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Teco


Tiro o meu celular do carregador e saio de casa. Vejo Tico encostado em sua moto, enquanto conversava animado com as fofoqueiras da nossa rua.
Ele se despediu delas quando me viu e veio na minha direção.

— Sabe a Dorinha, filha da mulher da rua de baixo? — ele me perguntou.

— Não.

— Tá grávida, a mãe colocou pra fora de casa.

— E porque tu acha que eu quero saber disso? — perguntei.

— E porque escutou então?

— Sei lá — dei de ombros e ele sorriu.

Fecho a porta e saio de casa. Tico vem atrás e vermos as Maria fuzil pra cima e pra baixo.

— Crê em Deus pai! — Tico falou com espanto, vendo Rebeca passar — Parece a filha de Gretchen.

— Vai tomar no cu, Tico! — disse brava, indo embora.

— Tu ainda vai apanhar de alguma delas. — falei. Tico sempre tira sarro com todo mundo, não deixa passar nada.

— Que nada. — ele sorriu passando a mão no corpo — Elas ama esse gostosão aqui.

— Eu tenho medo da tua autoestima.

Ele sorriu.

— Próximo baile vou jogar uma nega pra tu perder a virgindade. — passou os braços em volta do meu ombro.

— Ala as viadagem. — afastei dele que gargalhou — Quero ninguem não, tu só coloca os dragão de seu Jorge no meu caminho.

— Confia em mim.

— Não. — falei — Deixa quieto, não quero mulher só pra me divertir não. Isso não me engrandece em nada. Se um dia tiver que acontecer, vai ser com uma mina firmeza.

— Esse garoto é meu orgulho. — sorriu.

— Eae meus bons. — Menor se aproximou.

— Diz aí. — fiz toque com ele.

— Fala tu viado. — disse Tico, fazendo toque com ele.

Entramos na boca no mesmo instante que Rocco chegou.

— Quem come quem? — ele perguntou.

— Eu como Dandara aquela gostos... — Tico parou de falar da mãe de Rocco quando o mesmo lhe deu uma encarada — Dandara era uma mulher maravilhosa, fiel a Deus. — apontou pro céu.

Sorrimos.

— Cuzão. — Guto disse rindo.

— Tem uns playba devendo.  — Rocco falou, pegando o um cigarro junto com o caderno das contagens — Teco vai cobrar deles. — me encarou — Se não pagar pode matar.

— Também vou. — Tico levantou, saindo junto comigo.

— Tá doendo? — perguntei — Tu nunca ajuda ninguem.

— Quem disse eu vou te ajudar? Tô indo pra ver a confusão.

— Leva o celular e filma. — Menor disse.

Peguei a minha moto que eu tinha deixado na boca e Tico foi pilotando. Saímos do morro indo até a faculdade que os playba estuda, chegamos rápido por não precisar fugir dos gambé. Nossa ficha ainda é limpa.

Tico para um pouco distante da faculdade, desço da moto e observo o lugar, enquanto procuro os xexeiros.

— Eles ali. — apontei com a cabeça pra o playba, ele tava junto com outro.

Nosso Recomeço (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora