— Qual o interesse de Pantanus em nos ajudar? — perguntou Mainz sem floreios assim que acabou de comer.
Na velocidade de um raio ao atravessar o céu de uma extremidade a outra, o clima de paz e calmaria foi dissipado dando lugar à tensão novamente.
— Isso eu não posso te dizer — respondeu Curupira e continuou depressa mediante ao semblante de desaprovação do velho guerreiro: — Não por não querer, mas por não saber — revelou.
— De todo jeito Pantanus sabe a respeito da guerra que se aproxima — afirmou Mainz. — O fato do grande Ser Vivente da Terra estar nos ajudando significa que ele já tomou o seu partido — concluiu.
Uma guerra que se aproxima? Como assim uma guerra?
Fiquei um pouco chocado em saber disso. Será que tem a ver comigo?
— Pode ser que sim... Mas também pode ser que não. Todos sabemos que em eventos passados os homens buscaram a ajuda dos Seres Viventes, mas estes sempre se demonstraram imparciais em relação às guerras dos homens, com raras exceções, é claro — explicou Curupira demonstrando bastante conhecimento a respeito dos quatro seres viventes.
— E nas poucas vezes em que se envolveram, isso só aconteceu por que os eventos envolviam forças além da nossa compreensão — esclareceu Leo. — Como no caso em que o Dragão Vermelho fora dominado pelo próprio Zaitã, que mesmo após seu banimento, encontrou uma forma de interferir em nosso mundo.
Isso foi na luta entre Raen, O Grande e o Grande Dragão Vermelho, lembrei das histórias que sempre ouvia quando criança. Sempre achei que esta história não passava de uma lenda, mas agora, percebi que estava enganado.
— Foi quando o Ser Vivente do Ar decidiu ajudar o grande Raen, afinal, Zaitã tinha como objetivo trazer os errantes de seu banimento e criar um exército indestrutível que dominaria todo o mundo — completei sentindo certa satisfação.
— Exatamente — concordou Curupira. — No entanto, os seres viventes não irão interferir nas vaidosas e inúteis guerras dos homens sem nenhum motivo — advertiu meneando a cabeça.
Todos ficamos em silêncio diante de tal afirmação. Mainz pareceu engolir a seco as palavras do Curupira.
— Mesmo assim isso não explica o fato de que Pantanus está nos ajudando — afirmei, mas em tom interrogativo. — Algum interesse ele tem em nos ajudar...
— E você logo saberá, Ravel — assegurou Curupira encarando-me com olhar penetrante.
— Como assim eu logo saberei? — indaguei.
Despretensiosamente o Curupira apenas arqueou as sobrancelhas e espremeu os lábios ignorando completamente a minha pergunta.
Até ele sabe coisas a respeito de mim que eu mesmo não sei?, questionei-me. Sabendo que ele não me diria nada, respirei fundo e contentei-me.
Decidi mudar de estratégia.
— Mas sobre que guerra vocês estão falando? — perguntei tentando garimpar alguma informação que me arrancaria da total ignorância.
— Por causa da atitude egoísta de alguns — começou a dizer Curupira em tom moderado olhando para o Mainz —, o Império, juntamente com AnToren e MinasToren, muito em breve, irão marchar para o sul, para AzToren, único reino que se opôs ao império desde o começo. Tarus acredita que AzToren virou uma base de operações dos rebeldes e lá, com a proteção do Rei do Sul, escondem algo precioso, que o imperador há muito deseja recuperar.
Leo arregalou os olhos diante da afirmação do Curupira e mirou meu pai de soslaio observando qual seria sua reação. Mas o velho guerreiro apenas semi-cerrou os olhos e mordiscou os lábios, sem pronunciar uma única palavra.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Descendente de Anur - Usuário do Fogo
Фэнтези#1 Lugar em Fantasia em Os Tops do Ano 2017 Balrók, o Caçador, montado em seu leão de fogo juntamente com mais sete cavaleiros negros invadem o pequeno vilarejo de Nanduque em busca de um grupo de rebeldes fugitivos. Um comerciante local, o tapeceir...