Ao perceber-se exposto, o velho guerreiro imediatamente desviou o olhar. As maçãs de seu rosto estavam levemente ruborizadas. Aquilo foi bem estranho de ver.
Leo chegou logo em seguida impedindo-nos de continuar aquele assunto. Mesmo assim eu não me senti frustrado com aquilo. Depois da conversa com o Curupira e das declarações de papai eu já não estava mais no escuro. É claro que ainda muita coisa devia ser esclarecida, mas, por ora, eu estava satisfeito. Tinha feito um grande progresso nos últimos dias.
Papai voltou à mesma postura de antes e relaxou recostado sobre o tronco da árvore. Leo, assim que chegou, vendo que o velho estava de olhos fechados, fez sinal com as sobrancelhas como quem perguntasse "e aí?", eu apenas acenei positivamente com a cabeça em retribuição.
Continuamos ali, até que cochilássemos sobre a agradável proteção da sombra, que se oferecia como refúgio aos fustigantes raios solares.
— Acordem! — A voz grave e firme despertou-nos da madorna.
Ao abrir os olhos, notei que papai estava sentado com as pernas cruzadas e sem camisa à minha frente.
— Ravel — começou a dizer —, não temos tempo a perder. Precisamos concluir o seu treinamento.
Animado, levantei-me rapidamente, tirei a camisa e sentei-me na habitual postura.
Leo também sentou-se de lado observando tudo. Papai pareceu não se importar com sua presença e prosseguiu sem pestanejar.
— Você sabe por que eu fiz aquele corte em sua mão? — perguntou.
— O senhor disse que era para melhorar a minha conexão — respondi. — Mas confesso que não entendi o significado disso.
Ele assentiu com a cabeça e começou a explicar:
— Através daquele corte eu criei uma possibilidade para que o seu sangue se conectasse diretamente ao cabo da espada. — Não é preciso dizer que não entendi bulhufas do que ele disse, preciso?
"O keer — prosseguiu —, tanto no EN como no ON funciona através de conexões. Veja bem — falou e estendeu a mão para frente. Mais uma vez o metal reluziu na palma de sua mão, só que desta vez não em formato esférico, mas como se fossem uma amálgama de vários filetes pontiagudos modelados semelhantemente a um cristal. — O que me permite manipular o metal? — Quis saber.
Sem resposta, apenas encolhi os ombros.
— É o sangue — revelou e continuou: — Eu pertenço a uma típica linhagem toreana, a linhagem dos basaltinos. Nós somos conhecidos por causa da nossa predisposição à manipulação dos metais. — Ele fechou a mão e a forma metálica imediatamente desapareceu junto.
"O que você precisa saber é que nosso dom está em nosso sangue — falou e levantou o dedo indicador.
Ele notou minha fisionomia reveladamente estranha àquele assunto e coçou levemente o queixo.
— Primeiro preciso informar que isso não ocorre de forma aleatória. Os basaltinos são descendentes do clã das rochas, que, por sua vez, descendem de Torquem, filho de Anur e primeiro herdeiro da Pedra da Terra.
"É bem simples de se compreender. Todos os usuários de elementos da Terra: seja areia, pedra, madeira ou metal, todos são descendentes de Torquem, cada um em sua especificidade, conforme a herança do sangue."
— Como assim herança do sangue? — questionei.
Em resposta, utilizando o dedo indicador direito, ele desenhou no chão de terra mais uma vez o círculo do keer e o quadrado dos elementos. Ambos, tanto o círculo do keer como o quadrado dos elementos com uma linha horizontal cortando a forma de cima pra baixo e a linha na vertical atravessando de um lado a outro.
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O Descendente de Anur - Usuário do Fogo
Fantasia#1 Lugar em Fantasia em Os Tops do Ano 2017 Balrók, o Caçador, montado em seu leão de fogo juntamente com mais sete cavaleiros negros invadem o pequeno vilarejo de Nanduque em busca de um grupo de rebeldes fugitivos. Um comerciante local, o tapeceir...