Acordo ouvindo várias vozes masculinas, sinto uma tremenda dor nas costas, por culpa do velho sofá fedido.
Falando em fedido, essa casa está com um cheiro horroroso.
- Ah cara, que cilada! Então esse é o preço a pagar por um favor? - ouço um cara dizer. Sua voz vem da cozinha.
- Um favor dos grandes, mano! A mulher livrou ele da cadeia.
- É. - ouço a voz rouca de Osvaldo. - Agora tenho que cuidar dessa menina que está aí. O bom é que ela já está grande, sabe se cuidar sozinha.
- Queria ela aqui?
- Claro que não. - ele responde. - Mas se não viesse para cá iria estar dormindo na rua, não posso fazer isso com essa garota! Sabe que não sou uma pessoa ruim, só tráfico e uso uns, nada demais.
- Devia parar de usar....
- Cala boca. Tu ainda me deve OK!? Se vira e arrume meu dinheiro ou então estouro sua cabeça.
- Qual é, Valdo?
- Qual é nada. Aviso dado, aviso recebido. Quero minha grana amanhã mesmo.
Meu pai é um assassino? Eu moro com um assassino?
Um assassino que não me queria em sua casa.
Meu coração bate mais forte só em pensar nessa possibilidade.
Levanto do sofá e começo a pensar em uma estratégia para ir ao banheiro, mas é inútil ficar arquitetando um plano. Vou ter que passar por eles.
Visto uma calça, uma blusa grande e nem me dou o trabalho de prender o cabelo. Procuro por minhas escova de dente e percebo que não está. Só tem minhas roupas aqui.
Respiro fundo e então percebo que tem um vazio aqui, um vazio grande. Nunca foi tão fácil respirar, e eu detesto isso.
Um nó se forma em minha garganta e eu contenho a vontade de chorar. Não poderia chorar em frente a bandidagem, tampouco poderia me render tão facilmente aos maus sentimentos que persistem em me perseguir.
Reuno coragem e apareço na cozinha, vejo cerca de quatro olhos curiosos olhando para mim. Todos magros, com roupas que pareciam caber até demais.
- Oi. - murmuro rapidamente e corro para o banheiro.
Olho minha imagem no espelho, estou acabada, o cabelo uma bagunça, o rosto inchado, os olhos fundos e uma tristeza cortante dentro deles. Olhar para mim mesma nunca foi tão torturante.
Desvio o olhar do espelho, minha vontade é de quebra-lo. Disposta a tentar esquecer o show de horror que acabo de assistir, coloco pasta de dente no dedo e escovo meus dentes, lavo meu rosto e passo uma água no cabelo para poder junta-lo.
Passo pela cozinha e volto para sala. Ligo meu celular decidida a ligar para meu irmão e contar para ele todo o que aconteceu, porém me lembro que não tenho créditos.
Visto minha sapatilha, a mesma que eu estava antes e decido sai.
- Moço... Eu... Eu vou sair! Preciso buscar o resto das minhas coisas. - falo olhando para baixo.
- Tudo bem. Meu nome é Osvaldo, se quiser pode me chamar de Valdo.
- OK. Valdo.
- Eu sei que você é Alisson, não esqueceria o nome da minha filha. - uau, quanta consideração. Estou até emocionada. H Toma um dinheiro para ir lá. - ele começa a mexer na carteira.
- Não, não precisa... É, você me deu grana ontem.
- E não gastou?
- Não. Bem, vou indo. Tchau. - e saio da casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Diário de uma Virgem
Teen FictionComo é não pensar como uma virgem? esse é um pensamento recorrente na minha mente. Eu amaria saber! Eu não quero mais ser uma virgem, mas também não é tão simples assim deixar de ser uma virgem. O meu maior desejo é perder minha virgindade com um...