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Giovanna

Virei pro lado e acabei dormindo, não me permitir pensar em mais nada! Pela noite anterior eu não ter conseguido dormir bem, juntou com o cansaço do trabalho e meu sono foi pesado.

Despertei em algum momento e tinha uma coberta em cima de mim, só então percebi que eu estava agarrada com alguém: Rocco. Ele também tava dormindo, mas agora eu sentia perfeitamente o perfume dele, enquanto seus braços tavam em volta da minha cintura.

Tá vendo... ele ainda falou que não era pra eu agarra-lo, mas foi ele quem me agarrou.
Eu deveria tirar tirar uma foto pra jogar na cara dele amanhã.

Mas não fiz isso.

Tirei o cabelo do meu rosto e olhei o celular do meu lado ainda com a lanterna ligada. Toco na e vejo que agora já se passava das duas da manhã, ainda estava sem energia.

Me afasto de Rocco lentamente, não queria acorda-lo, ele poderia ter ido dormir agora. Rocco não tinha ido embora nem mesmo depois que peguei no sono, tinha que dá um voto a mais a esse ogro, ele até que foi legal.

Puxo um pouco do cobertor e coloco em cima dele, viro pro outro lado ficando distante dele e em questão de minutos durmo novamente.

Acordei novamente em algum momento, mas dessa vez eu estava sozinha na cama, pela janela eu via que já estava claro, sentei na ponta cama e vejo Rocco de costas na porta.

— Bom dia. — falei chamando sua atenção, ele olhou pra trás — A energia voltou de que horas? — passo a mão no rosto.

— Bom dia. — disse guardando o celular — Quase cinco horas.

Assenti.

— Você ficou mesmo né? Obrigada. — fiz um coque no meu cabelo.

— E tive que ficar, tu me agarrou sem me deixar deixar sair, só faltou me beijar. — falou serio mas eu sabia que era mentira.

— Haha. — ri sem graça e levantei — Posso usar o banheiro né?

Nem ouvi a resposta dele, tinha uma porta ali e eu entrei, como imaginei era o banheiro. Lavei o rosto e coloquei pasta de dente no dedo, enxuguei o rosto e dei uma ajeitada no cabelo antes de sair. Rocco não estava mais pelo quarto, saí pelo corredor descendo as escadas quando escuto alguém me chamar.

— Giovanna. — Leonel chama — Não vai sair sem tomar café da manhã, não é?

Virei-me e dei um sorriso sem graça, eu queria ir embora mas não teve nem como recusar, ele já foi me arrastando pra cozinha. Não perguntou, nem falou nada sobre eu ter dormido no quarto do neto. Agradeci mentalmente por isso.

D. Maria tava no fogão, fui até a mesma desejando bom dia e me sentei junto com ela e Leonel. Até Rocco veio e se juntou, mas mesmo com o clima super tranquilo eu queria mesmo era ir pra minha casa.

— Na segunda feira nas visitas domiciliares. — falei pra Leonel depois do café da manhã, que por sinal estava maravilhoso pelas mãos de fada de D. Maria.

— Não precisa demorar tanto. — ele disse — Rocco te trás quando você não estiver trabalhando. Venha no sábado, ou no Domingo. Vou falar com Rocco sobre isso, ele vai aceitar.

De onde foi que ele tirou isso?
Falou na maior naturalidade, como se tivesse algo entre eu e o neto dele. Deus é mais.

Fugi da conversa o mais rápido possível aproveitando que Rocco não estava por perto, me despedi de D. Maria e peguei minha bolsa que estava perto da mesa de centro.

— Vai agora? — Rocco apareceu saindo de alguma porta, eram tantas nessa casa que eu sabia qual era o cômodo.

— Já fiquei demais. — falei acompanhando o mesmo até o lado de fora. Rocco pegou o carro, nem era o de ontem, já era outro. Ele destravou a porta do passageiro e eu entrei, o carro tava com um cheirinho bom de lavanda.

— Pelo menos tá de manhã. — zoou com a minha cara.

— Muito engraçado. — forcei uma risada, ele percebeu que não gostei e foi aí que sorriu ainda mais o que fez as covinhas aparecer.

O caminho foi rápido, Rocco foi por ruas que eu nunca saberia que existia. Ele parou na porta da minha casa e peguei minha bolsa.

— Obrigada mais uma vez, de verdade. — falei abrindo a porta do carro.

— Tu fica me devendo uma. — ele tinha uma das mão no queixo, passava pelo seu cavanhaque.

— Anotado. — falei saindo.

Bipolaridade é o forte dele.
Por que Rocco uma hora sorri pro vento, outra hora parece até que não tem boca.

▪   ▪   ▪

Já estava de tarde, quando deixei meu misto de lado e fui abrir a porta, dando de cara com Adriana e Gaby as duas conversavam algo.

— Tá vendendo gasolina na minha casa não. — falei, assim que elas entraram.

— Nossa, é assim que você trata suas visitas? — Adriana bufou.

— E você, que esqueceu da carona que ia me dá. — falei mostrando o dedo do meio pra ela.

— Onde você tava? — Gaby perguntou — Vim aqui mais cedo e não te encontrei.

— O que vocês querem em plena quatro da tarde? — perguntei — Eu tava dormindo.

— Tentei te ligar, mas não consegui. — Adriana disse — Como eu não tinha nada pra fazer, resolvi dá uma passada aqui.

— Eu vim trazer Gabriel pra Guto, ele dormiu lá em casa por causa da energia. — a Gaby falou — Eu também te liguei, mas só deu desligado. Menor passou aqui e tu não tava, foi pra onde?

— Meu celular descarregou, não tinha como carregar. — expliquei — Acabei dormindo na casa de Rocco.

As suas se entreolharam, sabia que iam pensar besteira.

— Com ele? — Adriana perguntou.

— Sim... — elas já estavam de boca aberta — Mas não rolou nada! — neguei.

— Que desperdício de tempo e oportunidade. Aproveitava o escurinho pra sentar pro bofe. — Gaby disse.

— Não teve, ele até que foi legal pelo menos uma vez na vida, só. — falei e ela deu de ombros enquanto Adriana sorria.

— Que seja. — Gaby levantou — Quero açaí. Quem vai?

Também fiquei com vontade, então formos as três comprar. Depois paramos na pracinha, tava bem animada com os guri brincando.

— Melhor notícia! — Gaby sorriu animada digitando algo no celular.

— Qual? — Adriana perguntou.

— Amanhã tem baile. — fez uma dancinha.

— Legal. — falei sem animação.

— Ih, Giovanna, tu vem morar na favela e não quer curtir um baile? — bateu palmas — Num tô te entendendo, deixa de frescura.

— Frescura porquê? Por que eu não quero ir no baile? Ah, me poupe Gaby. — revirei os olhos.

— Eu quero ir no baile. — Adriana falou me fazendo encara-la — Que foi? Nunca fui, tenho curiosidade.

— Até a piranha gostosa aqui quer ir e tu não. — Gaby disse — Ninguém vai mexer contigo não Gio... a não ser que você queira e já te aviso que até tem uns bandidinho gostosinho bigodin fininho, cabelinho na régua.

— Nem vem. — sorri negando.

— Ah, qual é ruiva. Lá em Floripa nós vivíamos saindo. — Adriana me abraçou de lado —  Desde que chegamos no Rio formos direito trabalhar, nem deu tempo de nos divertimos.

— E nossa praia? — perguntei, tínhamos combinado de ir.

— Domingo, ué. — disse — Matamos dois coelhos com uma cajadada só: solzão maravilhoso, e o mar pra levar nossa ressaca.

— Se você ficar bêbada nesse baile eu te deixo, hein. — ameaçei rindo.

— Então, isso é um sim?

Pensei.

— Sim!

— Adorooooooooo! — Gaby comemorou nos fazendo gargalhar.

Nosso Recomeço (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora