III • SANTOS NÃO BEBEM, MAS ARROTAM TROVÕES • A Surpresa dos Centauros

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A ruiva se escondeu no ventre de um carvalho morto. As estrelas observaram quando ela se encaixou na fenda do tronco, toda poeira e suor. 

Um pano surrado envolvia os seios ao estilo de um top enquanto uma saia curta e improvisada pendia dos quadris. Eram irreconhecíveis fragmentos do outrora impecável vestido branco.

Uma perseguição de cascos retumba como tambores de guerra ao atravessar a floresta seca. A terra estremece, os braços das árvores ressecadas oscilam perturbados.

 Elizabeth ouve os galopes se aproximarem cada vez mais de seu esconderijo. Ela controla o soluço, mas as lágrimas desaguam em enchente irrefreável.

Seu peito era um tornado. A imagem de seu pai ainda lhe sangrava o coração tal qual flecha enraizada, teimosa e inarrancável.

 A ira por aquele moleque cerrava seus dedos, fazendo as unhas morderem a carne. Era tudo culpa dele, afinal.

O barbudo queimava como ácido, uma lembrança tóxica que envenenava sua alma com o mais puro ódio. Sentia nojo dele e de si mesma. 

Seu único consolo era ficar imaginando incontáveis maneiras de vingar-se. Queria vê-lo gritar em agonia, implorando para que ela não cortasse aquilo de que o crápula tanto se orgulhava.

Mas Elizabeth não demonstraria piedade. Não mesmo.

— Encontrei as pegadas! — uma voz grotesca ressoa perto da jovem.

Ela ouve o som de criaturas cavalgando até as costas do carvalho. O sangue em suas veias disparou ao que ela prendeu a respiração. Relinchando gargalhadas, o trio de centauros logo aparece na frente da moça.

Um deles tinha barba branca e carregava um arco com a flecha apontada a fugitiva. O outro segurava uma lança, era careca e possuía um tapa-olho mal encaixado no rosto.

 O terceiro, com cabelo loiro em moicano, portava um cabo de ferro com uma longa corrente na ponta. No outro extremo do grilhão, uma esfera metálica recheada de espinhos aguardava sedenta.

— Olha só o que temos aqui — falou o caolho em tom debochado. — Você corre, hein, humana. Mas se esconde muito mal, he, he.

— Eu não sou virgem! — brada Elizabeth. — Meu sangue não serve pra vocês! Por que estão me perseguindo?!

O barbudo verga o arco e mira na testa da moçoila ao dizer:

— Se você fugiu, sabe como entrar na Fortaleza das Trevas.

O centauro com moicano olha para o mais velho.

— Por que raios explicou isso pra ela?

— Consolo antes morrer?

— Que tal "exposição desnecessária de informações"? — objetou o loiro.

— Como vocês enrolam pra matar alguém! Eu, hein! — irritou-se o calvo.

Com um movimento rápido ele preparou sua lança para dar a estocada fatal quando a ponta de uma flecha brotou de dentro da sua testa. O sangue quente espirra em Elizabeth, arrancando-lhe um grito. 

Um segundo depois o centauro despenca no chão, deixando os comparsas atônitos. Eles olham ao redor e avistam uma figura encapuzada a quinze metros de distância.

O vento tremulou a capa prateada às costas. Botas e um colete, ambos em couro negro, se aproximavam lentamente. Uma mão albina retirou outra seta de uma das duas aljavas penduradas nos quadris.

Às costas via-se dois cabos de sabres ondulados com arte curvilínea. Antes de retesar o arco, o indivíduo retira o capuz e revela lisos e compridos cabelos azuis, além de orelhas pontiagudas.

— Corram. Ou morram — sentenciou a elfa Lorendell.





😇😈 Palavra do Autor 😈😇

Olá, prezados wattpaders! Espero que estejam gostando! Se for o caso, não esqueçam de prestigiar a obra com suas estrelinhas, he, he.

Meu objetivo é escrever um livro com no máximo 200 páginas, mas preferencialmente 150. Vamos ver. As musas são insistentes, he, he.

É isso. Até a próxima, meus caros!



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