Eu estava tremendo.
Não sabia se era medo de ser reprovado, pois sabia que seria uma avaliação do meu progresso, ou se era o entusiasmo pelo que estava prestes a acontecer.
Essa era uma situação nova que fazia um misto de sensações explodirem dentro de mim.
— Ravel, domine sua mente — falou papai com tom imperativo. — Permita que sua mente domine seu corpo e não o contrário — advertiu, olhando-me firme e cerrando o punho direito.
O sol caminhava depressa para o leste e em poucas horas atingiria o seu limite para então retornar ao seu esconderijo detrás da lua. Senti uma brisa suave que tocava a grama quase fazendo-a sussurrar ao dobrar seus ramos. Aos poucos fui lembrando de meu treinamento, de como me conectar com tudo ao meu redor até atingir um nível de conexão suficiente para sentir o mais leve movimento em redor.
Agora concentrado em meu oponente, comecei a arrazoar sobre qual seria a estratégia mais apropriada para o combate. Então brandi a espada de madeira e fixei meus olhos no corpanzil a frente. Assumindo postura de avaliação procurei encontrar quais eram as minhas possibilidades.
Primeiro, meu adversário era maior e mais forte do que eu. Um combate corpo a corpo me deixaria em desvantagem. Segundo, seu alcance era de aproximadamente dois metros, e isso sem contar o bastão, o que dificultava as coisas colocando Tautos em proeminência de ataque, deixando-me apenas com a alternativa do contra-ataque.
O lado bom é que com papai não era diferente. Eu estava acostumado a lutar com um oponente maior e mais forte do que eu, pois papai havia me treinado para qualquer ocasião, sobretudo, a desvantagem.
— Não se preocupe garoto, vou pegar leve com você — disse-me tio Tautos com tom altivo girando o bastão com bastante habilidade.
— É melhor você não se descuidar — argumentou meu pai com confiança. — Você pode acabar sendo surpreendido.
Ouvir meu pai dizer isso deixou-me um pouco mais tenso. Não queria decepcioná-lo. Concentrei-me o máximo possível em meu adversário ainda em posição de estudo. Se ele era maior e mais forte, eu era mais rápido. Talvez, com muita atenção, eu poderia prever os seus movimentos.
Enquanto compassada e lentamente andava em volta dele, percebi que Tautos não se movimentava para as laterais, apenas acompanhava os meus movimentos girando sobre seu próprio eixo.
Sua postura beirava a displicência, o que me daria certa vantagem. Suas pernas não estavam flexionadas o suficiente para lhe trazer maior equilíbrio e mantinha um pequeno ângulo de afastamento entre elas, o que dificultaria a agilidade em seus movimentos.
Uma coisa, porém, me deixava irrequieto. Ele não me atacava. Nem sequer esboçava qualquer reação. Seu rosto não tinha expressão e seu corpo estava quase enregelado. Isso me fez oscilar em relação à tática de contra-ataque.
Como ele não me atacava, decidi atacar primeiro.
Com o intuito de ver sua reação, assim que chegasse perto o suficiente para ver a postura que assumiria, se de defesa ou ataque, eu abortaria a investida.
Então, parti.
Ele não se moveu, pelo contrário, manteve-se na mesma posição.
Hesitei.
Continuaria com a mesma estratégia ou aproveitaria a oportunidade?
Decidi atacar, pois estava perto o suficiente para subjuga-lo em apenas um movimento sem que ele tivesse tempo ou espaço suficiente para sair ileso. Além do mais, dificilmente ele conseguiria se livrar com aquela postura tão negligente.
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O Descendente de Anur - Usuário do Fogo
Fantasia#1 Lugar em Fantasia em Os Tops do Ano 2017 Balrók, o Caçador, montado em seu leão de fogo juntamente com mais sete cavaleiros negros invadem o pequeno vilarejo de Nanduque em busca de um grupo de rebeldes fugitivos. Um comerciante local, o tapeceir...