O Descendente de Anur - Usuário do Fogo

Doran

Por ser a principal cidade do norte, Doran é naturalmente muito movimentada. O fato é que devido ao grande feriado, a quantidade de pessoas na cidade era praticamente o triplo ou quadruplo do usual. Pessoas dos quatro reinos e até mesmo de outros continentes e nações dalém mar sempre prestigiam o tradicional festival de contação.

Outro ponto forte para atrair grandes multidões durante o feriado é a grande feira central, que sempre traz grande diversidade e variedade de mercadorias nesta época do ano.

O Dia dos Contos é bastante popular em toda Anur. O feriado é marcado por três dias de festa e intenso comércio, finalizando no quarto dia com a realização do grande festival de contação. A data comemorativa existe desde que o Reino de Toren foi reerguido com a queda do império de Aren a mais de dois séculos atrás.

Seu fundador foi o Rei Dakorin, o Grande, primeiro da linhagem dos Reis de Pedra e guardião da Pedra Uren da Terra. Após a libertação de Toren do domínio do império de Aren e do retorno dos toreanos dispersos por toda Anur ao continente de Toren, houve uma grande dificuldade em se reestruturar o Reino. Grande parte da população havia nascido em cativeiro e perdera o espírito patriótico.

Com o objetivo de recuperar a identidade dos povos e conquistar a lealdade e cooperação de todos toreanos, Dakorin decidiu estrategicamente fragmentar o poder em quatro reinos entregando-os aos principais clãs de Toren. O poder, então, fora dividido entre o clã das árvores, a oeste, o clã dos metais ao leste, o clã dos montanheses ao sul e, por fim, o clã de pedra, clã do próprio Dakorin, que seria o maior entre os quatro por ser o reino guardião da pedra do poder. A partir daí, Toren passou a ser governada por ArToren, MinasToren, AzToren e AnToren.

Feito isso, Dakorin, o Grande, instituiu o feriado do Dia dos Contos. O objetivo do feriado era bastante simples. Como o povo havia sido disperso ao redor de Anur e servido durante quase um século como escravos do império nas mais longínquas terras, nada melhor do que um festival de contação patrocinado pelos quatro reinos para reafirmar as tradições, lendas, folclore e feitos do povo toreano. Desta forma, o povo ouviria sua própria história e recobraria seu patriotismo. Essa fora uma estratégia brilhante, pois em apenas meio século, durante todo o reinado de Dakorin que durou quarenta e seis anos, Toren e suas quatro nações cresceu a ponto de se tornar um dos mais poderosos dos seis continentes.

De lá pra cá, no entanto, o grande feriado vem se descaracterizando com o passar do tempo sendo conduzido a um rumo completamente diferente do original de quando fora instituído.

Estando o reino reerguido e o patriotismo recuperado, o feriado tomou novas diretrizes restringindo-se a dois pontos principais: O político, através do qual os feitos, histórias e lendas dos povos são reproduzidos trazendo até certo ponto uma disputa entre os clãs pela supremacia política e cultural; o segundo ponto é o comercial, acima de tudo, favorável ao reino guardião.

O Dia dos Contos é o principal dia do ano para a economia de AnToren devido ao forte comércio. Primeiro pelo fato de que comerciantes, mercadores, mascates e todo tipo de vendedores ambulantes, como também de contadores e artistas dos quatro reinos, pagam pela licença de comércio para ter direito a negociar seus produtos ou expor sua arte; o outro é que gente do mundo todo, vem gastar seu dinheiro e seus recursos em AnToren, fazendo o capital econômico do reino guardião aumentar consideravelmente.

Com exceção dos jogos estivais na grande república em Oren Zotar, nada e nenhum evento reunia a quantidade de pessoas em um mesmo lugar como AnToren durante o feriado do Dia dos Contos.

Por volta das nove horas da manhã, nossa estrada empoeirada desembocou numa outra estrada mais larga e toda pavimentada de pedras semelhante a um rio branco que se estendia adiante de nós.