Nosso Recomeço (Nova Versão)

36°

Rocco

Grávida...

Depois de escutar as palavras de Giovanna foi como se eu tivesse voltado no tempo com as lembranças ruins que passavam na minha cabeça.

Um filho...

Isso não saia da minha cabeça, as palavras de de Giovanna dizendo que estava grávida rondavam minha mente. Era como se passado e presente estivemos juntos.

Comecei a lembrar do dia em que desgracei minha vida, deixei a raiva, o ódio me dominar.

De repente parecia que a minha cabeça ia explodir de tanto eu pensar, me condenava e me julgava pelo que fiz.

Quando me dei conta, estava parado em frente da boca, não sei como cheguei tão rápido já que estava a pé. Sem perder tempo eu entrei indo direto pra minha sala.

— Tu não tinha ido embora, rapariga? — Guto perguntou parando na minha frente — Hoje tem baile.

— Vaza! — empurrei ele pra fora — Saí porra!

Fechei a porta, fui até uma das gavetas e peguei um saquinho de pó. Fazia um tempo que eu só fumava maconha, mas agora tô precisando de algo mais forte pra aliviar isso que tô sentindo.

Sentei e fiz quatro carreirinha, peguei uma nota e cheirei três, sem perder tempo.

Encostei a cabeça na cadeira e fechei os olhos, sentindo a leveza do bem estar agradável tomar conta do meu corpo.

Não sei quando tempo passou, mas escutei alguém abrir a porta.

— Saí, Guto! — falei ainda de olhos fechados — Vai tomar no cu em outro lugar!

Senti um tapa forte na minha cabeça, imediatamente abri os olhos levantando da cadeira, vi que era meu avô.

— Tu deveria sentir vergonha disso, Rocco. — pegou o saquinho e jogou longe.

Sentei de novo, apoiei as mãos na cabeça sentindo meu coração acelerado.

— Guto me contou. — ele disse e o encarei — Giovanna contou pra Adriana, ela contou pra Guto e ele me falou.

Bando de fofoqueiro.

— Porque você tá aqui se drogando em vez de tá com sua mulher?

— Eu sou um merda. — abaixei a cabeça.

— Tu vai ser pai Rocco. — sentou na minha frente — Deveria tá agindo como um, do lado de Giovanna dando apoio.

Peguei a nota e cheirei a última carreirinha de pó que ficou.

— O que aconteceu? — perguntou.

— Quando Giovanna me contou que tava grávida eu lembrei de tudo, lembrei daquele dia ela tentou me avisar que tava grávida...

— As duas situações são completamente diferentes, não confundi Giovanna com... — o interrompi.

— Tu não lembra o que eu fiz? — gritei — Aquele dia não sai da minha cabeça!

— Lembro sim, lembro de tudo. — disse com a voz calma — E você vir aqui e se drogar vai mudar o quê? Nada.

— Eu matei meu filho! — bati na mesa — O meu próprio filho!

Falar isso em voz alta me fudia, era como se eu tivesse voltado no tempo e tá de frente com aquela cena.

— Não fica se torturando.

— Não? Tu acha que eu me sinto como? Eu penso toda noite na merda que fiz! Deixei a raiva, o ódio tomar conta do meu corpo e pirei. Naquele dia... Eu bati tanto nela, tanto... ela perdeu o bebê!