro é acertado por um tiro no vidro da frente. Matheus gemeu de dor lá trás, acabara de levar um tiro no braço. Olho para Lucca, transmitindo pelo olhar, que ele ficasse ali e cuidasse de Matheus. Saio do carro com a força, coragem e determinação que eu me encontrava no momento e olhei para todos os lados, preparado para dar o troco no idiota que fez essa sacanagem com meu irmão. Eu não estava nem aí pro carro, se eu tivesse que comprar outro, ou ficasse sem ele por algum tempo, eu queria saber quem fez isso com o cara que é sangue do meu sangue. Peraí, será que... Era para me acertar?

O Capitão 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora