O Lendário Guerreiro do Clã das Árvores

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Tautos apoiou-se sobre o bastão com aquela velha postura relaxada. Seu ar debochado era quase um insulto aos adversários.

Os três homens destacaram-se à frente, enquanto o careca e a mulher das adagas esperaram mais atrás.

Três contra um. Porquê Tautos não permite que meu pai o ajude? E essa postura displicente, isso não é um treinamento!, pensei.

— Tô vendo que não é tão esperto assim — esfuziou o homem que estava no meio.

Todos os três desmontaram juntos, mas quando os dois comparsas foram pegar suas armas, o homem de barbas desgrenhadas levantou a mão direita para trás e disse:

— Não. Eu cuido disso sozinho. — O homem sacou a espada por sobre os ombros e a apontou para Tautos. — Não diga que não avisei! — garantiu com argúcia.

Meus olhos foram de um para o outro. Embora o homem fosse alto, meu tio era quase uma cabeça maior que ele. Eles se encararam por um instante. O mercenário pareceu hesitar ao olhar para a enorme montanha à sua frente.

Tautos não parecia se divertir com aquilo, mas também não demonstrava o contrário.

O homem brandiu sua espada e preparou-se para o ataque. A lâmina larga e encurvada dava impressão de imponência.

Subitamente o homem disparou em direção a Tautos. Seus olhos ferozes espremidos numa carranca que dava medo.

A espada empunhada com as duas mãos atrás da cabeça.

A lâmina desceu rápida e pesada com aparência destruidora. Segundos depois um estalido seco se propagou pelo ar. O estampido foi tão agudo que precisei fechar os olhos.

O golpe foi parado pelo bastão de madeira em um grande contraste. O homem olhou surpreso para o bastão. Tautos segurando-o apenas com uma das mãos.

Como um bastão tão fino não se rompeu com um ataque tão forte?, perguntei para mim mesmo, curioso!

O mercenário levantou a espada e desferiu outro golpe em diagonal, de cima para baixo, da direita para a esquerda. Meu tio girou graciosamente sobre seu próprio eixo movendo-se pelo flanco direito do adversário. Sem muito esforço, Tautos desferiu um golpe com o bastão nas costas do homem, próximo à nuca.

A queda foi feia. De cara no chão. Os outros homens pareciam não acreditar no que estavam vendo. Eles olharam para o homem do facão e depois para Tautos. Em seguida, por cima dos ombros, olharam para o careca de túnica amarela que demonstrara-se impaciente.

Ainda no chão, o mercenário estendeu as mãos até a empunhadura da espada que tinha caído logo à frente. Agarrando-a, levantou-se vagarosamente ainda tonto. A cara cheia de terra presa aos pelos da barba.

Levou a mão esquerda até a nuca e depois conferiu com os olhos. Cuspiu terra pela boca. Um brilho vermelho no lábio inferior escorrendo pela barba. O homem passou a mão sobre a boca e conferiu com os olhos. Sua fúria pareceu acender-se assim que viu o sangue.

Ainda com postura desleixada, Tautos segurou o bastão usando-o como bengala com a ponta tocando o chão como apoio. Ele deu um risinho enquanto esperava o homem se recompor.

Os adversários pareciam não acreditar. Eu mesmo estava perplexo. Começava a acreditar que as histórias sobre o lendário guerreiro do clã das árvores realmente eram verdadeiras.

— Quer desistir? — Tautos falou com certa bravata. — Última chance! — concluiu com um sorriso provocativo.

Com o semblante carregado o homem agitou a mão sobre o rosto para tirar a poeira presa e depois cuspiu um punhado de terra. Coçou os olhos marejados e fulminou Tautos com o olhar.

O Descendente de Anur - Usuário do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora