Capítulo 90

1.1K 76 10
                                    

Saí do meu quarto e comecei a descer a escada. Chegando lá dou de cara com o meu pai segurando no braço da minha mãe, ao me ver eles ficam em silêncio.

- O que você tá fazendo aqui ? - perguntei tirando o braço dele do braço da minha mãe.

- Oi filha, eu to bem e você ? - disse ele vindo me abraçar.

- Não perguntei. - me afastei. - A minha pergunta foi : o que você está fazendo aqui ? E estou esperando uma resposta. 

- Voltei pra minha casa, pra minha família. - olhei pra minha mãe e ela apenas deu de ombros.

- Espera aí. - rio. - Você o que ?

- Isso mesmo que você escutou. Falando nisso Rose, nossa filha tá meio mal educada né. - OI ? 

- Eu eduquei ela muito bem com a ausência do pai. - minha mãe disse. 

- Deixa eu ver se é isso mesmo. - coloquei o meu celular no sofá. - Você vai embora, some por não sei quanto tempo e volta, achando que ainda somos sua família e essa aqui é sua casa ? Ah espera, e ainda acha que tem o direito de dizer que sou mal educada ? Com você o que mais faltou foi educação, né pai ? - dei um ênfase no PAI. Esse cara é muito comédia, não é possível.

- Filha. - minha mãe colocou a mão no meu ombro com um gesto de me acalmar. 

- Esse cara pensa que é quem ? 

- Você me respeita porque eu ainda sou seu pai e tem meu nome no seu nome aí. Eu sumi por um tempo mas eu voltei agora, voltei para a minha família. 

- Eu não to escutando isso. - rio e passo a mão no meu cabelo. - Você fala tão por cima desse seu sumiço, como se não fosse nada. Se realmente fôssemos uma família você não teria ido embora.

- Mas eu voltei filha, voltei pra ficar. Eu precisava de um tempo, conheci outras pessoas, tentei criar outra família, você tem uma irmã... 

- Eu tenho o que ? - perguntei abismada. - Mãe, você tá escutando isso ? - perguntei pra ela. - Você escuta o que você fala ? Não faz o mínimo sentido. A gente não é a sua parada, quando não dá certo você volta, você é muito ridículo. 

- Olha como você fala comigo, Nicole. - se aproximou de mim. - Você não tem o direito se me ofender, eu sou o seu pai. 

- Quem não tem algum direito aqui é você! Acha que pode chegar aqui qualquer hora que pretender, bater na porta; aliás, eu não sei porque você deixou ele entrar. - falei para minha mãe. 

- Eu tentei, filha. - minha mãe falou. COMO ELA CONSEGUE FICAR TÃO CALMA COM TUDO ISSO ?

- Falando que voltou pra sua casa, pra sua família. Não tem mais nada de seu aqui. 

- Vocês são a minha família. 

- MEU DEUS, CALA A BOCA. Se fôssemos sua família você não tinha nos abandonado e ainda voltado com outra filha, qual que é o seu problema ? Você é ridículo sim! 

Ele se aproxima e me dá um tapa na cara. Sinto o ardor e uma vontade incontrolável de chorar, ele nunca levantou a mão pra mim. Ele me olha incrédulo e minha mãe começa a gritar com ele, não presto atenção em nada do que ela diz. Apenas pego o meu celular e vou em direção a porta. 

- Desculpa, filha. - ele tenta se aproximar mas minha mãe o segura.

- Você não dê mais um passo pra perto dela. Você fica longe dela! - minha mãe diz. 

Saio de casa e começo a andar, completamente sem rumo, meu celular vibra e vejo que é uma mensagem do Victor. 

[12:20]

Amor <3 : To indo 

[12:21]

Eu : Não vem.

[12:21]

Amor <3 : Aconteceu algo ?

Meu rosto está inchado e as lágrimas caem pelo meu rosto a cada segundo. Meu pai não era assim, era um bosta de pai, mas não era assim, ele nunca levantou a mão pra mim, NUNCA. Me desligo completamente do mundo, quando vejo estou longe de casa, chego a uma praça e me sento encostada em uma árvore. Apoio meu rosto no meu joelho e começo a chorar. Quando que tudo foi pro ar desse jeito ? 

|| ARTHUR NARRANDO

Já era 15:03 e nada da Nicole me responder. Decidi ir pra casa dela do mesmo jeito, chegando lá, toquei a campainha e a mãe dela atendeu. 

- Oi tia. - cumprimentei ela e a mesma deu passagem para eu entrar.

- Oi querido, como que você tá ? - fechou a porta atrás de mim. 

- To bem e você ? 

- To bem, graças a Deus. 

- Quem é esse aí ? - um cara saiu da cozinha perguntando. 

- Esse aí tem nome, Arthur. Amigo da sua filha. - Sua filha ? O pai dela voltou, bomba na certa.

- Prazer. - falei. 

- Vou subir para o nosso quarto. - ele disse para a Rose.

- Nosso quarto ? - ela perguntou. - Você vai é pegar suas coisas e ir embora daqui, agora. - ele subiu e não deu a maior bola para o que ela disse. - Desculpa, tá dando trabalho. - revirou os olhos. 

- Que isso tia, quem precisa se desculpar é ele né. Cadê a Nicole ? 

Ela me explicou toda a história, tudo o que aconteceu. Esse cara é um merda, não é possível isso.

- E ela não disse pra onde ia ? - perguntei.

- Não, ela só saiu. To começando a ficar preocupada, ela tá demorando.

- Vou ligar para o Victor, ver se ele sabe de alguma coisa.

- Faça isso, por favor. 

|| LIGAÇÃO (ON)

- Vitinho.

- E aí zé.

- Sabe da Nicole ? 

- Não sei não, porque ? Aconteceu alguma coisa ? Ela tá bem ?

- Calma parça. - rio. 

- Última vez que falei com ela, ela falou umas coisas sem sentido e desligou na minha cara. Eu até ia almoçar na casa dela e ela pediu para eu não ir.

- Pai dela voltou. 

- O pai da Nicole ? Meu sogro ?

- Sim. To na casa...

- To indo aí. - me interrompeu e desligou. 

|| LIGAÇÃO (OFF)


O Menino De RolêOnde histórias criam vida. Descubra agora