A Luta Pela Ruiva

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— Em nome dos velhos tempos, Lorendell, entregue a vadia — pediu o homem calvo de olhos amarelados. — Posso te fazer o favor de poupar sua vida.

— Conta outra, Brontak — a elfa sorriu com desdém. — Eu é que digo: pelos velhos tempos, não te farei em pedaços se você sair da minha frente bem agora.

— Então chega de conversa — disse o sujeito com a cicatriz diagonal no rosto. Ele desembainhou uma espada de duas mãos e começou a andar em direção à mulher de cabelos azuis. — Cai dentro, minha linda!

Quando Elizabeth percebeu, a arqueira desapareceu da cela do pégaso. Em um piscar de olhos, Lorendell estava a dez metros de altura, metralhando uma saraivada de flechas contra o barbudo. Os projéteis eram uma chuva pontiaguda que sibilava como promessas de morte.

Brontak ziguezagueou no chão, avançando no terreno e ocasionalmente rebatendo algumas setas com a espada. Pelo menos umas oito conseguiram arranhá-lo nos braços e pernas. 

Filetes de sangue escorriam cálidos. "Sempre a mesma porca," pensou. "Ela sabe que é mais ágil, mas faz questão de me cansar antes da luta começar."

Para o desgosto da elfa, ao pousar, uma espada já estava à sua espera. O inimigo a alcançou e desferiu um ataque horizontal, objetivando cortar a mulher de capa prateada ao meio. 

Com sua velocidade, ela se abaixou, a lâmina passando em câmera lenta acima da cabeça. Fios de cabelo azul foram decepados, mas a lutadora estendeu a perna direita e a girou.

O sujeito de gibão cinzento e capa negra tomba com a rasteira. No intervalo de sua queda, Lorendell se ergue, guardando o arco nas costas e desembainhando os dois sabres. 

As armas gêmeas então afundam no ar como dentes de cobra contra a presa caída. Brontak rola no último milésimo, recebendo arranhões ardentes no flanco direito.

A caçadora demora um segundo para desenterrar os sabres da terra seca, tempo usado pelo rival para se levantar. Ambos ficam se encarando enquanto rodopiam em círculo, armas em riste. Os olhos lilases da elfa eram sérios; os de Brontak fogueavam puro êxtase.

— RAAAAR!! — rugiu o psicopata, avançando com a espada acima da cabeça. Atacou de cima para baixo, a lâmina descendo como um meteoro contra a testa da rival.

"Tão previsível," pensou Lorendell quando ergueu o sabre esquerdo. Um estrondo vibrou os dois metais quando a elfa bloqueou o ataque, a arma formando uma cruz contra a espada inimiga. 

Imediatamente ela contra-atacou, o sabre direito fazendo um arco afiado no ar, pronto para fatiar a lateral exposta do adversário.

Quando as costelas de Brontak estavam quase beijando a língua metálica da atacante, Lorendell sente uma dor monstruosa na boca do estômago. 

O barbudo enterrou a bota de couro nela, fazendo a elfa decolar a dois metros de distância. Na queda, o sabre direito despencou no chão, abandonando sua portadora.

— Tão previsível! — riu o barbudo, tomando a arma curva e encaixando-a com dificuldade em sua bainha reta.

Ele corre até a oponente, que fez uma cambalhota para trás e deu outro pulo para afastar-se. No ar, ela retesou o arco e sussurrou alguma palavra na língua élfica. 

No que a flecha começou a brilhar, Lorendell a disparou contra o barbudo. Brontak facilmente rebate o projétil luminoso com a espada e continua avançando até alcançar a arqueira.

Antes de aterrissar, com sua velocidade a elfa repõe o arco nas costas e prepara o sabre. Quando tocou o chão, precisou rolar para desviar-se do corte diagonal que despencou sobre si.

 A caçadora rodopiou o corpo pela lateral do inimigo, parando às costas de Brontak. Ele naturalmente girou no próprio eixo, sua arma agora em percurso transversal e descendente contra a adversária.

Levantando-se com fúria, Lorendell apara o golpe, o sabre trovejando um ribombar metálico contra a espada do guerreiro. Faíscas explodem com o atrito, as armas rangem enquanto deslizam uma sobre a outra até seus portadores se afastarem.

Novamente eles se encaram orbitando um ao outro, olhares atentos que analisavam a linguagem corporal inimiga. As vestes do psicopata já estavam tingidas de vermelho devido aos cortes gotejando. A arqueira permanecia ilesa.

De repente, Brontak avista um ponto cintilante pelo canto do olho. "Magia élfica, que bruaca!," pensou ao rebater a flecha cintilante pela segunda vez.

 A caçadora aproveita a distração e acomete feroz, estocando rente à cabeça do barbudo. Sem tempo para mover sua grande espada, Brontak se defende usando o braço esquerdo.

A lâmina perfura sua carne, quebrando o osso e atravessando o antebraço. A ponta do sabre continua, conseguindo ainda fazer um buraco na bochecha peluda. 

A dor faz a ira se apossar do guerreiro, que inesperadamente avança contra a elfa, sua arma arqueando na horizontal.

Em uma fração de segundos, Lorendell desenterra o sabre do membro perfurado e se abaixa. Não somente, mas ela rolou para frente, ladeando o adversário. Ao se levantar atrás dele, a primeira coisa que faz é recuperar o sabre na bainha de Brontak. 

Quando este gira pela direita com um golpe inclinado, ela dá uma pirueta para trás e pousa a seis metros de distância.

Ferido, Brontak não correu para alcançá-la desta vez. Ele arfava, os cortes mergulhando-o em um oceano escarlate. Agora ciente da magia, ele logo avista a flecha luzente fazendo uma curva e retornando para alvejá-lo.

— Que droga, hein — ele ofega com ódio. — Vou ter mesmo que fazer isso.

Lorendell arqueja uma sobrancelha ao que sua intuição lhe alerta de um perigo sombrio.

Tenebria Mortis!! — exclama Brontak.

Seus olhos embranquecem, uma aura pantanosa emana da espada e envolve o sujeito. Sua capa negra começa a esvoaçar mesmo sem vento algum. Os rios de sangue flutuam, como se magneticamente atraídos pela lâmina da arma.

Foi então que Lorendell percebeu que os centauros que havia matado estavam se levantando.


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