Nosso Recomeço (Nova Versão)

53°

Giovanna

A Carol boceja mais uma vez, tentando deixar os olhos abertos numa missão quase impossível.

— Carol, você pode ir embora se quiser. — falei vendo seu estado. Ela tinha passado a tarde e agora a noite comigo.

— Vim passar a tarde com você.

— E você passou, não precisa ficar sem dormir por minha causa.

— Tem certeza?

— Claro. — falei — Rocco acabou de ligar, ele já está vindo.

— Tudo bem então. — levantou do sofá — Qualquer coisa liga.

— Pode deixar. — lhe acompanho até a porta — Pede pra Teco te levar.

— Não precisa, o morro tá movimentado. — ela acenou indo indo embora.

Fecho a porta logo em seguida e volto para o sofá. Pego a manta novamente e cubro minhas pernas, deixando minha barriga amostra.

— Você deveria mexer um pouco, assim eu jogaria isso na cara do seu pai, ele vive se achando porque você só mexe quando ele tá por perto. — falei com meu filho e como era de se esperar, ele não mexeu — Seu traíra. — resmunguei.

Coloquei o próximo episódio de grey's anatomy, enquanto espera Rocco chegar. Mas não consegui assistir nem a metade e acabei dormindo ali mesmo no sofá. Em algum momento da noite acordo com o barulho do portão batendo forte, coço meus olhos lentamente ainda me espertando e pego meu celular vendo a hora 3h58.

O vento frio da madrugada invade a sala assim que Rocco entra em silêncio, o único barulho vinha dos seus passos rápidos e sua respiração ofegante.

— Rocco. — chamei seu nome, mas ele pareceu me ouvir — Rocco, onde você tava essa hora?

Não respondeu.

Ele jogou seus pertences na bancada de qualquer jeito, enquanto me ignorava.

— Rocco, estou falando com você. — falei novamente.

— Agora não porra, me deixa em paz! — ele gritou irritado sem nem olhar para mim o que me deixou totalmente sem reação.

E sem falar nada, sem me olhar, ele foi até a área da piscina e saiu da sala me deixando sozinha. Fiquei alguns minutos no mesmo lugar, tentando entender o que tinha acabado do acontecer.

Por que ele me tratou desse jeito?
Fazia um tempo que eu não via Rocco assim, descontrolado.

Em algum momento, saio dos meus pensamentos sentido meu filho mexer. Passo a mão na minha barriga acariciando, enquanto olhava por onde Rocco entrou.

Pego o controle que está do meu lado e desligo a tv. Levanto-me do sofá e caminho até a área da piscina, pela porta de vidro vejo Rocco sentado de costas e parece está mexendo em algo. Logo me lembro que ele sempre vem pra cá quando está fumando.

Não penso duas vezes antes de abrir a porta e caminhar até ele. Rocco parece não notar minha presença, ele está sentado com a cabeça baixa e segurando seu celular, pelo menos não está fumando.

— Rocco... — toquei seu ombro, ele continuou de cabeça baixa.

— Entra. — disse ainda sem me olhar.

— Vem comigo amor, tá de madrugada. — abaixei em sua frente.

Ele levantou a cabeça me observando, seus olhos esverdeados fitaram meu rosto cuidadosamente, depois desceu e parou na minha barriga.

— O que aconteceu? — perguntei tocando seu rosto.

— Nada. Não aconteceu nada.

Rocco não estava bem, eu conhecia ele e a preocupação estava estampada em seu rosto.

— Aqui tá frio amor, você tá sem camisa. Vem. Vamos entrar. — estendo minha mão.

Ele segurou, mas não levantou. Rocco me puxou e fez com que eu sentasse em seu colo, ele afastou meu cabelo e segurou meu rosto dando um beijo em minha boca. Fechei meus olhos, sentindo a suavidade dos seus lábios no meu.

— Ainda quer entrar? — ele perguntou me abraçando, apenas balancei a cabeça negativamente sentindo o conforto do seu corpo quente.

Passei os braços em volta do seu pescoço e o abracei forte sentindo seu perfume. Rocco colocou a cabeça na curva do meu pescoço e suspirou profundamente, ficando em silêncio novamente, enquanto olhava o céu escuro da madrugada.

— Quer conversar? — levantei minha cabeça o encarando — Você sabe que estou aqui pra tudo.

— Não se preocupa, não é nada. — beijou meu ombro — Tu deveria tá dormindo.

— Você também. E não reclame, você me acordou e esse traíra começou a mexer assim que você apareceu.

Rocco sorriu.
Um sorriso lindo que sempre surgia quando se tratava do nosso filho.

— Traíra? — perguntou ainda sorrindo e as sombrancelhas levantadas.

— Ele nunca mexe comigo. — dei de ombros.

— Vai ficar chamando ele assim?

— Não. — eu ri — Mas ainda não escolhemos um nome.

— Ainda temos tempo.

— Pouco tempo. — falei sentindo suas mãos em cima da minha barriga.

Rocco tinha essa menina gostosa de ficar acariciando minha barriga, não me causava agonia muito pelo contrário, era relaxante.

— Tu é diferente. — foi o que ele disse olhando nos meus olhos.

— Diferente? — eu ri não entendendo.

— É... — disse como fosse uma certeza — Contigo é diferente, Giovanna. Depois de tudo, achei que nunca ia ter uma família e tu chegou pra me mostrar o contrário, agora eu tô prestes a ser pai e quem me deu isso foi tu.

Dei um sorriso bobo, aproximando nossos lábios lentamente.

— Você também é muito importante pra mim. — falei.

— Promete que independente de tudo que acontecer, tu vai ficar aqui comigo? — ele disse me fazendo encara-lo — Promete que vai tá sempre aqui comigo, que nunca vai se afastar, nem levar meu filho embora?

— Não vou embora.

— Promete, Giovanna. — insistiu.

— Prometo, Rocco! Eu prometo que nunca vou embora com nosso filho! — toquei seu rosto — E sabe porquê? Porque eu te amo, não consigo ver minha vida sem você.

Rocco e fechou a boca, enquanto seus olhos não desgrudavam dos meus.

— Não se sente obrigado a falar. — juntei nossos lábios novamente.

— Vocês são as duas pessoas mais importantes na minha vida. — ele disse ainda olhando meus olhos e suas mãos deslizaram pela minha barriga.

Era incrível o quanto eu sempre iria sentir uma sensação diferente cada vez que ouvisse Rocco falando com tanto amor o quanto sou importante. Essas palavras me faziam ficar com o coração acelerado, corpo arrepiado, sorriso largo no rosto e uma certeza de que esse amor era único.

Eu nunca tinha sentido por ninguém esse amor. Foi algo bom, libertador falar que o amo.

Não pensei, só falei.

Foi algo bom, era isso que meu coração estava sentindo.