A chama vermelha iluminava a noite escura. Desta vez, a majestosa lua viera sozinha sem a companhia de suas miríades sentinelas luminosas.
O cenho do velho guerreiro estava carregado, demonstrando aparente desconforto. Talvez, não fosse um simples desconforto, mas a sensação de pesar ao pressentir o que nos aguardava nas próximas horas. Objetivo, sabia que tinha pouco tempo para passar o máximo de conhecimento que pudesse, por isso, ignorou a fome, o cansaço e a alta noite que avançava velozmente.
— Agora, extinga as chamas — ordenou com dificuldades de olhar-me nos olhos por causa do fulgor do fogo.
— Como faço isso?
— O elemento conjurado pelo ON funciona como uma espécie de extensão do seu próprio corpo — falou e estendeu a mão direita para frente. — Você tem total controle sobre as chamas, podendo inflamar — disse e o metal prateado emergiu por entre seus dedos em uma massa disforme — ou extinguir conforme a sua vontade. — No mesmo instante a forma prateada desapareceu sem deixar vestígios.
Imediatamente cravei meus olhos na espada e concentrei-me apenas nas chamas. Fiquei impressionado ao constatar o que meu pai havia dito. Ainda sem poder explicar como, pude sentir as chamas como se fossem um prolongamento do meu próprio braço.
Mas como poderei extingui-las?
Um estalo brotou na mente trazendo consigo a ideia clara do que precisava ser feito. Então, análogo a forma de aflorar e atenuar os sentidos, fui abrandando as labaredas que começaram a murchar paulatinamente até o fogo extinguir-se por completo.
As chamas do fogo apagaram-se e a escuridão da noite sobrepôs-se deixando-nos apenas o breu como companhia. A caligem só não era completa devido a uma débil e resiliente luz lunar que teimava resoluta em traspassar as nuvens.
— Muito bom — disse papai e aproximou-se novamente fitando-me nos olhos. — Você entendeu agora porque precisou da espada?
Permaneci calado, sem resposta.
— Entendo — assinalou diante do meu silêncio. — Bom, o ON é uma conexão entre o elemento de dentro com o elemento de fora. Você não cria ou produz o elemento a partir do nada, apenas, o controla. Por exemplo...
Ele estendeu mais uma vez a mão e um filete de metal começou a emergir até tornar-se uma lâmina. Em seguida, logo depois contrair um pouco os dedos, a lâmina condensou-se em uma esfera e na sequência começou a girar ainda em contato com a palma da mão.
— Veja, eu posso controlar o elemento conforme minha vontade, fazendo que ele assuma a forma, tamanho ou espessura que eu desejar. Mas eu só posso fazer isso por estar em contato direto com um elemento que existe em grandes proporções dentro do meu próprio sangue. Assim — disse e fechou a mão fazendo o metal desaparecer mais uma vez —, só é possível manipular um elemento se você estiver em contato com ele.
— Mas porque eu precisei da espada? Quer dizer... — falei e olhei para as mãos dele. — O senhor consegue conjurar o metal mesmo sem ter qualquer metal por perto. Isso não é produzir o elemento a partir do nada?
Ele balançou a cabeça em negação.
— Eu não produzi. Apenas extraí! — falou e arqueou as sobrancelhas levantando um pouco o queixo. — Como disse antes, só podemos manipular elementos de acordo com a herança de sangue. O elemento em maior quantidade dentro do meu sangue é o ferro, por isso, como tenho esse elemento em abundância dentro do meu próprio corpo, consigo extraí-lo. Primeiro, eu agrupo todo o ferro possível dentro de mim usando o EN, depois eu o conjuro utilizando ON — explicou.
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O Descendente de Anur - Usuário do Fogo
Fantasi#1 Lugar em Fantasia em Os Tops do Ano 2017 Balrók, o Caçador, montado em seu leão de fogo juntamente com mais sete cavaleiros negros invadem o pequeno vilarejo de Nanduque em busca de um grupo de rebeldes fugitivos. Um comerciante local, o tapeceir...