Dissimulando

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Com as emoções suprimidas, instintivamente desembainhei a espada preparando-me para o eminente combate.

Os músculos retesados, porém não potencializados. A percepção inflamada na audição captando cada um dos movimentos dos perseguidores que espreitavam sorrateiramente em nosso encalço.

— Fique atento, Leo — adverti. Imediatamente ele brandiu sua espada em uma postura desajeitada. — Eles são sete!

De uma só vez os inimigos avançaram diminuindo o círculo que nos distava deles. Não demorou e as sete silhuetas surgiram entremeadas pelo capinzal alto.

— Ora, ora — adiantou-se um deles, que parecia ser o líder. — O que temos aqui? — disse o homenzarrão cerdoso com uma voz grave e rouca ao mesmo tempo.

Todos carregavam um facão de médio porte e um machado preso nos lombos por uma cinta de couro.

Preparado para atacar fiquei completamente desnorteado ao ver o desleixo do Leo assim que avistou os homens. Ele deixou o semblante aliviar e soltou uma bufadela fazendo ar de surpresa.

— Ah... — ciciou. — Então são vocês? — falou e cerrou a espada dentro da bainha numa atitude calma.

Imediatamente os invasores demonstraram-se perplexos. Suas faces revelando confusão. Todos olharam hesitantes para aquele que nos dirigira a palavra anteriormente.

— Quem são vocês? — perguntou com rispidez o mesmo homem com aspecto desconfiado. — O que estão fazendo aqui a essa hora da madrugada? — emendou antes que houvesse oportunidade de resposta.

— São eles, Dom! — atestou outro homem que estava atrás de mim. — Veja as espadas... São eles mesmo, Dom!

Imediatamente todos apontaram seus facões em nossa direção.

— É... são eles mesmo, Dom! — concordavam os outros. 

— Não eram quatro? — disse outro, apontando com o dedo.

— Bem — disse Leo. — Não sei por quem estão procurando, mas definitivamente não somos nós.

Como não?, perguntei para mim mesmo sem entender a reação do Leo. 

Ele abriu bem as mãos mostrando as palmas para frente e depois meteu uma delas pela gola da camisa. De dentro do peito puxou um medalhão redondo que parecia ser de pedra entelhada.

Os homens observavam desconfiados olhando uns para os outros e dirigindo-nos olhares circunspectos.

— Veja! — disse Leo, com expressão tranquila, oferecendo com a mão o medalhão para o homem. 

O grandalhão aproximou-se com suspeição, olhando para seus comparsas e segurando firme o facão apontando-o para a cabeça do Leo. 

Assim que ele se aproximou, fiz menção de atacá-lo, mas o Leo me deteve com um aceno de mão.

O homem de cabelos assanhados e corpo peludo conferiu o medalhão em sua mão sem tirá-lo do pescoço do Leo. Com feição arguta ele observou a frente e depois o verso do objeto. Imediatamente arregalou os olhos, transparecendo-se desconcertado.

Todos demonstraram-se vacilantes perante a reação do homem.

— Oh, senhor! — disse Dom com fisionomia aliviada dando dois passos para trás. — Queira me perdoar. Não queríamos assustá-los. — Ele abaixou o facão e curvou levemente o corpo fazendo uma reverência desengonçada.

Seus companheiros fizeram o mesmo.

Com a postura ereta e o queixo levantado, Leo fez um aceno de mão rechaçando o aparente inconveniente.

O Descendente de Anur - Usuário do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora