Dinossauros Insones

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O pégaso prateado ficou tão assustado com o aparecimento do rapaz que fugiu a galope. O espírito do homem dinossauro somente observava, aguardando pela sua recompensa. A primeira coisa que Etherion fez foi olhar ao redor: além de uma clareira de petúnias, não via San Meldric em lugar nenhum.

 Confuso, voltou os olhos para Elizabeth, jogada no chão florido. Então ele corou. Etherion era jovem. Nunca tinha visto uma garota só com top ou, menos ainda, uma minissaia. Até aquele momento ele não tinha reparado o quanto a donzela era bela, com curvas musicais tracejando sua silhueta. Pele alva, cabelos de fogo, olhos como o fundo do mar... 

E, como ele simplesmente não conseguiu deixar de notar, seios avolumados e pernas esculturais. Por um segundo, o aprendiz agradeceu estar usando a capa negra com capuz, que cobria seu rosto do brilho dourado do luar. Assim a garota não poderia ver sua expressão de espanto misturada a uma crescente timidez por estar naquela situação.

É claro que a última coisa em que Elizabeth estava pensando era nas roupas que estava vestindo. Ai do garoto se ela ao menos desconfiasse que este a escrutinava com tais olhos. Para a ruiva, o rosto de Etherion despertava nada menos do que intensa fúria. Ela se levantou o mais rápido que pôde e foi logo procurando algo nos compartimentos de seu cinto de couro escamoso.

A três metros de distância, o jovem fez o possível para não gaguejar:

— Lady Elizabeth... Eu... Bem... Que bom que te encontrei assim... quer dizer, não assim assim, sabe? Não que esteja ruim. Mas... é...

— MORRA!!! — a donzela vociferou ao disparar seis shurikens contra o mancebo, três com cada mão.

Elizabeth sempre gostou muito de armas — tanto assim que sempre andava com uma adaga — e costumava treinar com algumas delas. Mas embora a ruiva conhecesse as estrelas ninja, não dominava a técnica de como lançá-las. Das seis shurikens, quatro se perderam no ar. Uma raspou um fiapo da capa preta. A outra passou a dez centímetros do rosto do aprendiz.

— TÁ DOIDA, garota?! — retrucou Etherion, ficando alerta. Agora tinha se lembrado de por que ele não havia prestado atenção em sua beleza. Literalmente na primeira vez em que a viu, recebeu dela uma flechada no ombro e um murro no estômago.

Decepcionada com o resultado das estrelas laminadas, Elizabeth decidiu não usar as três restantes. Ela pegou do cinto um dardo metálico de trinta centímetros com um peso redondo no meio. Arremessou a plumbata com toda sua ira contra o rapaz negro.

A arma estava indo rente ao coração do aprendiz. Mas agora que estava alerta, Etherion a aparou no ar com sua mão direita, enluvada e com símbolos mágicos. Um segundo depois, um fogo verde se acendeu da luva branca, porém não queimou o tecido. O dardo de metal, contudo, foi de sólido para líquido e de líquido para gasoso em questão de milésimos.

A ruiva começou a procurar outra coisa no cinto (não tinha decorado onde cada item estava). Nesse instante, Etherion fala para o homem tricerátopo ao lado, que apenas divertia-se observando.

— Imobilize ela!

— Não posso tocá-la — ele respondeu, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — E além do mais, esse não foi o combinado. Me liberte logo, quero ir embora.

Etherion rolou para o lado, se desviando de um dardo pequeno disparado pela zarabatana da ruiva. Em seguida, ele ofegou:

— Se eu morrer, quem é que vai te libertar, hein?!

— Não posso toc...

— Agora pode! Kadraelthus Medris Matter! — Etherion ficou com os olhos brancos. A aura esverdeada chamejou ao seu redor, balançando suas vestes, fazendo a capa trapejar às costas. Ele apontou a mão direita para o sujeito de três metros de altura e uma aura esmeralda o envolveu.

Elizabeth quase caiu para trás ao ver que tão perto dela estava um humanoide com cara de tricerátopo. Ele tinha um dos chifres quebrados e uma gigantesca espada encravada no seu coração. O homem dinossauro usava uma tanga tal qual um bárbaro, o corpo cheio de cicatrizes. 

Seu olhar não era assassino. Parecia, na verdade, alguém estressado por um longo período de insônia.  Ele caminhou em direção a Elizabeth calmamente. A ruiva disparou um dardo nele, mas o projétil o atravessou como se este fosse de vento. 

Sem muito esforço, o humanoide envolveu suas duas mãos agigantadas na cintura da moça, que o xingou com todo tipo de palavrão possível. Assim como antes, ela foi erguida e trazida para a frente de Etherion.

— Seu trapaceiro! — ela grita. — Eu odeio você! ODEIO!! Me mata de uma vez senão eu juro que vou acabar com sua raça!

O aprendiz se aproxima da cativa. Sua voz sai deformada:

— Pronto. Agora sim podemos conversar. Só quero saber uma única coisa de você e aí eu prometo que sumo pra sempre. Me diga, onde está San Meldric? 

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