O Despertar

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Dedico esse capítulo às irmãs gêmeas cristiana_mattos e cristinna_mattos. Feliz aniversário 👏👏👏

Ao me deparar com as palavras de conjuração, fui inflamado por uma sensação que jamais experimentara. Era quente, abrasadora, como se meu próprio corpo estivesse em chamas.

Com uma confiança descomunal, abri os meus olhos e encarei o gigante face a face.

Seus olhos negros como noite sem luar, seus dentes pontiagudos quais lanças que pareciam prontas a dilacerar a minha carne e seu colossal aspecto horripilante, não me causavam mais medo.

Eu cerrei os punhos com força apertando o cabo da aaori flamejante que ainda estava em minha mão esquerda.

O naelin parecia pronto a me devorar como um rato, mas ele jamais poderia imaginar o que aconteceria na sequência.

O hálito podre somava-se ao cheiro de carne morta de sua pele causando-me nojo e repulsa por aquele ser asqueroso.

O coração acelerado numa batida célere, porém, ritmada. 

— Você irá sangrar — afirmei. Minha voz saiu entrecortada devido ao estrangulamento, mas transmitiu confiança.

Ele riu. Seu riso acendeu ainda mais a minha ira.

— E como fará isso, moleque? — questionou revelando uma nota de sarcasmo no tom e aumentou a pressão sobre o meu pescoço.

Eloi... — proferi com dificuldade em decorrência do estrangulamento ignorando completamente a sua pergunta.

— O que um sensorial poderá fazer para se livrar das minhas mãos? — perguntou ele desdenhosamente diante da iniciação da minha conjuração.

Keer... — continuei sem dar ouvidos às provocações concentrado ao máximo em abrir o quarto portal.

— Vamos ver se consegue continuar — Apertou ainda mais o punho sobre minha garganta tentando obstruir por completo a passagem de ar a fim de impedir a conclusão do conjuro.

Meu corpo inteiro tremia. Sem dúvidas, o motivo principal se dava pela grande cólera que permeava todos os meus membros, mas em especial, posso dizer que era em decorrência da expectativa sobre o que eu encontraria do outro lado do portal.

Determinado a ir até o fim, usei todas as forças que ainda me restavam para pronunciar as duas últimas palavras que faltavam.

O ar forçou pela estreita passagem comprimindo-se ao máximo, até que rompeu do outro lado. A voz saiu exígua e aguda, porém, foi o suficiente para ativar a conjuração.

OLIMENTUS NOMOS! — conjurei. As palavras saíram nítidas após atravessarem o funil compressor causado pelos dedos do naelin até chegarem ao outro lado, onde, em liberdade, ecoaram carregadas pelo vento.

Algo surpreendente aconteceu. Era como se um poder oculto trancafiado dentro de mim houvesse finalmente despertado.

A expressão do gigante passou de aterrorizante para aterrorizada. Seus olhos negros cravaram em minha mão esquerda como se contemplassem a própria assombração. Um ar de espanto tomou conta de sua fisionomia. A face pálida do naelin pareceu congelar diante do que via.

Pude ver através de seus olhos o tremeluzir de um brilho vermelho forte e cintilante.

Então, ergui a mão que segurava o sabre na altura dos meus olhos e também fiquei perplexo. A lâmina flamejante estava envolta por um fogo rubro e luminoso. 

O Descendente de Anur - Usuário do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora