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Giovanna


Segunda-feira, início de semana e também o dia oficial da preguiça.

Parei em frente ao espelho para prender meu cabelo em um rabo de cavalo, deixando alguns fios soltos, mas logo desisto quando lembro das marcas que Rocco deixou. Solto o cabelo novamente e aproveito para fazer uma make básica, mas caprichando na base e corretivo pelo pescoço, e pra ajudar ainda mais a esconder, troquei a blusa vestindo uma de gola alta.

Peguei minha bolsa, a chave do carro e saio de casa depois de trancar tudo. Vejo Gabriel em uma rodinha de amigos perto do meu carro. Não sei como essas crianças conseguem acordar cedo, nem com a farda da escola eles estão.

Gabriel me olhou assustado assim que me viu, me aproximo e vejo o pneu do meu carro furado.

— Gabriel... — falei, os meninos que estávam com ele saíram correndo, ficando apenas Dedé.

— Não conta pro meu pai tia. — ele pediu colocando mão no bolso, tirou uma nota de dois reais — Olha, eu te dou dois reais.

— Você tá querendo me comprar com dois reais? — segurei a risada.

— Eu tenho cinquenta centavos. — Dedé falou mostrando a moeda.

— Guarda, Dedé. — Gabriel resmungou pro amigo que deu de ombros.

— Ih, o que tá rolando? — Guto se aproximou, Gabriel gelou na hora.

— Eles queriam uma carona até a quadra, mas não vai dá meu pneu furou. — menti, dei uma piscada pra Gabriel e Dedé que sorriram respirando aliviado.

— Esses dois parece que moram na quadra. — Guto falou e me olhou — Quer que eu te leve no hospital?

— Quero. — ele assentiu indo pegar a moto — Não pode ser o carro?

— Sobe logo antes que eu te arraste. — parou do meu lado.

— Grosso. — resmunguei, subindo.

Os meninos aproveitaram pra sair correndo. Guto deu partida e em poucos minutos estávamos no hospital.

▪    ▪    ▪

O dia passou rápido e quando me dei conta já estava dando a hora de ir fazer as visitas domiciliares. Como eu ainda tinha um tempo de sobra, esperei Adriana pra me dá uma carona já que eu estava sem carro. Ela não demorou muito, logo apareceu. Entramos no carro e fui lhe mostrando o caminho.

— Com Rocco? — ela perguntou depois de eu ter contado tudo que aconteceu depois do baile.

— Sim. — peguei minha necessaire dentro da bolsa.

— Ui. — tirou uma mão do volante se abanando e eu ri.

— Presta atenção no caminho. — neguei ainda rindo.

— Vi Rocco umas duas vezes eu acho, as enfermeiras do hospital ficam loucas quando ele passa por lá. Mas tem aquele olhar, tá sempre de cara fechada que passa medo nas pessoas.

— Pois é.

— Que foi? Se arrependeu? — me encarou.

— Nunca que eu vou me arrepender de um sexo gostoso. — afastei o cabelo passando o corretivo nas marcas — Só que estou todos os dias na casa dele, sabe? Mas só falta uma semana, então... — dei de ombros.

— Pra quem não ia ter nenhum tipo de contato com aquele ignorante, mal educado. — imitou minha voz — Você até que tá indo bem cumprindo sua palavra.

Nosso Recomeço (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora