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Giovanna

Eu continuava dirigindo sem saber pra onde ir, eu só estava com a roupa do corpo, não tinha dinheiro nem cartões de crédito, tudo ficou na minha mala que Rocco destruiu.

Fui embora sem nada, mas mesmo assim de uma coisa eu tinha certeza para o morro eu não voltaria mesmo que não fosse pra casa de Rocco. Também estava fora de questão ir pra casa de Guto, não o culpo mas ele sabia dessa sujeirada tuda e agiu normalmente como se nada tivesse acontecendo. Também não quero ficar no morro pra  incomodar Gaby, ou meus outros amigos com meus problemas.

Agora preciso de calma, me afastar pra poder pensar com clareza em tudo que aconteceu, como minha vida vai mudar... ou melhor, já mudou. Essas semanas me tornei uma pessoa insegura, esse sentimento não é bom só trás frustração e medo, medo de não ser o suficiente pra alguém que você ama. 

O vento frio da noite invadido o carro me trás de volta a realidade, fechei os vidros e parei o carro no encostamento pela primeira vez, quando me dei conta estava perto da praia, não imaginei que tivesse ido tão longe.

Procuro meu celular pelo carro, por ele consigo acessar minha conta do banco e me hospedar em um hotel.
Acho meu celular perto do banco do passageiro, não sei como foi parar no chão do carro e no momento isso é o que menos me interessa. Pego meu celular e vejo que está no silencioso, tem várias mensagens e ligações perdidas. Não quero ver ninguém agora mas não posso deixá-los preocupados sem nenhuma notícia.
A bateria está acabando, vejo que a maioria das ligações eram de Rocco, mas entre as chamadas decido ligar para Adriana, ela atende no segundo toque.

IDL:
— Gio! Graças a Deus. — ouço seu suspiro de puro alívio — Onde você tá? Estamos todos preocupados. Você tá bem?

— Não queria preocupar vocês, mas não pude ficar e... — baixo a cabeça no volante sentindo um nó na garganta e deixou minhas lágrimas cair — Rocco me traiu, esse tempo todo ele tava se encontrando com a ex namorada.

— Fica calma Gio, você tá grávida. — disse calmamente — Volta pro morro.

— Não posso, não quero... Agora preciso de um momento só meu.

— Amiga, você não precisa voltar pra sua casa.

— A casa de Rocco você quis dizer, em breve deve ser a de Letícia também. — ironizei.

— Tudo bem, não precisa ir pra casa de Rocco, mas volta pro morro. Fica na minha casa.

— Preciso do meu espaço pra colocar minha cabeça no lugar, aconteceu tanta... — suspirei — Por favor, respeita meu momento.

— Mesmo não concordando eu respeito, mas antes você vai ter que me falar onde tá.

— Na praia. — olhei ao redor, tava uma noite chuvosa, os moradores estavam voltando para os apartamentos com suas famílias — Você ainda tá com o apartamento na orla?

— Tenho... Tem certeza que não quer voltar pro morro? Olha, eu coloco Guto pra fora de casa, isso não é problema.

— Minha vida já está uma bagunça, a sua também não precisa ficar. — enxuguei meu rosto com os dedos.

— Giovanna, sua gravidez é de alto risco, você não pode ficar sozinha.

— Não se preocupa, eu não vou fazer esforço nem nada do tipo, só quero ficar um pouco sozinha, eu sei o meu limite, até onde posso ir.

— Tudo bem. O porteiro tem a chave, ele te conhece você pode subir direto.

— Obrigada.

— Não precisa agradecer. Fica bem, dorme um pouco e cuida desse baby, tá?

Nosso Recomeço (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora