Prólogo

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Minha vida em Spring Valley sempre foi muito pacata. Também, em uma cidade com menos de três mil habitantes, que sequer tem um shopping Center ou um time profissional de nenhum esporte que seja, o que de muito interessante pode acontecer? Até o jornal da cidade não tem mais de seis páginas durante a semana e dez aos domingos, sendo que duas dessas páginas são de propaganda, uma com os eventos da semana e uma de classificados. Sinceramente nem perdia meu tempo lendo aquele jornal.

Como adolescente, preferia ler as revistas nacionalmente conhecidas, em especial as de moda e de fofoca. No auge dos meus dezessete anos, quase dezoito, nem meus livros escolares eu costumava ler, a não ser em época de prova, pois morria de medo de reprovar, especialmente no último ano do colégio. Assim que me formasse, pretendia me mudar para Los Angeles, Nova York, Chicago... Alguma grande cidade para finalmente ter uma vida de verdade, longe daquele interior morto e das flores coloridas, responsáveis pelo nome da cidade.

Meu namorado na época, Connor, vivia fazendo promessas de que, quando nos formássemos, ele me levaria para Nova York para começarmos uma vida nova, ele como músico e eu como jornalista. Eu amei aquela promessa de tal forma que até perdi minha virgindade com ele. Confesso que não gostei. Aliás, nunca gostei de transar com ele, mas namorávamos a mais de um ano, então aquilo havia virado uma rotina em minha vida.

Lembro que Amanda, minha melhor amiga naquele tempo, dizia que amava transar com Jeffrey, o namorado dela. Sempre que Jeff levava ela para algum lugar para transar, dia seguinte Mandy vinha correndo me contar com seu jeito afobado de ser.

- Jully, a gente foi até a cachoeira na divisa da cidade e transamos no meio das pedras! Ai, foi ótimo amiga!

Cachoeiras. Casa dos avôs dela. No carro dos pais dele. Não importa o lugar, ela sempre dizia que era ótimo e quase me matava de inveja.

Meus pais sabiam que eu não era mais virgem. Eles sempre conversaram muito comigo sobre sexo e me deixaram bastante à vontade para iniciar uma vida sexual. Claro que eles sempre pegaram muito no meu pé quando o assunto era gravidez, mas nunca eles tiveram qualquer receio concreto de que eu pudesse engravidar, mesmo porque eu sempre fui muito ajuizada.

Meu pai era caminhoneiro contratado de uma empresa grande que tinha sede em Rochester, a pouco mais de trinta quilometros de Spring Valley. Eu o via muito pouco, pois a maior parte do tempo ele estava na estrada, mas eu o amava muito! Sempre que ele podia ficar no fim de semana conosco em casa, a cada quinze dias, sempre nos divertíamos muito. Ele sempre foi o meu exemplo de homem!

Minha mãe trabalhava em um salão de beleza como manicure. Ela sempre ganhou muito pouco, mas gostava de trabalhar. Assim, ajudava com as despesas da casa e comprava roupas para mim quando eu precisava.

Eu tenho um irmão mais velho, Harry. Ele e sua esposa, Diane, moram em Chicago. Sempre que podiam eles iam passar uns dias com a gente. Normalmente era no final de ano, quando a gente se reunia para as festas, especialmente no dia de ação de graças. Ele tem quatro anos a mais que eu e sempre foi muito protetor, se preocupando muito comigo. Especialmente em relação ao Connor. Ele dizia que Connor não era um bom partido para mim.

Para ser sincera comigo mesma, eu acho que só estava com o Connor porque tinha a esperança de que ele fosse me proporcionar uma vida mais agitada do que apenas "escola / casa / parque/ lanchonete". Não que eu não gostasse de passar tempo com minha família e meus amigos, especialmente a maluca da Mandy, afinal meu irmão morava longe com a esposa dele e nos víamos e falávamos com freqüência. Eu só queria que minha vida ganhasse um pouco mais de animação.

Um dia, sem aviso prévio, ganhou.

Uma Rosa Para BarryOnde histórias criam vida. Descubra agora