Aquela Garota

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No final do dia ao chegar em casa encontrei com meu irmão me esperando na porta de casa. Eu estava cansada demais para aturar ele e ainda tinha que estudar para uma prova de filosofia.

- Não quero conversar! Tenho um trabalho de matemática e tenho que estudar para a prova de filosofia de amanhã, sem mencionar minha dor de cabeça. - falo me aproximando do portão.

- Alisson, a mamãe está em casa, com dengue e toda machucada. Ela precisa de você.

Abro o portão e jogo minha bicicleta em qualquer canto. Entro na minha na cozinha e abro a velha geladeira pegando uma garrafa d'água e bebendo no gargalo.

- Não acredito que está me falando isso. - vou até meu quarto, jogo minha mochila e começo a procurar qualquer roupa para vestir depois do banho.

- Mas pode acreditar! Sei que ela fez mal, muito mal, mas ela se arrependeu. Pediu para voltar!

- Léo, mamãe sempre me tratou pior que cachorro. Sei que no seu ver ela é boa, mas no meu não. - falo tentando passar para a sala, mas ele bloqueia a passagem com seu corpo.

- Ela só cobrava muito.

- Não! Ela queria alguém para xingar, alguém para ser a empregada dela, alguém para humilhar... Mamãe não me ama, ela disse isso.

- Estava fora dela.

- O engraçado é que ela só voltou para si quando se deu mal não é? Não Léo, eu não vou. Ela só me fez mal... Ela me jogou na rua, me proibiu de me aproximar do meu irmão.

- Não vou insistir mais. - ele fala liberando o espaço. Vou para a cozinha e pego as panelas, preparando a minha janta. - Você sabe o que faz - o tom dele era acusador.

- É. Eu sei o que faço! - concordo - Só isso?

Ele olha para mim, abre a boca para responder, mas atende o celular que já estava tocando. - Oi amor! - ele atende indo para a sala, como se eu não fosse ouvir a conversa dele. Nesse barraco eu ouço até os cochichos dos vizinhos.

Fico contente que pelo menos um da nossa família está dando certo com alguém. No fim, Camila e ele voltaram.

Eu não sei como Camila suporta meu irmão. Ele é carinhoso, charmoso, pode até ser atencioso, mas ele é um folgado sem noção. Vir aqui para pedir para que eu volte para casa...

Volto para lá agora e quando a minha mãe estiver boa vai me colocar pra fora e ficarei na rua novamente. Não! Eu posso ir até visita-la, mas voltar para aquela casa não.

Vejo que a água já está fervendo e jogo o arroz. Pico a cebola, o tomate, o alface e o pepino. Em outra panela começo a fazer uma carne de porco e por fim o suco.

- O cheiro está bom, mas não ficarei para me torturar com sua comida. Vou ir ver Cami. - ele deposita um beijo em minha testa, mas antes de sair tagarela mais um pouco. - Eu estava enciumado do meu amigo estar namorando minha irmã. Você é minha maninha e André é meu amigo, não estava gostando muito disso. Fora que tínhamos regras na nossa amizade, nada de irmãs dos amigos. - começa do nada.

- Ridículo sua regra.

- Não acho! Porém, reconheço que vocês se gostam e torço para que seja feliz. Tenha paciência com André, ele é meio inseguro, dá para perceber e você é muito saidinha.

- Ele também é, e nem por isso fico de frescura.

- É diferente, Ali!

- Claro que é. - fui irônica. - Fala para seu amiguinho que sou piranha mesmo e não vou deixar de ser! Se ele quiser exclusividade que venha aqui deixar claro suas intenções, pois eu não tenho bola de cristal. - fui grossa.

Diário de uma VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora