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Maratona 5/7

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Guto

Entro em casa vendo Gabriel jogando videogame, enquanto comia uns biscoitos e tomava seu leite. Sentei perto dele e peguei o outro controle, jogando no time adversário.

— O que eu ganho de prêmio? — ele perguntou sem tirar os olhos do jogo.

— Tu ainda nem ganho. — neguei rindo.

— Mas eu vou ganhar. — disse confiante — E já sei o que vou querer.

— O quê?

— Parar de ir a escola.

— Escolhe outra coisa, isso nunca. — neguei rapidamente.

— Escola é chato. Vou ser jogador de futebol, não preciso fazer conta pai. — disse chateado — Aquela venha chata da professora só faz gritar.

— Respeita a professora, caralho. Não quero ser chamado na escola não.

— Ganhei! — sorriu, jogando os braços pra cima.

— Foi roubado. — saio rindo, deixando ele protestando sozinho.

Entrei na cozinha e Adriana tava fazendo alguma coisa no fogão, enquanto conversava com Gaby.

— Oi. — Adriana sorriu.

— Eae. — dei um cheiro nela e passei por Gaby, empurrando ela de lado.

— Vai empurrar sua mãe!

— É a mesma que a tua. — falei e ela deu de ombros.

— Viu Menor por aí?

— Saio comigo da boca, disse que ia pra casa te falar sobre João Bidu.

— Quem? — me olhou e dei de ombros.

— Vai perguntar a ele.

— Depois volto aqui família. — ela foi embora.

— O que é isso? — perguntei pra Adriana.

— Lasanha.

— Vou tomar um banho, enquanto não tá pronta. — falei saindo da cozinha.

Gabriel agora tava cochilando com um biscoito na boca, ele dorme mas não larga a comida. Fui até ele, peguei meu menino nos braços e subi as escadas pra colocá-lo em sua cama.

Às vezes Gabriel me tira do sério aprontando pelo morro e deixando os k.o nas minhas costas. Ontem mesmo fui chamado na escola porque ele tava pulando o muro pra ir jogar futebol. O moleque as vezes apronta, mas nada que faça mal a ninguém. Ele é meu orgulho e faço tudo de pelo meu filho.

Apesar da vida que levo, faço de tudo pra ser presente, pra ele não se sentir sozinho porque o que não quero é meu filho na vida do crime, estudar é o melhor caminho. Vejo vários menor se perdendo, podendo ter uma vida boa, um futuro digno, mas não conseguem chegar nem a maior idade porque se perdem na criminalidade. Não porque eles querem, não a maioria. Muitas das vezes é a sociedade e o governo que não dá oportunidades deles ter um futuro melhor, crescer tendo uma chance de ser um trabalhador honesto e de bem.
E o que eu puder fazer pra Gabriel seguir outro caminho que não seja o meu, eu vou fazer. Uma das coisas que ele mais gosta é futebol e eu invisto nisso.

Nosso Recomeço (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora