Fugir ou Lutar?

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Papai saltou de sobre a rocha em um movimento veloz e preciso.

Eu o acompanhei tentando seguir seu ritmo com bastante dificuldade.

Notei que por algum motivo, saí do modo de utilização do keer.

Deve ser porque perdi a concentração!, compreendi.

Passamos pelo fraguedo de rochas escorregadias e cortamos através de um caminho em meio às árvores.

De repente percebi duas silhuetas correndo ao nosso encontro no espaço onde esticava-se uma vasta planície coberta pela grama verde já próximo à nossa casa.

Papai os encontrou primeiro e eu cheguei logo em seguida.

Leo e mamãe demonstravam bastante aflição.

— Quantos eles são? — perguntou papai sem rodeios. Seu semblante estava sério e seus olhos concentrados.

— Mais de vinte e menos de vinte e cinco — respondeu Leo com o semblante bastante assustado. - Não posso confirmar com precisão.

— Quem está no comando? — interrogou papai.

— Uma mulher... — falou Leo e hesitou por alguns segundos — Magra, cabelos vermelhos e compridos.

— Alizah, o Raio de Zain — afirmou papai pausadamente em tom reflexivo.

Depois de ouvir essas palavras, mamãe arregalou os olhos e levou as duas mãos até a boca.

Ao perceber o aspecto lúrido do Leo que calara-se como se tivesse algo mais a dizer, mas sem encontrar as palavras certas, papai indagou:

— Algo mais que não tenha dito, Leokus?

Visivelmente conturbado e com os olhos desfocados, Leo passou a palma da mão direita pelo rosto como se tentasse remover a nuvem que ofuscava sua mente e então prosseguiu:

— Ela tem um dragão de valke — ciciou em tom lamurioso. — Aquelas chamas amarelas... — continuou o lamento e deixou a voz morrer num silêncio lúgrube.

Ao ouvir as palavras do Leo e reparar em seu semblante, o rosto de meu pai crispou-se numa expressão tensa.

— Então ela finalmente conseguiu — murmurou papai em tom baixo.

— O que vamos fazer? — indagou minha mãe com aspecto bastante conturbado.

Eu nunca tinha visto ela tão aflita daquela maneira. Seus olhos estavam arregalados e sua fisionomia carregada.

Fosse o que fosse, para ser capaz de tirar a paz de minha mãe deveria ser algo realmente muito sério.

— Temos que fugir — bramou Leo aparentemente preocupado.

— Isso não será possível — declarou papai com voz firme. — Não é um simples ataque. O número deles sugere que tudo isso foi minuciosamente planejado. Alizah é uma caçadora nata e uma grande estrategista... E agora ela é a mestra de um dragão amarelo!

Papai terminou essas palavras e deixou o olhar se perder como se buscasse na mente alternativas.

— Ela sabe que não podemos fugir — prosseguiu papai — , por isso, seu primeiro ataque foi uma demonstração de força e superioridade. O fogo é um sinal para mim. Para que eu saiba que o império está por trás de tudo isso."

Meu pai levou a mão direita até o queixo e começou a coçar os fios da barba vagarosamente.

Ele provavelmente estava criando uma estratégia.

O Descendente de Anur - Usuário do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora