Eu fiquei tão concentrado ao observar a luta entre meu pai e os outros inimigos, que acabei esquecendo do naelin.
Ele estava a poucos metros a frente, com um dos olhos completamente inutilizado. Certamente isso dificultaria as coisas para o grandalhão.
Obrigado Leo!, agradeci assim que vi o dano causado ao inimigo.
Certo, mas agora o que eu posso fazer?
As mesmas dúvidas de outrora assolaram-me novamente enquanto eu observava atentamente meu adversário.
Então, uma luz clareou em minha mente quando, enquanto encarava a fera em minha mente, observei algo que poderia colocar o rumo desta batalha ao meu favor.
O outro olho!, pensei. Ele não poderá fazer muita coisa se não puder enxergar.
O ataque surpreendente do Leo, além de causar dano significativo na até então intransponível defesa do gigante de três metros, também me trouxe uma nova perspectiva de estratégia para o combate.
Sem titubear empunhei minha aaori flamejante com apurada determinação e parti para o ataque. A diferença era que agora eu tinha um plano.
De alguma forma precisava inutilizar o outro olho do humanoide colossal à minha frente. Eu sabia que isso me daria enorme vantagem no duelo, pois, se por um lado não causasse dano o suficiente para derrotar o inimigo, por outro o deixaria quase inofensivo. Isso por si só já estaria de bom tamanho.
Assim, consciente do que precisava fazer, avancei em direção ao gigante com minha espada apontada para frente como se mirasse o alvo.
Fui obrigado a me desviar passando por baixo do punho do adversário que com grande força se projetava pelo ar ao meu encontro.
Aproveitando que seu flanco direito ficara desprotegido, desferi um golpe com a lâmina flamejante que deslisou pela carne pálida do naelin da mesma forma como uma faca quente traspassa um tablete de manteiga.
— ARRRGH — proferiu ele assim que a lâmina rasgou sua carne.
No mesmo instante o gigante curvou-se lateralmente como se uma dor terrivelmente profunda penetrasse seu corpo através daquele corte.
Rapidamente ele se virou para mim e arregalou o único olho que restava fixando-o em minha espada.
Sua expressão se confundiu um pouco. Em seguida ele entrevou a testa como se estivesse pensando e no segundo seguinte sua fisionomia pareceu demonstrar medo.
— Onde você conseguiu essa espada, garoto? — Sua voz era horripilante, semelhante ao ranger de uma árvore velha quando cai.
Eu olhei para a minha própria espada, também confuso e depois compreendi.
Fogo! A espada de alguma forma tem relação com o fogo, por isso ela pôde feri-lo!
Compreendendo que o naelin de alguma forma poderia ser ferido por aquele tipo de metal, usei o medo dele contra ele mesmo.
— Então você já percebeu! — falei em tom ameaçador tentando demonstrar certa argúcia e dei dois giros com a espada enquanto a olhava. O pior é que eu não tinha certeza se minha tese sobre a espada estava certa. Mas de uma coisa eu sabia, o naelin estava com medo e eu precisava usar isso ao meu favor se quisesse prevalecer na batalha.
Com os dentes entrecruzados para fora da boca e expressão séria, o inimigo levou a mão até seu ferimento e depois trouxe de volta em frente aos olhos.
Uma pequena mancha carmesim brilhou por entre seus dedos. Ao vê-la, a expressão do naelin foi se crispando lampejando à raiva e ódio mortais.
Voltei a sentir calafrios por todo o corpo quando o inimigo me encarou. A sensação que tive no momento foi como se aqueles enormes dentes pudessem triturar-me a qualquer instante.
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O Descendente de Anur - Usuário do Fogo
Fantasía#1 Lugar em Fantasia em Os Tops do Ano 2017 Balrók, o Caçador, montado em seu leão de fogo juntamente com mais sete cavaleiros negros invadem o pequeno vilarejo de Nanduque em busca de um grupo de rebeldes fugitivos. Um comerciante local, o tapeceir...