Mal

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Após tomar aquele chá horrível e melhorar da febre digo a Tânia que já estava de saída.

- Eu não quero incomodar mais. Já estou melhor e me sinto eternamente feliz com seu carinho, sua atenção... - sorrio com sinceridade.

- Mas vai se cuidar

- Dona Tânia, eu sempre cuidei da minha saúde e a da do meu irmão Bernardo! Não se preocupe.

- Não tem como, uma mãe sempre se preocupa. - ela sorri. - Aliás, liga para ela. Ela disse que faz tempo que não tenho vê. - de uma, duas ou minha mãe é uma falsa que se faz de vítima na frente dos outros (provável) ou Tânia fica tentando me empurrar para minha mãe porque minha mãe fica se fazendo de vítima na frente dela (provável).

Ja impaciente com essa situação me levanto do sofá e tento respirar fundo para me acalmar.

- Longe de mim querer ser grossa, mas pare com isso! Pare de me empurrar para minha mãe.

- Ela é sua mãe. - responde de uma forma que pareceu que eu sou uma filha louca e ingrata.

- É, mas não me ama. Foi ela mesma que falou - respondo com raiva, meu som saí um pouco mais alto do que pretendia. Não queria gritar -! Ela nunca gostou de mim, queria só filhos homens, por isso me chamo Alisson.

- Alisson é unissex

- Para mim é nome de homem, já que só vejo homem com esse nome. - respondo meio que dando de ombros - Fora que foi ela que me expulsou de casa, me chutou para a fora, me jogou na rua, disse palavras horríveis para mim...

- Ali, ela estava fora de si.

- Não, não estava. - respondo triste. - Não se preocupe Tânia, no início foi triste ter ido embora e até dói, mas me acostumei e vi que minha vida sem ela vem melhorando.Toda vez que venho aqui você me trata tão bem que até acho estranho! Vou embora tão feliz que você não faz ideia! - respondo com um sorriso no rosto - Ficarei bem. - a tranquilizo.

- Tem certeza que não quer falar com ela?

- Tenho! Bem, já vou. - pego minha bolsa e vou embora.

Ao chegar em casa me deito no sofá e olho para TV.

Aí que inveja tenho de André por ter uma mãe maravilhosa! Eu aqui sonhando em ter uma mãe dessas e nem sei se mereço.

Se Tânia fosse minha mãe eu seria uma pessoa melhor? Boas pessoas te ensinam a ser boas.

E será que minha mãe realmente é um monstro ou é só no meu ver? Será que eu fiz tanto mal a ela também?

Como deve ser horrível não amar o próprio filho, quando, supostamente, o correto é a mãe amar os filhos. Uma mãe que não ama seus filhos é ultrajante.

Solto um suspiro.

Não adianta pensar nessas coisas. Não encontrarei nada, não acharei respostas, não irá me acrescentar!

Olho para o meu relógio e vejo que está na hora de tomar meu remédio, o tomo, mesmo crendo que o chá de Tânia me fará mais que bem.

Pego meu celular e olho as notificações, mas antes de responder todas as conversas, ligo para Luiza.

- Oi - ouço uma voz depois de três toques. Sua voz estava normal, um pouco alterada.

- Oie Luiza.

- Oi Ali! Como está? - agora sua voz é trêmula, passa nervosismo.

- Bem. Escuta, você já voltou de viagem? Quando Yasmin retorna? - pergunto sem rodeios. Estou com saudades da minha companheira de todos os dias.

Diário de uma VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora