99°

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Lagarto

Fecho a mochila, depois de colocar meu computador dentro e saio do meu quarto, passo pelo corredor e vejo minha mãe lavando a louça na cozinha, enquanto escuta mano Walter.

— Tô saindo. — falo chamando a atenção dela.

— Vai ver Luana? — pergunta olhando pra mim e enxuga as mãos.

— Vou. — falo — Mais tarde tem jogo das crianças na quadra, vou pegar Thiago.

— Trás ele um pouco, você nunca mais trouxe ele aqui. — ela ri — Aquele menino é um anjinho.

— É sim. — eu também ri pensando nele.

A porta de casa é aberta chamando nossa atenção e Dedé entra junto com Gabriel, eles tinham acabado de chegar da escola.

— Oi mano. — Dedé faz toque de mão comigo.

— Eae. — falo.

— Oi lagartixa. — Gabriel também fez toque.

— Respeita meu vulgo. — dou um tapa fraco na cabeça dele.

Gabriel dá risada junto com Dedé.

— Fui. — falo avisando e saio da cozinha ajeitando a mochila nas costas, esse computador tem coisas importantes do morro, ele é a única coisa que uso na boca. Não mexo com o tráfico, minha única função é coisas ligadas a tecnologia, alarmes, senhas... as câmeras da rua quatro, por exemplo, tão com problema, então isso quem resolve sou eu.

Abro a porta de casa e vejo o quanto o tempo tá nublado, ainda não começou a chover, mas o céu ta escuro pra caralho, pelo jeito a tarde hoje vai ser chuvosa.

Puxo o capuz do moletom pra cabeça e vou andando pelo morro, olho a hora no meu relógio de pulso, se começar a chover mesmo o jogo das crianças vai ter que ser cancelado.

Chego na rua principal e no mesmo instante abro um sorriso quando vejo Luana e Thiago andando de mãos dadas. Assim que ele me vê, solta a mão da mãe e vem correndo na minha direção, abaixo um pouco e pego ele nos braços.

— Eae meu parceirinho. — beijo a testa dele.

— oi pacelinho. — Thiago fala abraçando meu pescoço.

Eu ri olhando pra ele.

Amo demais esse menino, sei nem explicar esse sentimento que tenho por ele.

— Oi. — Luana sorriu chegando perto.

— Eae. — falo olhando pra ela — Tão indo pra casa?

— Sim.

vem pa minha casa tambem. — Thiago me chama tocando meu rosto.

— Vou sim. — falo.

Ele sorri.

— Assim você faz a gente chegar mais rápido, esse mocinho não tava querendo ir andando e o tempo não tá muito bom. — Luana fala olhando pro céu, enquanto ajeita a bolsa no ombro.

— Nem vai ter jogo das crianças por causa desse tempo. — começamos a andar — Como foi o trabalho? — olho pra ela.

— Foi ótimo, hoje larguei um pouco mais cedo por causa da dedetização na academia.

Vou andando com Thiago nos braços e com Luana do meu lado, enquanto a gente conversar e isso chama a atenção das pessoas curiosas. Algumas sorri verdadeiramente, outras só fingem com falsidade e eu retribuo da mesma forma.

Nosso Recomeço (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora