Diário de uma Virgem

Dona do meu nariz

Tudo estava bom. Minha amizade com as meninas estava forte, como há muito tempo não estava e sinceramente parece até como os tempos antigos.

Meu namoro... Ah... André me irrita? Sim, bastante! Mas eu o amo. Eu queria que ele viesse mais aqui, porém eu vou mais lá na casa dele só para, além de namorar, jogar altas conversas fora com Tânia. Ela é difícil, está resistente quanto a ideia do César, mulher teimosa.

E minhas notas na escola estavam muito boas, Adriele e seu bando morrem de inveja.

Finalmente, resolvo abrir os olhos e olhar para o teto da sala. Me levanto do colchão e ando até o banheiro, ao olhar para minha imagem um peso cai sobre meus ombros.

Arranco minha roupa e a jogo no chão. Entro no box, ligo o chuveiro e deixo a água fervente queimar minha pele. Toda a alegria que estava em mim foi embora, em um passe de mágica... Assim, como em um estalo de dedos.

Sabe, aquela história de acordar dos sonhos? Pois é, estou acordada agora!

Eu poderia estar muito agradecida por tudo de bom que me vem acontecendo, mas não dá para ficar feliz quando seu irmão te manda uma mensagem dizendo para comparecer no cartório.

Finalmente será hoje.

Não pensei muito sobre isso, na verdade não pensei nada sobre isso e de certa forma fui pega de surpresa novamente ao ouvir mamãe falar sobre emancipação.

De repente sinto um cheiro forte de borracha queimada. Olho para o chuveiro e vejo que está saindo algumas faíscas. O desligo na hora e saio do box, quando olho novamente para o chuveiro ele está derretendo. Derretendo...

Me enrolo na toalha e correndo saio para rua, sim para minha completa alegria o padrão fica na rua. É o fim!

O mais rápido possível desligo o padrão de energia sem nem hesitar. Me dou um segundo para respirar fundo diante toda a adrenalina.

- Jesus, eu estou cansada dessa vida de pobre. - falo olhando para o céu enquanto minha mão está empurrando a parede e a outra segura a toalha.

- Alisson - ao ouvir essa voz firme e severa tomo o maior susto do mundo e deixo a toalha cair.

Poderia ficar pior?

Dou uns gritinhos e pego a toalha novamente, depois olho para André. - Você me deu um susto!

- Você está nua na rua.

- Porque você me assustou! - respondo enrolando a toalha em mim novamente.

Ele aperta meu braço e começa a andar em direção a minha casa. - Você está louca? Assim de toalha na rua...

- Não precisa ficar bravo, não fiz por mal - o tranquilizei.

- Imagine se fizesse não é? Você apronta cada uma.

- Eu não! Mas o assunto aqui é muito mais importante. - passo pelo portão e vou em direção ao banheiro.

- Eu quero saber porque estava de toalha na rua! - ele eleva a voz. Esse garoto é muito estressado.

- Porque meu banheiro estava prestes a pegar fogo! - falo como se fosse o óbvio e é, mas não para ele.

- Como é que é?

Paro em frente ao banheiro que é pura fumaça. - Não está sentindo o cheiro? - entro no banheiro. - Meu chuveiro derreteu! - falo meio surpresa e meio chorosa.

André passa por mim e olha para o chuveiro. - É só comprar outro e tem que trocar a fiação! - ele se vira para mim - Não pode ficar andando de toalha para toda vizinhança ver.