Um domingo quase perfeito

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Ao sairmos do cinema fomos para a praça de alimentação, segundo Lucas ele tinha que me alimentar.

Mando uma mensagem, inutilmente, para minha mãe a informando de onde estou.

- Está conversando com quem?

- Minha mãe. Continue a contar a história sobre o time de futebol. - Lucas me contava que quase entrou para um timinho de futebol, mas como ele arrumou briga com alguém perdeu a oportunidade.

- Sempre faço merdas, mas depois dou risadas com ela. Fale de você, Ali! Já contei que sou filho único, que meu pai é advogado, minha mãe professora de canto.... E você?

- Minha mãe é cozinheira, mas lá em casa quem cozinha sempre sou eu. Tenho dois irmãos e sou babá.

- E seu pai?

- Não o vejo há muito tempo. - respondo esperando que ele não pergunte mais. - Não tenho histórias engraçadas e interessantes.

- Não acredito nisso, mas tudo bem.  - ele sorri.

Ao sairmos do shopping Lucas me levou a um bar e eu bebi. Quando foi que eu virei uma bêbada?

- Porque não me quis? - perguntei um pouco ressentida.

- Queria que fosse especial, pois você é especial

Eu sorri.

Estou lisonjeada.

Fui uma boba em ter pensado que Lucas não iria me querer, que eu não era boa o suficiente para ele, que eu era feia. Lucas me queria, isso está mais do que claro.

Rio um pouco da minha bobeira. Fiquei triste atoa. Contendo o riso, olho para baixo um pouco envergonhada e resolvo informar que não gosto de bares. Os bêbados velhos mexem com a gente, mandam beijinhos, nos come com os olhos, e já até ouvi histórias lamentáveis onde as mulheres eram vítimas de coisas nada legais. Eu não quero ser uma.

- Vamos terminar o que não terminamos na sexta. - respondi já se levantando para sair do bar pé sujo.

Era isso que eu queria ouvir! Sorri e saltitei para fora do bar. Durante todo o trajeto eu enchi o ouvido do taxista cantando várias músicas aleatórias.

Eu estava um pouco alta, o que significa que eu estava mais safada que o normal.

Quando desci do carro me dei conta de que Lucas tinha me levado para um motel.

Imediatamente eu fiquei ofendida, ansiosa, nervosa e com aquela velha dúvida: Será que é isso que quero?

Claro que é. Não seja besta, menina.

- Eu não tenho dinheiro para pagar o motel.

- Não se preocupe, Ali. Hoje você não paga nada. - ele puxou minha mão e entramos no motel. Logo estávamos em cima de uma cama em um quarto.

Lucas não perdeu muito tempo e não deixou algum para que eu possa pensar melhor.

Arrancamos a roupa dele e ele pediu para que eu tirasse minha roupa lentamente.

Fui para frente da cama, local onde ele estava e aí comecei a retirar minha roupa.

Nua, fui para cima dele sem tempo a perder quando ele me parou novamente, logo após eu ter dado prazer a ele com um boquete.

- Não, Alisson! Eu não consigo.

Respira, menina. Respira.

- Porque? Está nervoso?

- É...

- É virgem? - perguntei quase não acreditando na minha pergunta. Creio com toda convicção que esse garoto não é virgem.

- Não. - ele falou um pouco alto demais e saiu da cama. - Mas não quero fazer isso.

- É gay? - perguntei já com o coração na mão.

Ele me olhou como se eu tivesse acabado de dizer o maior absurdo.

- Então eu sou o problema. - conclui me sentindo péssima, com a auto estima esparramada no chão como a batatinha da música.

Me sentei na cama e respirei fundo para não chorar.

- Alisson, você é linda! Muito linda e é uma pessoa incrível! Sei que nunca conversamos devidamente pessoalmente, só por mensagem - ele fez uma pausa e depois uma cara de safado - até porque sempre que te vejo tenho vontade de outras coisas.

- Não parece.

- Acontece que você é incrível demais e eu sei que você é apaixonada por mim. - prosseguiu sem me dar ouvidos. - E se a gente fizer sexo você vai se amarrar muito mais e eu não quero isso.

Me levantei da cama enfurecida.

- Então quer dizer que você não me quer, é isso? - eu estava tão ofendida... - Vai a merda, OK? Eu não preciso de você para nada

Ele pareceu ficar surpreendido com a minha fala e depois me pareceu um pouco magoado, mas logo seu semblante ficou frio.

- Que bom! Você já me deu o que eu queria.

- E você quis tão pouco quando podia ter tudo. - respondi passando por ele e vestindo minha roupa. Pude sentir ele me observando, mas ele não me fazia sentir como André fazia.

Lucas nem nos meus melhores ou piores sonhos chega aos pés de André.

Céus, o que estou dizendo?

Antes de sair pude enxergar um Lucas cabisbaixo, triste.

- Me perdoe, Alisson! - sua voz era baixa e soava arrependida. - Por tudo! - ele se levantou e veio até mim, me deu  um selinho e depois um beijo na testa. - É melhor você ir e lembre-se da pessoa incrível que é.

Me afastei e fui embora sem nem olhar para trás.

Então é isso, no final ele não é meu garoto e agora tenho algo para superar.

Maravilha.

Diário de uma VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora