Voltando ao início

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O resto da semana foi calmo, a mesma coisa: cuidar de Yasmin, meu irmãozinho doente, ir para a escola e no final de semana a amiga da minha mãe veio aqui.

Segunda feira chega e toda a rotina é repetida: Acordar todos e ir embora.

Esperei por Lia na esquina da rua, era maravilhoso ter sua melhor amiga como vizinha. Depois de uns dois minutos ela apareceu... Thalia estava muito estranha, sua bicicleta azul estava limpa (Lia não limpa a bike para ir a escola), depois sua calça jeans não é mais aquela velha e surrada calça, era uma calça mais apresentável e seu uniforme estava perfeitamente aliando! Preparasse para o mais estranho: ela estava de maquiagem e com um penteado. Thalia não penteia e nem se maqueia para a escola.

Já na escola ela foi no banheiro para retocar a maquiagem. Aproveito o momento para me olhar no espelho, ao contrário de Lia, eu não estava de maquiagem, minha calça era super velha, meu uniforme estava normal e meu cabelo todo desgrenhado em um coque.

As primeiras aulas foram uma tortura e o recreio parecia nunca chegar, eu estava louca para conversar com as meninas decentemente, acredita que os professores sempre atrapalham nossa conversa? Falta de educação. Affs.

- Finalmente, agora vamos poder saber das últimas fofocas! Como foi o final de semana? Alguma novidade - pergunto para Marcela. Estávamos na fila da merenda. Merendar é lei.

- Hmm... Canjiquinha? Eu não quero canjiquinha! - resmungou Marcela. - Você vai ficar na fila? Sabe que a canjiquinha das tias é um horror! Além do mais está fazendo muito calor. - Marcela argumentava.

Eu fiquei pensando sobre seu discurso. Ela estava certa, a canjiquinha das tias era um horror e qual é? Não há calor que me impeça de botar para dentro uma boa canjiquinha, não é o caso agora. Então eu saio da fila e fico esperando a resposta da minha amiga.

- Nada. Não tem nada de interessante aqui! Nem uma festa, nem um garoto, nem uma fofoca... Nada. Só há o comportamento estranho da Lia - Marcela dizia - Eu estou naquele velho encalhamento - ela dá uma pausa, um suspiro e prossegue - como você! - OK. Isso foi um tiro. Ela continuou andando e aí eu percebi para onde ela estava indo: Para a rodinha do povo do terceiro ano, não qualquer turma do terceiro, mas a do Lucas e companhia. Eu parei de andar na hora.

- Não vou ir lá

- Porque?

- Ainda estou muito envergonhada com o ocorrido com o Lucas.

- Tudo bem. Eu preciso falar com a Gio, vai ser rapidinho.

- Fala na sala.

- Não dá, Ali. - ela voltou a andar - Conversa com aquelas suas amiguinhas piriguetes lá da frente! Aquelas metidas a nerd - e assim voltou a caminhar ficando cada vez mais distante.

Dei meia volta e me sentei perto da sala de português, coloquei meu fone de ouvido e fiquei alheia ao resto do mundo... Ok! Nem todo o resto do mundo, meu estômago ainda reclamava se quer saber! Fomeeee. Eu estou com fome.

Olhando para a fila da merenda um pouco mais curta resolvo me aventurar para dar toda e total razão a Marcela! Canjiquinha horrorosa.

- Oi. Você anda com a Marcela e Giovana né!? - uma menina tímida me perguntou.

- Ando sim, porque?

Ela passa a mão pelo cabelo bagunçando e sorri - É... Eu acho a Giovana muito bonita... - estou desconfiada - E talvez ela curta, sabe? Ã... Pode entregar isso para ela, por favor? - ela me entrega uma cartinha. Ela pensa que está onde? Na quarta série? Cartinha? Por Deus.

- Tudo bem! Eu entrego, sim. Giovana vai adorar, tenho certeza - Gio vai odiar. Ela detesta esse tipo de situação, nunca sabe o que fazer e ela não gosta de não saber o que fazer. - Conversa com ela depois. - digo antes da menina sair. O que é? Tenho o direito de me divertir.

Diário de uma VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora