Bombas Atômicas e Carros Voadores

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Da ponta da cauda até a cabeça, a forma de dragão alcançava os trinta metros. Dronar nunca se sentiu mais confortável na vida, desbravando os céus majestosamente. Cada garra era do tamanho de um homem adulto.

O bárbaro manteve os braços e pernas livres das asas — pobre daquele que quisesse enfrentá-lo em seu esplendor. Espinhos, em fileira ou avulsos, brotavam das largas costas de Dronar. Eles ofereciam vários locais de apoio para que o grupo pudesse se sentar sem a preocupação de cair para a morte. 

O draggonath não conseguia falar agora que suas cordas vocais se tornaram completamente animalescas, algo que Agaxis conseguiu remediar com magia. Caso o bárbaro quisesse dizer algo, bastaria pensar na pessoa e as palavras seriam ouvidas diretamente na mente desta. 

Shagda ficou impressionada, era a primeira vez que testemunhava o mulato fazendo um feitiço útil (sem estar bêbado). "Vai chover canivete," ela comentou. Para variar, Andriax morria de medo de altura, porém conseguiu se distrair proseando com Elizabeth. 

Os dois estavam sentados mais atrás enquanto o aprendiz, o mago e a gnoma se mantinham próximos ao pescoço (que era bem longo). No decorrer das horas, todos tiveram seus momentos de cochilo; o sol já estava alto no céu.

— Isso é terrível — Andriax falou quando terminou de ouvir a história da ruiva sobre o que esta passou. — Eu realmente entendo essa sua sede de vingança, mas...

— Mas o quê? — a jovem indagou meio ríspida. — Não vai tentar me convencer a desistir de matar Brontak e Maodron, não é? Minha vida foi destruída por causa deles. Todos vão pagar. — Ela fitou as costas do aprendiz lá na frente. — Todos.

— Sempre apressada em tomar conclusões, né, Lady El... quer dizer, Elizabeth. Eu ia dizer que já que é isso o que você vai fazer, não vou deixar que o faça sozinha. Eu vou te ajudar.

A ruiva sorriu. Se controlou para não rir — a ideia de Andriax ser útil em uma luta era algo deveras extraordinário de se conceber. Mas sua gratidão pelo amigo não deixou de se aprofundar ainda mais. Era bom saber que ela tinha pelo menos alguém com quem pudesse contar.

— Só tem um detalhe — o rapaz de olhos azuis acrescentou, segurando com força no espinho que parecia uma enorme barbatana.

— Seria?

— Eu não acho que deveria incluir o tal Etherion nisso. Como já te falei, a Anciã conversou comigo em sonho e me contou algumas coisas. Ela disse que ele foi obrigado...

A donzela estreitou os olhos com desprezo.

— Eu vou matá-lo, Andriax. Eu só aceitei a missão porque este grupo vai me ajudar a me aproximar dos meus alvos. Primeiro, vou capar e torturar Brontak pra ele aprender. Depois de matá-lo, vou atrás do Maodron. Vou atravessar seu coração bem na frente do filho para que o garoto veja como é bom. Aí a missão estará completa... e nada me impedirá de ir atrás do Etherion.

— Mesmo que ele...

— Andriax, se o cretino tivesse tido um pouco mais de coragem e dito "não" para o seu pai, o meu ainda estaria vivo. Ao invés disso, ele foi um pau mandado e depois escolheu fugir!

— Mas você também escolheu fugir.

Os olhos índigo da moça levaram um choque. Foi como se as palavras tivessem dado um tapa bem pesado em sua bochecha, deixando uma marca quente. Antes que a ruiva protestasse, o rapaz de cabelos cor da terra continuou:

— Seu pai não ouvia ninguém, Elizabeth. Aposto que ele achava que estava fazendo o que era melhor pra você, mas olha só no que deu. Ele queria te casar à força! Não teve diálogo algum que o convencesse. Não acha que o pai de Etherion talvez fosse... parecido? Ou quem sabe pior... Você escolheu fugir porque percebeu que não teve escolha, já parou pra pensar que talvez com Etherion foi o mesmo?

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