— A parte boa — disse Elizabeth, lentamente engolida pela névoa — é que eu também vi essa neblina quando fugi de lá. A parte ruim é que não estava tão densa quanto agora, nem tão alta. Ela vem da entrada que estamos procurando.
— Vamos ficar juntos! — frisou a gnoma de boina laranja, fazendo sinal para Andriax e o draggonath se aproximarem do grupo. Ela então notou que o mago estava de olhos fechados, as mãos espalmadas nos braços erguidos. — O que tá fazendo?
— Me concentrando para ver se consigo detectar alguma magia nessa névoa — Agaxis contestou, rabugento.
— Estou com um péssimo pressentimento — disse o bárbaro que segurava Etherion no ombro esquerdo e um gigante martelo na mão direita.
— Fique atrás de mim, Andriax — pediu a ruiva, retirando um chicote especial do cinto. Sua ponta dividia-se em três, uma lâmina em forma de garra pendurada em cada extremidade.
Receoso, o rapaz obedeceu. Todos formaram um círculo e Andriax acabou ficando no meio. Sentia um misto de segurança com extrema frustração. Não queria estar naquela situação, mas a palpitação crescente no coração bloqueava seu flerte com a ideia de sair dela.
— Ah, saco — começou o eldrazar de túnica rubra e capa roxa. — Essa névoa é acionada pela presença de invasores. Não se ativa se uma pessoa sai do covil, mas só se alguém se aproximar. Ela é um amplificador de energias necromânticas. Fiquem de olho no chão. — O mulato de bigodes finos e curvos fez um gesto com a mão e um orbe luminoso surgiu flutuando na palma da mão direita, raios circundando-o com chiados fugazes.
Ninguém conseguia enxergar a mais de três metros de distância. Até mesmo o céu foi deglutido pela onipresente branquidão. As dezenas de árvores mortas assistiam em silêncio. Uma gota de suor escorregou pelos cabelos castanhos de Andriax e percorreu seu pescoço. Havia um cheiro podre ficando cada vez mais intenso. Preocupado, ele indagou:
— Por que temos que ficar de olho no AI ME SOLTA, DIABO!! — Uma mão esverdeada brotou do chão e estava agarrando o tornozelo de Andriax.
— Deixa que eu mato! — O mago de barbicha apontou a mão com o orbe elétrico para o pé do garoto.
— NÃO! Você vai explodir minha perna, sai pra lá!
Agaxis riu.
— Eu sei, mas não deixaria de ser engraçado, he, he.
— Só pra te lembrar, cara — falou a gnoma de macacão azul metálico —, você tem uma espada sagrada nessa bainha que causa dano dobrado em mortos-vivos.
Quando Andriax terminou de desembainhar a Justiceira da Luz, um martelo de um metro e meio com rostos de carneiro nas laterais acertou a mão necrosada como se fosse uma bolinha de golfe. Andriax removeu o pé e fez um gesto de agradecimento para Dronar, então apontou para atrás dele com uma expressão de horror.
Estavam cercados. Um exército de zumbis os rodeava e corria cambaleante na direção deles. Pareciam bêbados trôpegos de roupas maltrapilhas e armaduras quebradas. Alguns não tinham olhos, outros caminhavam sem a cabeça. Um morto-vivo sem nariz arrastava seu torso pelo chão, sem perna alguma. E não eram só humanos: havia corpos de elfos, goblins, minotauros e lobisomens.
— Dronar, quais as chances de você virar um dragão bem agora? — questionou Elizabeth, desviando dos braços de um fauno com uma adaga enterrada na bochecha. Ela deu uma rasteira nele que acabou arrancando-lhe a perna. Vermes caíram nas botas marrons da ruiva, que fez uma cara de nojo infinito.
— Nenhuma! — O brutamonte pôs Etherion aos pés de Andriax. — Protege ele! — Em seguida, o musculoso conteve a maça gigante do minotauro de três metros que o atacou, bloqueando o golpe com seu martelo sagrado.
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☠☠ NECROFÚRIA ☠☠ Aventura de RPG Medieval 🏹 Ação, Guerra e Magia ⛥
FantasiaUm aprendiz de necromante. Um psicopata sanguinário. Um mago bêbado e uma paladina marrenta. Todos atrás de uma donzela durona que sai esmurrando todo mundo. Isso vai acabar mal... Do terror à comédia improvável, essa é a aventura daqueles que son...