Após o susto, todos estavam de pé, exceto Etherion. O garoto foi carregado por Dronar em sua forma humanoide, já que este descobriu que não conseguiria manter sua forma draconiana por tanto tempo sem algum intervalo de descanso.
Shagda saiu de dentro de sua mochila, beijando os símbolos bordados a ouro como se valessem mais que dinheiro. Ou quase... Depois que todos se informaram sobre o ocorrido, Elizabeth ficou como guia do grupo, uma vez que supostamente também sabia o caminho.
Na verdade, no meio da floresta, ela fingiu que sabia para onde estava indo até que se deparou com uma vasta planície de árvores secas e retorcidas. A partir dali, a mentira virou verdade. A ruiva foi na frente, com os olhos à procura dos corpos retalhados dos centauros de outrora. A gnoma e Agaxis estavam logo atrás, seguidos pelo bárbaro e por Andriax.
Nem um pouco unidos, cada um andava a alguma distância do outro. Isso até a criaturinha de boina laranja e macacão azul se aproximar do cara de bigodes pitorescos. À sua direita, disse:
— Até que você não é tão imprestável quanto eu pensei.
Agaxis ondulou as sobrancelhas por entre um desconfiado franzir de testa.
— É assim que gnomos dizem "obrigado"?
— Só porque eu sou uma gnoma, não quer dizer que todos de minha raça se comportam do mesmo jeito.
— Me avisa se for começar um discurso militante sobre preconceito. Faz tempo que quero testar um feitiço que cria música dentro dos próprios ouvidos. Os bardos chamam de magifones.
A baixinha riu.
— A tecnomagia de meu povo consegue fazer isso. Basta apertar um botão e o aparelho funciona, e sem fios. Está tudo conectado a uma nuvem mágica que...
— Nossa, que fascinante — interrompeu o mulato de longos cabelos pretos, usando o tom mais monótono que conseguiu. — Vamos cortar o papo furado, o que você quer?
Shagda estava acostumada a lidar com tipos ranzinzas. Ignorou a grosseria e continuou num tom cordial, quase que desafiando a capacidade do mago de tentar irritá-la.
— Mera curiosidade. Você não liga pro destino do mundo. É meio óbvio que você só está nos usando para aumentar suas chances para recuperar suas tais luvas. O que elas têm de tão especial?
O sujeito de capa roxa e gibão escarlate levou o olhar para um ponto distante do céu. A pequenina poderia jurar que o eldrazar não queria que ela lhe visse a cara.
— Poder, oras. É o que todos os magos querem. Satisfeita agora?
— Você deve ser péssimo no truco. Está mentindo.
Agaxis olhou para a baixinha com as sobrancelhas trianguladas, numa expressão de pena sarcástica.
— Ah, jura? Então vai, sabidona, por que você acha que quero as luvas?
— Você tem um dos artefatos mágicos mais lendários que existem, a Joia de Kalíndraetos. Eu vi a cara que fez quando recebeu a pedra. Mas quando você fala das luvas, existe algo diferente no seu olhar. Algo que foge daquele padrão. E eu tenho uma ideia do que pode ser...
— Tudo o que eu precisava. — O mago rolou os olhos castanhos para a esquerda. — Vem cá, tu virou adivinha, agora, é? Por que não vai encher a paciência de...
— As luvas eram da Belzebelle, não é? A irmã do capeta.
Todo o desdém na expressão do mulato evaporou de súbito. Um misto de surpresa e raiva cortejou seus olhos. A boca fechou-se como portões de um castelo diante de uma invasão iminente. Ele demorou alguns segundos antes de praguejar.
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☠☠ NECROFÚRIA ☠☠ Aventura de RPG Medieval 🏹 Ação, Guerra e Magia ⛥
FantasiaUm aprendiz de necromante. Um psicopata sanguinário. Um mago bêbado e uma paladina marrenta. Todos atrás de uma donzela durona que sai esmurrando todo mundo. Isso vai acabar mal... Do terror à comédia improvável, essa é a aventura daqueles que son...