Capítulo 27

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O rosto de Barry estava todo machucado, com arranhões, cortes e um dos olhos estava roxo. Depois olhei para suas mãos e vi que sua mão esquerda tinha uma tala no polegar. Prendi a respiração por um segundo e arregalei meus olhos, apavorada.

- Senhorita Mitchell, pode entrar – ele disse com um sorriso.

Enquanto eu entrava na sala ele caminhou até sua mesa e reparei que ele estava mancando da perna direita. Quase entrei em pânico ao ver o homem pelo qual eu estava apaixonada naquele estado.

- Meu Deus! O que aconteceu com você? – perguntei afoita.

Ele se sentou em sua cadeira com dificuldade e me ofereceu a cadeira na frente da mesa dele.

- Então... – ele falou devagar – Eu sofri um pequeno... Acidente...

- Pequeno? Do jeito que você está, eu diria grande!

- Não se preocupe, não está tão ruim quanto parece...

Minha vontade era de abraçá-lo ali mesmo e cobri-lo de beijos para que se curasse logo, mas com a escola cheia de alunos e pais de alunos, o que incluía a minha própria mãe, seria um presságio de uma tragédia sem tamanho.

- O que houve? – perguntei ainda aflita.

Ele coçou a barba e sorriu sem jeito, parecendo estar envergonhado:

- Um babaca... Um babaca sem tamanho me... Deu uma fechada e eu caí da moto...

- Da moto? Meu Deus, isso foi quando?

- Sábado á tarde, quando eu voltei de Nova York... – ele se ajeitou com dificuldade na cadeira – Eu fui para a Pensilvânia, guardei os quadros, passei a noite no apartamento de Lou e voltei no sábado de manhã, conforme o planejado. Peguei a moto ainda com a carroceria do meu amigo e fui lá devolver. Quando estava voltando pra cá...

Ele parou e coçou a barba. Eu ouvia atentamente, morrendo de preocupação.

- Um carro me fechou perto de Racine e eu caí... Um outro motorista viu, parou pra me ajudar e chamou uma ambulância. Me levaram para Rochester, onde eu fiquei no hospital até agora de manhã. Saí de lá e vim pra cá.

- Por que você não me contou antes?

- Porque eu não queria te preocupar á toa, eu estava bem... Eu estou bem!

- Você disse que iria voltar segunda...

- O médico disse que me daria alta na segunda, mas como eles suspeitaram que eu estava com uma costela levemente fraturada – ele apontou para as costas – ele preferiu me segurar mais dois dias...

- Você devia ter me dito que estava hospitalizado! – falei em tom de briga.

- Se eu tivesse dito que sofri um acidente de moto e que estava internado num hospital em Rochester, o que você iria fazer? – ele me perguntou com seriedade.

- Eu iria pegar o carro na mesma hora e iria correndo pra lá! – respondi prontamente.

- Certo... E como você iria explicar seu desespero em ir até Rochester para ir cuidar de mim?

Realmente, falando daquele jeito, seria uma ideia estúpida. Fiquei muda, sem saber o que responder.

- Jullienne, meu bem, eu estou bem, sério! Não precisa se preocupar.

Ele me chamou de "meu bem" de novo...

- Me desculpe não ter falado nada, eu só não queria te deixar preocupada...

- Mas eu fiquei preocupada – rebati de imediato – você não falou onde estava, eu fiquei com medo de... Sei lá, qualquer coisa...

Ele sorriu aquele sorriso e tocou minha mão com delicadeza:

Uma Rosa Para BarryOnde histórias criam vida. Descubra agora