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Rocco


Acordei com uma cabeleira no meu rosto, tirei o mesmo jogando pro lado e me sentei na cama. Olhei pro lado vendo Giovanna, que tava de costas pra mim ainda nua, encolhida entre os travesseiros.

Puxei o lençol e cobri seu corpo, saio da cama indo até o banheiro e foi só entrar embaixo da água fria que senti minhas costas arderem pra caralho. Depois do banho, peguei uma toalha enrolando na cintura e voltei pro quarto. Giovanna já tinha acordado, tava com o lençol enrolado no corpo se vendo em frente ao espelho.

— Olha isso. — ela mostrou os próprios braços, só então notei que ela tinha marcas nos que iam pelo pescoço, peitos e todo corpo — Maquiagem não vai esconder.

— Deixa de caô, tu gostou. — olhei pra ela pelo reflexo do espelho.

— Não lembro de nada, tava bêbada. — entrou no banheiro.

— Tá achando que engana quem? — perguntei, ela não respondeu e fechou a porta.

Peguei minhas roupas e vestir, só não achei a camisa, procurei meu celular e o boné, cada um tava jogado em um canto. O quarto parecia que tinha passado um furacão, não tinha nada no lugar.

— Você deveria me patrocinar com pomadas. — Giovanna falou depois de um tempo saindo do banheiro.

— Para de reclamar. — eu disse — E tu fudeu minhas costas também. — ela gargalhou se divertindo.

— Chumbo trocado não dói, baby.— sorriu ironicamente.

— Pega minha camisa. — pedi. Ela pegou em cima da cadeira e estendeu. Segurei a camisa e puxei Giovanna pelo pulso, o que fez ela bater contra seu peitoral e segurar a toalha pra não cair.

— Rocco... — falou em forma de alerta com minha boca próxima a sua.

— Colfoi? Vou te desejar só um bom dia. — observei a marca mais forte em seu pescoço e dei um beijo, a mesma se arrepiou e passei o cavanhaque esfregando antes de me afastar — Bom dia. — sorri.

— Idiota! — me deu um tapa no ombro — Vai pra sua casa.

— Tá me expulsando? — a encarei.

— Achou que eu ia te pedir em casamento?

— Jae. — peguei o boné enfiando na cabeça e fui até a porta.

Antes de ir, olhei pra trás. Ela me olhou mandando um beijo no ar, antes de dá as costas e sair rebolando.

Fecho a porta do quarto e saio da casa de Giovanna, peguei minha moto e fui pra casa, encontrando o mesmo silêncio bom e a tranquilidade de sempre.

▪   ▪   ▪

Cheguei na boca vendo os vagabundos de papo.

— Aqui virou salão de beleza e eu não tô sabendo? — perguntei.

Eles rapidamente foram pro seu posto, tão assim fudido por causa do baile. Cada um que beba e se garanta, sabe que no outro dia não tá livre e enche a cara sem pensar em nada.

Não dou bronca em ninguém, não sou pai. Cada um que se foda, por mim pode até morrer mas se tiver escalado vai vir igual.

— Tem pelada hoje? — Tico perguntou.

— Tem. — Menor falou — Cadê Teco?

— Tá na pista. — acendi um cigarro.

Começou um tumulto chamando nossa atenção, uma briga com dois noia por causa de pedra.

— Falou da mãe, viu. — Tico colocou lenha.

— Eu não deixava! — Menor disse — Dá na cara dele.

— Vai separar não, chefe? — um dos moleques perguntou. Já notei que é novo no movimento.

— Tu é novo aqui né? — ele assentiu, só confirmando o que eu já sabia — Tua mira é boa?

— Quem vai apostar? — Tico perguntou, um pouco mais distante, no meio da briga que ainda rolava com os dois noia agora embolando no chão.

O moleque assentiu confirmando.

— Atira no que tá errado, em quem começou a briga. — mandei, ele me olhou como se não tivesse acreditado — Atira porra!

O moleque levantou de onde tava e foi até os noiado. Tirou a arma da cintura, tava tremendo um pouco, mas continuou com a arma apontada e atirou no de camisa vermelha: acertou.

— Porra, ele tava ganhando a briga! — Menor disse com raiva e eu sorri.

— Agora deva o corpo. — falei pro moleque que saiu ainda amedrontado.

Essa foi a primeira morte na lista dele.

Normal.

Com o tempo e a prática acostumada.

— Aê, os moleque que tavam na pista... Rodaram. — Guto chegou avisando.

— Quantos? — perguntei.

— Cadê Teco? — Tico perguntou encarando Guto que negou com a cabeça.

— Caiu também. — suspirou.

— Porra, que vacilo! — Tico levou as mãos até a cabeça.

— Sério mesmo? — Menor perguntou não acreditando.

Nem eu tava.

— Tá brincando? Sou mestre no drible em duas rodas. — Teco falou entrando, tava suado e com as pernas e braços cheios de arranhões.

— Filho da puta! — Tico deu um soco no irmão, depois um abraço.

— Vou ter que ter um filho e fazer ele ser advogado, aí quendo alguém for presso de verdade ele tira da cadeia. — Menor disse.

— Mas vai ter que ser de graça. — Guto diz.

— Tô cansadão. — Teco disse — Tô vazando. — fez toque e saiu.

Só Teco conseguiu se sair sem ser pego, mas os outros três não tiveram tanta sorte...
Pra famílias deles não vai faltar nada, vão ter todo auxílio. Dei também o papo a Cléber que me deixa informado de tudo que acontece lá dentro, fora os manos que já estão lá.

Terminei de resolver isso tudo, já era tarde da noite, depois fui pra casa, desço da moto e deixo na rua mesmo. Entro em casa, jogo as chaves na bancada e tiro minha camisa.

Por um breve momento penso em Giovanna.
Ele é diferente de todas que já fiquei, gosto da personalidade forte que ela tem, isso me atraí.

Sou tirado dos meus pensamentos com meu celular tocando novamente, pego no bolso e vejo o mesmo número de antes. Por curiosidade resolvi atender, mas não falei nada e deixei a pessoa do outro lado falar.

IDL.

— Rocco? — ouvi seu riso — Sou eu...

FDL.

A ligação caiu, ou desligaram.

Mas essa voz...

Eu conheço bem, reconheceria em qualquer lugar.

Nosso Recomeço (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora