A Donzela Caríssima

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— O conde Franzzaro Kaellerus acaba de ser emboscado quando vinha para Anvelzath — o soldado bigodudo proclama à taverna então silenciosa. — Ele foi morto pelos bandidos que raptaram sua filha, Lady Elizabeth.

Agaxis revirou os olhos, enfadado. Cochichou:

— Já li essa história mil vezes. Que tédio.

Chiu! — A paladina dá uma cotovelada dolorida no mago.

— Vossa majestade, o rei Galec, está de casamento marcado com a Lady Kaellerus — ele continua. — Uma afronta dessas não pode ser tolerada. O rei oferece uma missão aos bravos aventureiros de Anvelzath: resgatar sua noiva das garras dos tirânicos vilões.

Tô nem aío mulato sussurrou, dando as costas e indo para o balcão. Serve-se de vinho na taça e põe-se a beber. O cavaleiro prossegue:

— O primeiro que trouxer a donzela a salvo será recompensado com dez mil moedas de ouro, terras ao leste e um título de nobreza.

Em uníssono, todos na taverna exclamaram assombros de admiração. O magrelo com cavanhaque espetado arqueou uma sobrancelha.

— O campeão também receberá a joia de Kalíndraetos, uma das três relíquias ancestrais.

Agaxis engasga e tosse sonoramente, chamando a atenção de todos, que lhe despejam uma cara feia.

— Foi mal! — ele se desculpa com rouquidão, balançando a mão aberta.

O soldado finge pigarrear para retomar o enfoque.

— Os interessados devem comparecer à guarda real para buscar o kit de assistência oferecido pelo reino. Vossa majestade Galec Segundo conta com a bravura de vocês! — Ele bate o punho fechado no meio do peito propagando um clangor metálico. — Glória ao reino!

— Glória ao reino! — alguns em uníssono, outros atrasados, respondem à saudação comum por aquelas bandas.

— Amém! — debocha Agaxis, virando a taça de uma vez.

Pouco a pouco a taverna voltou à sinfonia de arrotos e conversas baratas. Os músicos cantaram epopeias sobre o ocorrido ao som de flautas, liras e sanfonas. Uma briga de bar aqui e ali, cheiro de fritura na chapa, bandejas sobrevoando o faminto e sedento público noturno. Tudo parecia normal, mas agora o povo se arriscava a sonhar mais. Afinal, era uma recompensa e tanto.

Kayara se dirige às pressas para a saída enquanto o taverneiro gordo espalma a mão para o sujeito de capa roxa.

— Amigos, amigos, negócios à parte, meu chapa! Cinco moedas de ouro, vai passando!

O mulato alisa a barbicha aguda e ondula as sobrancelhas.

— Não sei do que está falando. — Seu tom era brincalhão. Enfia a mão na algibeira e deposita cinco pequeninos discos dourados no balcão. Gatryggus sorri satisfeito, apanha as moedas e serve mais vinho na taça do homem de cabelos pretos e longos.

— E aí, vai atrás da tal donzela em perigo?

— Quem, eu? Nem a pau.

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