Quantos se importariam?

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Acordo assustada com um pesadelo. Sonhei que um homem estranho entrava na minha casa, me perguntava sobre meu pai e me batia por não saber dele.

É tão estranho ter pesadelos e mais estranho ainda é acordar e perceber que está sozinha, ficar com um misto de medo e convencimento de que ninguém estaria interessado em invadir seu barraco.

E por falar em barraco, essa casinha tá pior que a casa da minha mãe que só tinha algumas paredes descascadas. Aqui todas as paredes estão descascadas, ha parte podre, caindo aos pedaços, literalmente. Daqui a pouco nem casa vou ter mais.

Me levanto da cama e vou para um banho, quero me sentir nova antes de devorar os restos de comida do meu aniversário. Enfim, 17 anos.

Após tomar banho, ver alguns episódios de variadas séries e comer ouço alguém chamar.

- Oh de casa - ouço alguém chamar. É um homem muito escandaloso.

Vou atender e percebo que é um cara com cara de bandido, magrelo até não poder mais, olhos fundos, fedido, mal acabado... É cracudo, só pode!

- Pois não?

- Você é a filha do Valdo? - baforento e dentes ruins? Fumante.

- Sim.

- Sou um amigo dele. Ele disse que quer ver você!

- Não coloco meus pés nas cadeia. - afirmo.

Eu hein? Eu toda princesinha ir visitar bandido? Por mim que morra lá. Estou bem aqui.

- Ele não está lá. Está nesse endereço aqui. - me entrega o papel.

- Moço, diga para o Valdo que eu não vou ir vê-lo da mesma forma que ele nunca esteve interessado em me ver quando mais nova. Agora, me dê licença. - respondo já fechando a porta na cara do homem, porém ele me impede colocando os pés entra a porta e o batente.

- Ele disse que é importante! Então pelo menos fique com esse celular moça e espere ele ligar. - depois o homem sai.

Guardo o celular da idade da pedra junto com o endereço em cima da mesa na cozinha e vou para sala.

Capaz de eu querer dar importância a um homem que nunca quis saber de mim. Há um limite em ser trouxa e esse é um deles.

Dou um suspiro e vou para a sala parando de pensar em gente insignificante.

Passar os dias sozinhas é difícil, por isso cogito a hipótese de ir na casa de Lia jogar conversa fora.

- Lia, vou ir na sua casa agora! Só vou trocar de roupa aqui e já estou indo. - falo por mensagem.

- Beleza, estou te esperando. Aviso logo que Gio está aqui, então sem besteira OK?

- Besteira nada! Besteira nada! Ela me sacaneou, e é um absurdo você ficar do lado dessa traidora.

- Já passou, já foi... É passado.

- Pimenta nos olhos dos outros é refresco.

- Pare de resmungar e venha logo para cá. Temos brigadeiro, pipoca, bananinha frita, suco e aquela Palha Italiana que minha mãe faz.

- Oppaaaa... Falou minha língua.

Largo o celular e vou trocar de roupa. No lugar da calça de pijamas coloco um shortinho jeans, no lugar da velha blusa da paróquia da igreja coloco uma blusa estilo cigana verde. Deixo meu cabelo solto e estou diva.

Quando estava de saída o celular velho toca, sem titubear atendo.

- Minha filha, você poderia me enviar toda a minha grana? Está escondida no interruptor do meu quarto.

Diário de uma VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora