72°

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Tico

Aconteceu tudo muito rápido.

Letícia atirou em Giovanna, que caiu desacordada e Rocco foi até ela. Teco e Lagarto correram na direção de Letícia ao mesmo tempo para desarma-la. Mas ela tava descontrolada, puxou o gatilho e disparou duas vezes. Os tiros atingiu Teco. Ele caiu no chão com a mão na barriga escorrendo sangue.

Lagarto imobilizou Letícia, já eu parecia que tava vendo uma cena de terror vendo Teco baleado. Minha única reação foi correr até meu irmão pra salvar ele, Teco tava com muita dificuldade pra respirar.

— Ele tá morrendo! — gritei. Coloquei a cabeça de Teco no meu colo enquanto tentava estancar o sangue.

— Sa-salva Giovanna. — ele disse com dificuldade, olhando pra Giovanna caída no chão.

— Não faz esforço. — tentei estancar o sangue — Vocês dois vão ficar bem. Os dois. — tentei ficar calmo.

— Ti... Tico. — ele segurou minha mão sujando com seu sangue.

— Cala a boca. Cala a boca, Teco. — peço tocando o rosto dele — Não faz esforço. Vai ficar tudo bem mano, vou te levar pro hospital.

—  Não tá doendo. — ele disse com um sorriso fraco no rosto — Não tá doendo... — sussurrou.

— Thiago, não faz isso cara. — vejo os olhos dele perdendo o brilho — Fica acordado. Vou pegar o carro. — tentei levantar, mas ele apertou minha mão sem me deixar sair.

— Cuida de Luana. — ele disse fraco — Cuida do meu filho. — os olhos dele encheu de lágrima — Cuida deles por mim.

— Não, eu não vou cuidar de ninguém, tu vai cuidar, tu! — chorei vendo meu irmão perdendo as forças, ele não podia desistir — Fica acordado cara. A gente tem muita coisa pra viver, tu vai ter um filho, vai ficar tudo bem.

— Meu filho... — uma lágrima escorreu pelos olhos dele — Meu filho... — sorriu fraco — Luana é forte... Ela... Ela vai conseguir sem mim.

— Não desiste, tu nunca desiste Thiago. Aguenta firme. — segurei a mão dele.

— Não tá doendo... — apertou minha mão, ficando sonolento — Não tá...

— Thiago, não dorme. — dou um tapinha no rosto dele — Acorda!

— Desculpa. — ele puxou o ar sem conseguir respirar.

— Eu te amo Thiago. Eu te amo muito. — beijei a testa dele. Eu tava sentindo que ele tava se despedindo e isso dois tanto — Tu é o melhor irmão que eu poderia ter. Não pode desculpa por nada.

— Eu te amo Tico. — ele foi soltando minha mão lentamente. Teco forçou os olhos a ficar abertos e sorriu. Um último sorriso. Deu seu último suspiro e morreu alí, nos meus braços.

— Thiago!! — abracei o corpo do meu irmão — Acorda irmão, por favor, acorda. — balancei o corpo dele — Thiago!!! Acorda!! Não me deixa sozinho. Thiago!!

Era em em vão.
Meu choro.
Meu desespero.
Meu medo.
Tudo era vão.
Porque ele não acordou.

Meu irmão, a pessoa mais bondosa que eu conheci, morreu alí nos meus braços.



Rocco

Parecia que o morro tinha ficado em silêncio e a única coisa ouvida era o choro de Tico. Ele tava desesperado abraçando o corpo de Teco sem vida. 

Tudo naquele galpão parecia a porra de um pesadelo.

Giovanna tava nos meus braços, desacordada, com dois tiros, muito machucada. Ainda por cima com uma  gravidez de alto risco, ela precisava de um médico urgente.

Nosso Recomeço (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora