Estávamos cercados pelo contingente inimigo. Meu pai, de frente para o cavaleiro vermelho montado sobre a besta do fogo, protegia o flanco esquerdo. Do lado oposto estávamos Curupira e eu. Os demais animais convocados pelo Guardião da Floresta se espalharam e sumiram de vista ao comando de seu capitão.Sem hesitar, Curupira avançou em direção aos naelins e fez sinal para que eu o seguisse. Mesmo sem compreender a atitude que parecia irracional, segui-o sem objeções.
Os naelins se prepararam para a batalha, entretanto, assim que nos aproximamos o suficiente, o Curupira fez uma leve curva desviando-se da direção dos gigantes e embrenhou-se floresta adentro. Continuei atrás dele e, ao olhar para trás, percebi que os naelins fizeram o mesmo. Compreendi que sua intenção era a de enfrentar os naelins isoladamente e sem interferências dos demais inimigos. Isso me deixou bastante animado, pois, embora a criaturinha parecesse frágil e aparentasse proporções bastante exíguas, certamente ele deveria ter um grande plano.
Assim que saímos do cerco inimigo, pude escutar os sons da escaramuça floresta adentro. O tilintar de metais se chocando e o chilreio dos animais denotavam a intensidade da batalha. Pensei no Leo e em meu pai. Uma pontada no coração ardeu dolorida. Eles ficarão bem, desejei.
Neste exato momento identifiquei três corpanzis aproximando-se em nosso encalço desviando-se de troncos e arbustos.
Curupira avançou mais alguns metros e depois parou no meio de uma pequena clareira. O local era ideal para uma batalha corpo a corpo, já que a abertura plana melhoraria o nosso campo de visão. Assim que parou, o pequenino virou-se como quem esperasse pelos naelins que seguiam-nos pela retaguarda.
Antes, porém, que eu pudesse raciocinar, um Turin montado num chacal enraivecido saiu por entre as árvores e se projetou contra o Curupira pelo flanco direito com impressionante velocidade.
- Cuidado! - gritei em advertência.
Sem se virar ou demonstrar preocupação, o pequenino de cabelos vermelhos continuou estático, como se nada estivesse acontecendo.
Brandi minha espada já preparado para me lançar contra o inimigo, mas fui surpreendido antes disso.
Um vulto escuro puxou o guerreiro negro arrebatando-o e ocultando-o entre as folhas das copas das árvores. O chacal ainda continuou avançando sozinho, mas antes que alcançasse o Curupira foi interceptado pelo ataque de uma onça feroz que num único e preciso pulo fincou suas enormes presas no pescoço do canídeo imobilizando-o contra o chão.
Segundos depois ouviu-se um grito vindo do alto. Mais alguns segundos e o corpo inerte do cavaleiro despencou sem vida de cima de um alto galho espatifando-se no chão.
Ainda sem se virar, o Curupira olhava com bastante ira para as três enormes silhuetas à sua frente. Ao seu lado direito, estremeci quando percebi que cada um dos naelins eram tão robustos quanto os troncos das árvores que nos ladeavam.
- Tenham cuidado com a criança da espada flamejante - advertiu o do meio com a típica voz roufenha dos naelins. - Ele é o herdeiro do dragão, o usuário da chama sagrada. Foi ele quem destruiu o mestre Balrók e Kanton. - Neste mesmo momento os outros dois pareceram estremecer demonstrando-se intimidados com a constatação. - Nossa ordem é capturá-lo vivo - finalizou.
Ele era pouca coisa menor do que os outros dois e estava vestindo calças escuras enquanto duas tiras de couro cruzavam seu peito. Uma única muda de cabelo saia do centro de sua cabeça nua semelhante ao rabo de um cavalo.
Os outros dois vestiam-se igualmente, com botas até as canelas, um tapa sexo de couro escuro e ombreiras que se prendiam em uma faixa que atravessa-lhes o peitoral. Ambos tinham a cabeça completamente lisa com pequenas protuberâncias pontudas envolta parecendo pequenos chifres.
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O Descendente de Anur - Usuário do Fogo
Fantasy#1 Lugar em Fantasia em Os Tops do Ano 2017 Balrók, o Caçador, montado em seu leão de fogo juntamente com mais sete cavaleiros negros invadem o pequeno vilarejo de Nanduque em busca de um grupo de rebeldes fugitivos. Um comerciante local, o tapeceir...