Ninguém me segura.

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Durante toda a semana André me enviou mensagens para mim, mas eu nem respondi, pois se ele não quer nada comigo eu também não vou querer nada como ele.

Eu estava no banheiro matando aula e acertando os detalhes com a Carlinha e o amigo dela. Pela foto de perfil o homem não parecia ser feio, não era nenhum negão gostoso, mas dá.

Sei que seu nome é Flávio, tem vinte e cinco anos. Careca, musculoso, alto, olhos castanhos, lábios finos... Bonito! Nada que abale minhas estruturas, mas é não isso que estou procurando.

O que eu achei ruim foi o preço. Gzuis, mas aquele homem era caro viu? Mas não importa, eu tenho umas economias e já recebi meu salário, ou seja é hoje gente.

- Carlinha, vai ser hoje a noite.

- Você é muito louca mesmo! Como você arruma um prostituto para sua amiga? - aí está. Acontece que eu não falei a verdade para ela, apenas disse que precisava de um garoto de programa, que não fosse tão caro, muito embora seja, para uma amiga minha que quer ter novas experiências. Ela se chama Sabrina, porque quando eu minto, minto até nos detalhes.

Você deve estar se perguntando, e o trabalho de sociologia? Acontece que eu tive que contar a "verdade" para Carlinha, porque essa história de trabalho de sociologia não colou. Carlinha pareceu aceitar mais essa versão da história do que a outra.

- Sabrina sempre quis ter algo novo! Vai apimentar a relação dela com os novos boys dela. Não vai ser uma tapada, como o ex disse.

- Acho que ela não deveria dar ideia para homem ressentido, mas enfim... Boa sorte para ela e eu quero conhece-la qualquer dia desses. Agora tenho que ir, meu chefe está passando por aqui. - ela desliga rapidamente na minha cara. Louquinha ela.

Com tudo planejado para hoje a noite eu dou uns pulinhos. Agora eu perco minha virgindade de vez.

Saio da cabine e me olho no espelho. O sorriso no meu rosto ilumina qualquer dia ruim de qualquer pessoa.

Canto e danço de alegria quando uma garota entra no banheiro e começa a pular comigo também. Pessoal dessa escola é tudo louco.

Meu celular toca e eu atendo, a menina logo se retira e vai fazer as necessidades.

- Flávio, mande para mim os papéis com seus exames! Não quero pegar doenças.

- Fica tranquila, porque é mais fácil pegar DST com esses garotos do colégio do que comigo. Mas já te mandei por mensagem e quando nos encontrarmos mostrarei os papéis.

- OK.

- Mas, porque pagar alguém para transar com você? Você consegue isso de graça... Não que eu não queira o serviço, mas isso é novo para mim. Pergunto, porque você é a amiga de Carla e tals.

- Ninguém me quer. - respondo triste, mas logo trato de me animar. - Você está sendo pago para transar e não bancar o jornalista.

Assim que término de falar isso uma menina me olha estranho.

- Tudo bem estressada. Até hoje a noite

- Tchau. - desligo meu celular e saio do banheiro.

Andando pelos corredores e verificando os exames que Flávio me enviou por e-mail e  bato em alguém.

- Desculpe. - murmuro e continuo andar em direção a sala, mas paro e escondo o celular ao ouvir a voz da professora Cecília.

- O que está fazendo por aqui, senhorita?

- Indo para sala. - respondo irritada.

- Olha como fala comigo, garota!

- O que é? Não posso mais andar pelos corredores da escola sem incomodar a madame?

Diário de uma VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora