O Observador Rancoroso

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— Você quer dizer algumas palavras, mano? — pergunta o grandão escamoso para Andriax.

O rapaz enxuga as lágrimas dos olhos azuis. Tentou controlar o soluço ao falar:

— Ela foi... uma das mulheres mais valentes que já conheci. Sir Kayara... morreu... com honra e dignidade! — Ele caiu no choro, não conseguindo se conter.

Além do draggonath, estavam ao seu lado a gnoma, o mago e o demônio. Todos em fileira diante da cova improvisada no meio da clareira.

 Era um buraco simples, apenas com a espada da paladina fincada no topo. O céu noturno soprava lufadas secas, ocasionalmente acariciando a grama.

Shagda retira a boina laranja e põe uma mão na perna do rapaz como uma tentativa de consolo. Kamilzedek estava com sua cara azul toda sonolenta, a cartola propositalmente caindo aos olhos para que não notassem. Agaxis bocejou e deu um tapinha nas costas do mancebo.

— Agora só tem uma coisa que podemos fazer, guri.

Andriax volta do pranto e olha para o mulato de barbicha espetada.

— Rezar?

— Beber.

Esse verbo desperta o sujeito de cabelos roxos.

— Eu conheço uma boa taverna em Rundrolgog. Não sei se já ouviram falar do Alicórnio Bebum, tem umas dançarinas muito boas por lá, he, he.

— Eu topo — revelou o musculoso esmeralda. — Você vem, Shagda?

— Não tem coisa melhor pra fazer mesmo. Então tá.

O demônio de sobretudo e calças listradas sorri satisfeito. Ele estala os dedos e de repente todos desaparecem do campo. 

Somente então uma figura que espreitava o grupo se aproxima da cova. Sua mão arranca a Justiceira da Luz do túmulo enquanto uma voz amarga diz com frieza:

— Rundrolgog...    

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