Giovanna
Assino os papéis da transportadora que trouxe meu carro e devolvo ao safado que estava olhando meu decote.
— Perdeu alguma coisa? — perguntei seria.
— Não senhora. — falou sem graça e foi embora.
— Pra olhar meus seios não ficou sem graça. — falei.
— Tá doida? — Adriana perguntou parando ao meu lado — Tá aí falando sozinha.
— Você precisa ver eu falando e respondendo ao mesmo tempo. — digo fazendo ela sorri.
— Toma. — me deu meu celular enquanto entramos no elevador — Teu primo ligou.
— Qual a senha do wi-fi? — perguntei.
— De 0 à 10. — falou me fazendo encara-la.
— Guria, cadê tua criatividade? — gargalhei.
— Não vou pôr senha difícil, esqueço das coisas rápido. — abriu a porta e entramos.
— Ele queria saber se eu ia no morro hoje. — falei pra Adriana enquanto respondia as mensagens de Guto — Falei que vou amanhã.
— Sabe que por mim você morava aqui.
— Eu sei amore, mas Guto também me convidou pra ficar na casa dele e também não aceitei. — eu disse.
Guto, meu primo e sub do alemão, assim que ficou sabendo que eu viria para o Rio e trabalharia no alemão, quase me obrigou a ficar em sua casa, mas com toda educação eu recusei. Todo mundo gosta do seu canto, da sua privacidade, por isso fiz ele arrumar uma casa pra mim no morro. É pelo menos motivo que não aceitei de Adriana, também tem o trânsito que eu iria ser obrigada a pegar todos os dias indo e vindo do hospital.
Adriana é minha amiga de Floripa, quando o hospital em que trabalhavamos fechou, ela também escolheu ser realocada para outro estado. Não tenho medo de mudanças, gosto de novos desafios. Foi por isso que escolhi outro estado. Escolhi o Rio porque também seria uma boa oportunidade de rever e ficar próxima a meus primos, já que o hospital em que vou trabalhar fica no complexo do alemão e eles são de lá.
Na verdade, eu deveria está no morro desde a semana passada, mas como todo brasileiro, deixei pra resolver as coisas em Floripa de última hora e acabou que só consegui chegar hoje, faltando três dias para começar no meu novo emprego.
▪ ▪ ▪
No outro dia acordei cedo, tinha falado com Guto de ir para o morro pela manhã, à tarde ele não estaria lá.Parei em frente ao espelho ajeitando o cabelo, dividi o mesmo com os dedos jogando de um lado.
— Maravilhosa. — falei.
Peguei a chave do carro e saio do quarto, encontro Adriana na sala que desce comigo.
— Vê se não morre. — ela disse.
— Vou tentar. — falei entrando no carro — Mas se isso acontecer, fica sabendo que quem pegou aquele seu vestido lindo da Dolce&Gabbana e não devolveu até hoje fui eu. — buzinei dando partida, pelo retrovisor vi ela mostrando o dedo do meio.
Sorri e liguei o rádio, deixei em padre Fábio de Melo pra ver se tenho um pouco de paciência com o trânsito.
Finalmente, depois de quase uma hora cheguei na entrada do morro. Parei o carro onde Guto disse que estaria me esperando, mas ele não está. Pego meu celular e mando uma mensagem.
📩Gio: Cheguei. Cadê você?
📩Guto: Tô indo.— Tá perdida? — alguém bate no vidro do carro chamando minha atenção. Olho vendo que é um menino, se bem que ele não bem um menino, deve ter minha idade.
Ele tem um sorriso no rosto, não o conheço mas por algum motivo senti confiança em seu olhar. Se não fosse a fuzil em suas costas poderia até puxar assunto.
— Não. Sou prima de Guto, ele está vindo me encontrar. — vou direto ao assunto, sem rodeios.
— Ele falou de tu mermo. — sorriu e do nada se enfiou pela janela me dando um abraço, fiquei sem reação — Se é família de Guto, é nossa também.
Apenas assinto enquanto ele continua sorrindo pro vento.
— Meu nome é Tico e o teu? — ele perguntou.
— Do desenho? — perguntei de volta.
— É. — confirmou — Tu assiste?
— Não mais.
— Por causa de Fátima né?
— Quem é Fátima? — perguntei.
— Fátima Bernardes. Ela acabou com a tv globinho.
— Verdade. — sorri — E quem é Teco? E seu amigo?
— É minha cópia mal feita, meu irmão.
— Ah. — falei.
— Mas só quem pode maltratar ele sou eu. — avisou.
— Ok. — falei — Meu nome é Giovanna.
— E foi assim que nasceu uma grande amizade. — Tico disse sorrindo e eu ri junto — Ó tu pode ficar aqui tranquila ninguém vai mexer com tu não. — falou se afastando — Agora eu preciso voltar pro meu posto, Rocco sisma comigo falando que não trabalho, deve ser inveja da minha beleza.
— Tudo bem. — falei sorrindo e ele saiu.
Nem conheço, mas já gosto.Fiquei esperando Guto dentro do carro mesmo. Até que passou cinco, dez, quinze minutos e nada dele aparecer. Eu estava mofando dentro do carro, estava com sede, fora o cansaço. Vi que do outro lado da rua tinha uma lanchonete, não pensei duas vezes antes de pegar dinheiro na bolsa e sair do carro indo até lá.
Senti meu celular vibrando no bolso do short, peguei o mesmo e antes que eu pudesse atender acabei me assustando com a freada brusca de uma moto que por pouco não me atropelou. Coloquei a mão no peito, meu coração parecia que iria sair pela boca.
— OLHA PRA FRENTE PORRA! — o idiota da moto esbravejou com raiva me fazendo encara-lo.
E... caralho.
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Nosso Recomeço (Nova Versão)
Fanfiction{Nova versão. Mesmo enredo} Rocco: Chefe do tráfico do complexo do alemão. Um homem frio e arrogante, é marcado por um passado conturbado que lhe causa efeitos até hoje. Sua vida gira em torno do tráfico, não se preocupa com ninguém além do seu avô...