—... Animados com a pujante vitória de seu companheiro, os outros homens enfurecidos ganharam novas forças.
Shep elevou o volume da voz tirando-me do mundo da imaginação.
Voltei meus olhos novamente ao tapeceiro que continuava a história aumentando a velocidade e a entonação de sua voz.
—... A batalha parecia que ganharia novo rumo, quando, ao comando de seu mestre, o qual com sua mão esquerda fazia gestos que pareciam ser minuciosamente treinados, a Besta rugiu com tal ferocidade, que pareceu estremecer o chão de pedras debaixo de nossos pés.
"Em seguida o leão de cor esfogueada inclinou-se para frente com sua cabeça e cuspiu uma rajada de fogo engolindo uns quatro ou cinco homens de uma só vez queimando-os até a morte.
"...Certamente, se eu não tivesse visto o que vi, talvez não acreditaria se me contassem — disse e veio à frente, próximo ao fogo estendendo as duas mãos em direção às chamas. —... Eu fiquei sem reação, completamente imóvel enquanto o fogo os consumia — concluiu deixando a voz morrer num silêncio lamurioso.
Mamãe já havia me contado a história das Bestas guardiãs de Anur, criadas pelos quatro seres viventes. Também sabia que há séculos elas haviam sumido de Toren e que ninguém sabia o real motivo.
Se a figura do Balrók já era de causar espanto, imagine um leão de fogo gigante?
Imagine os dois juntos?
— E o que aconteceu depois? — perguntou Leo de forma inesperada dissipando o silêncio.
— Outros três homens — continuou o tapeceiro para o alívio do Leo —, aparentemente apavorados, lançaram-se contra a fera, mas antes que pudessem alcançá-la, foram surpreendidos pela espada flamejante de Balrók, que com pouco esforço, sorria de forma sagaz e maliciosa ao rasgar suas carnes.
"... Havia dezenas de corpos estirados pelo chão...
A voz do tapeceiro saiu embargada como uma chama perto de extinguir-se.
Visivelmente emocionado, o velho contador lutava para continuar a história.
— ...Membros despedaçados e um amontoado de carne humana carbonizada compunham o cenário da calamidade.
"Vencidos, os homens que conseguiram sobreviver ao massacre começaram a fugir. Todavia, pareceu-lhes um esforço vão, pois o cheiro de sangue e vapor de morte eram bons companheiros do Cavaleiro de Fogo.
"Como um predador faminto em busca de sua presa, Balrók perseguia o já disperso grupo de homens despedaçando-os ao meio com sua lâmina mortal."
O semblante do tapeceiro estava pálido, languido.
Seus olhos murcharam desfocados provavelmente presos às imagens de suas memórias.
De alguma forma relembrar aqueles eventos passados causavam dor ao velho contador. Era como se ele estivesse vivenciando tudo aquilo novamente.
O Sr. Loan roía as unhas revelando aflição.
Ao meu lado, Leo estava sentado com os dois cotovelos apoiando-se nos joelhos. O pé esquerdo com a sola por inteiro tocando o chão e o pé direito apoiado apenas pela ponta dos dedos fazendo com que sua perna toda tremesse sem parar.
Eu também estava com um nó apertado no peito, mas precisava ouvir toda a história.
Inesperadamente, o tapeceiro exclamou em alta voz dando-nos um susto:
— "Matem todos", ordenava ele a seus subordinados insistindo para que ninguém escapasse.
" ...Exceto Mainz, Lorde Cazel o quer vivo."
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O Descendente de Anur - Usuário do Fogo
Fantasy#1 Lugar em Fantasia em Os Tops do Ano 2017 Balrók, o Caçador, montado em seu leão de fogo juntamente com mais sete cavaleiros negros invadem o pequeno vilarejo de Nanduque em busca de um grupo de rebeldes fugitivos. Um comerciante local, o tapeceir...