— Ninguém me avisou que eles eram goblins — Agaxis falou, a dor de cabeça ainda perseguindo seus pensamentos.
— E que diferença faz a raça deles? Isso é algum preconceito contra goblins ou contra índios? — A gnoma usou um tom acusativo.
— Ai, meu saco.
— Agaxis, ontem você fez coisas bem poderosas — começou Dronar, olhando assustado enquanto eles eram cercados por incontáveis anõezinhos verdes carregando tochas. — Não será que tem como fazer a gente virar mosca outra vez? Ou fazer esse tronco criar asas ou...
— Então... — o homem pelado interrompe o brutamontes. — Digamos que a maioria dos magos não bebe porque precisamos ter uma mente bem concentrada para executar magias. Duas coisas podem acontecer quando um mago fica bêbado: ou ele vira um imprestável e não solta encantamento nenhum... ou... consegue acessar alguns feitiços acima do seu nível e tal.
— Em outras palavras, ele tá dizendo que não pode porque ontem tudo o que ele fez foi pura sorte — conclui Shagda ao avistar o cacique e seu xamã se aproximarem do tronco.
— Não ouvi ninguém te chamar na conversa — retrucou Agaxis.
O mulato de barbicha apontada vislumbra um dos pequeninos humanoides verdes trajando um cocar cheio de penas e tomou-o por líder. Se dirigiu a ele:
— Ei, nanico... — Balançou a cabeça reprovando a si mesmo. — Quer dizer, ei, grande nanico, óh todo-poderoso chefe da tribo goblinoide. Viu, não entendo seu problema. Quer dizer, qual é o homem que não me agradeceria por ter aumentado os peitos da sua mulher?
Uma voz extremamente esganiçada responde ao magrelo:
— Os peitos dela ficaram maior que sua cabeça! E nossa cabeça já é maior que nosso corpo, não sei se notou!
O goblin que trajava pele de animais acompanha o líder, também com uma voz aguda:
— Você é um mentiroso! Agora você e seus comparsas vão pagar, pois serão sacrificados na chama sagrada e depois alimentarão nossas barrigas!
A multidão de diminutos ao redor solta urros de apoio, balançando suas tochas no ar. Todos vestiam tangas simples, o rosto colorido por pinturas de guerra.
As orelhas eram pontudas, os olhos enormes e os caninos protuberavam para fora dos lábios.
— Eu mereço.
— É, você merece mesmo, mas a gente... — apontou a gnoma com boina laranja.
O homem de cabelos pretos e longos ignora o comentário e suspira:
— Onde está um Deus Ex Machina quando precisamos de um?
— Isso é algum tipo de comida? — o sujeito musculoso pergunta.
— É, Dronar; é uma comida, sim...
— O que o xamã tá fazendo? — questiona Shagda.
O pequenino envolto em peles começou a dançar ao redor do tronco, cantando alguma coisa esquisita na sua língua indígena. O cacique se dirigiu à tribo, que ocasionalmente soltava um "queimem logo!" ou "tô com fome!".
— Calma, meus irmãos! Antes eles devem ser purificados com o fogo sagrado, só depois nossas chamas vão assar sua carne! Taktik está agora mesmo invocando nosso espírito ancestral para lançar suas labaredas divinas!
Um vento sinistro começa a soprar. Agaxis tenta proteger as partes íntimas do frio com as pernas. O goblin xamã então esfrega um crânio pendurado em seu colar. Uma luz avermelhada escapa por entre as cavidades, seguida por uma fumaça que serpenteia no ar até assumir uma forma humanoide.
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☠☠ NECROFÚRIA ☠☠ Aventura de RPG Medieval 🏹 Ação, Guerra e Magia ⛥
FantasyUm aprendiz de necromante. Um psicopata sanguinário. Um mago bêbado e uma paladina marrenta. Todos atrás de uma donzela durona que sai esmurrando todo mundo. Isso vai acabar mal... Do terror à comédia improvável, essa é a aventura daqueles que son...