Saí do meu quarto e comecei a descer a escada. Chegando lá dou de cara com o meu pai segurando no braço da minha mãe, ao me ver eles ficam em silêncio.
- O que você tá fazendo aqui ? - perguntei tirando o braço dele do braço da minha mãe.
- Oi filha, eu to bem e você ? - disse ele vindo me abraçar.
- Não perguntei. - me afastei. - A minha pergunta foi : o que você está fazendo aqui ? E estou esperando uma resposta.
- Voltei pra minha casa, pra minha família. - olhei pra minha mãe e ela apenas deu de ombros.
- Espera aí. - rio. - Você o que ?
- Isso mesmo que você escutou. Falando nisso Rose, nossa filha tá meio mal educada né. - OI ?
- Eu eduquei ela muito bem com a ausência do pai. - minha mãe disse.
- Deixa eu ver se é isso mesmo. - coloquei o meu celular no sofá. - Você vai embora, some por não sei quanto tempo e volta, achando que ainda somos sua família e essa aqui é sua casa ? Ah espera, e ainda acha que tem o direito de dizer que sou mal educada ? Com você o que mais faltou foi educação, né pai ? - dei um ênfase no PAI. Esse cara é muito comédia, não é possível.
- Filha. - minha mãe colocou a mão no meu ombro com um gesto de me acalmar.
- Esse cara pensa que é quem ?
- Você me respeita porque eu ainda sou seu pai e tem meu nome no seu nome aí. Eu sumi por um tempo mas eu voltei agora, voltei para a minha família.
- Eu não to escutando isso. - rio e passo a mão no meu cabelo. - Você fala tão por cima desse seu sumiço, como se não fosse nada. Se realmente fôssemos uma família você não teria ido embora.
- Mas eu voltei filha, voltei pra ficar. Eu precisava de um tempo, conheci outras pessoas, tentei criar outra família, você tem uma irmã...
- Eu tenho o que ? - perguntei abismada. - Mãe, você tá escutando isso ? - perguntei pra ela. - Você escuta o que você fala ? Não faz o mínimo sentido. A gente não é a sua parada, quando não dá certo você volta, você é muito ridículo.
- Olha como você fala comigo, Nicole. - se aproximou de mim. - Você não tem o direito se me ofender, eu sou o seu pai.
- Quem não tem algum direito aqui é você! Acha que pode chegar aqui qualquer hora que pretender, bater na porta; aliás, eu não sei porque você deixou ele entrar. - falei para minha mãe.
- Eu tentei, filha. - minha mãe falou. COMO ELA CONSEGUE FICAR TÃO CALMA COM TUDO ISSO ?
- Falando que voltou pra sua casa, pra sua família. Não tem mais nada de seu aqui.
- Vocês são a minha família.
- MEU DEUS, CALA A BOCA. Se fôssemos sua família você não tinha nos abandonado e ainda voltado com outra filha, qual que é o seu problema ? Você é ridículo sim!
Ele se aproxima e me dá um tapa na cara. Sinto o ardor e uma vontade incontrolável de chorar, ele nunca levantou a mão pra mim. Ele me olha incrédulo e minha mãe começa a gritar com ele, não presto atenção em nada do que ela diz. Apenas pego o meu celular e vou em direção a porta.
- Desculpa, filha. - ele tenta se aproximar mas minha mãe o segura.
- Você não dê mais um passo pra perto dela. Você fica longe dela! - minha mãe diz.
Saio de casa e começo a andar, completamente sem rumo, meu celular vibra e vejo que é uma mensagem do Victor.
[12:20]
Amor <3 : To indo
[12:21]
Eu : Não vem.
[12:21]
Amor <3 : Aconteceu algo ?
Meu rosto está inchado e as lágrimas caem pelo meu rosto a cada segundo. Meu pai não era assim, era um bosta de pai, mas não era assim, ele nunca levantou a mão pra mim, NUNCA. Me desligo completamente do mundo, quando vejo estou longe de casa, chego a uma praça e me sento encostada em uma árvore. Apoio meu rosto no meu joelho e começo a chorar. Quando que tudo foi pro ar desse jeito ?
|| ARTHUR NARRANDO
Já era 15:03 e nada da Nicole me responder. Decidi ir pra casa dela do mesmo jeito, chegando lá, toquei a campainha e a mãe dela atendeu.
- Oi tia. - cumprimentei ela e a mesma deu passagem para eu entrar.
- Oi querido, como que você tá ? - fechou a porta atrás de mim.
- To bem e você ?
- To bem, graças a Deus.
- Quem é esse aí ? - um cara saiu da cozinha perguntando.
- Esse aí tem nome, Arthur. Amigo da sua filha. - Sua filha ? O pai dela voltou, bomba na certa.
- Prazer. - falei.
- Vou subir para o nosso quarto. - ele disse para a Rose.
- Nosso quarto ? - ela perguntou. - Você vai é pegar suas coisas e ir embora daqui, agora. - ele subiu e não deu a maior bola para o que ela disse. - Desculpa, tá dando trabalho. - revirou os olhos.
- Que isso tia, quem precisa se desculpar é ele né. Cadê a Nicole ?
Ela me explicou toda a história, tudo o que aconteceu. Esse cara é um merda, não é possível isso.
- E ela não disse pra onde ia ? - perguntei.
- Não, ela só saiu. To começando a ficar preocupada, ela tá demorando.
- Vou ligar para o Victor, ver se ele sabe de alguma coisa.
- Faça isso, por favor.
|| LIGAÇÃO (ON)
- Vitinho.
- E aí zé.
- Sabe da Nicole ?
- Não sei não, porque ? Aconteceu alguma coisa ? Ela tá bem ?
- Calma parça. - rio.
- Última vez que falei com ela, ela falou umas coisas sem sentido e desligou na minha cara. Eu até ia almoçar na casa dela e ela pediu para eu não ir.
- Pai dela voltou.
- O pai da Nicole ? Meu sogro ?
- Sim. To na casa...
- To indo aí. - me interrompeu e desligou.
|| LIGAÇÃO (OFF)
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O Menino De Rolê
Ficção AdolescenteNicole Preston é uma jovem que acabou de completar 16 anos de idade. Sempre foi baladeira e nunca faltava em um rolê, não é atoa que mora em Las Vegas. Suas amigas era umas das suas melhores companhias, Fernanda Houst era aquela amiga sem graça, que...