Doente de verdade

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Acordo suada. Suada pelo pesadelo horrível que acabo de ter e suada por uma febre que piorou durante a madrugada. 

Levanto da cama e vou até o banheiro. Olho minha imagem no espelho, olhos meio caídos, aparência de cansada, tudo por culpa da chuva.

Espirro sentindo dor no nariz e depois me dou conta de que minha garganta também está bem ruim.

Me enfio debaixo da água quente relaxando. Após o banho procuro por algum antibiótico, mas nada.

Decido então me jogar no sofá e assistir uns filmes comendo pipoca - única comida que tem na minha casa.

Com o passar das horas vou sentindo fome de verdade, fome de comida e vou para o fogão cozinhar. Enquanto isso tento furar minha visita na casa de Lia, mas a bicha é insistente e acabo prometendo ir após o almoço.

Corro para o meu quarto para contar as moedas, mas vejo que não tenho para a passagem de ônibus. Ficarei em casa, goste ou não, Lia terá que compreender.

Depois de almoçar um homem com aparência suspeita bate em minha porta me mandando recado do meu pai, mas eu não queria ouvir. Eu já entreguei a porcaria do dinheiro para o homem, agora ele que me deixe em paz.

★★★

Me levanto a contragosto disposta a xingar quem quer seja por estar me incomodando.

- O que quer? - sou grossa, mas minha carranca logo cai quando vejo meu irmão e aquele cachorro dele, Camila.

Onde meu irmão está, ela está. Que grude! Acho que não gosto mais desse namoro.

Aposto que ele vê ela mais do que me ver. Eu que sou a irmã dele, que o livrou de várias roubadas, que não o dedurou para mamãe... Hum!

- Ver minha irmã. Posso?

- Claro - o abraço e depois espirro.

- Sai pra lá, nojenta. - ele empurra meu corpo para o lado e depois entra como se a casa fosse dele. - Ia te convidar para sair, mas estou vendo que esta mal. Volto outro dia.

Ele se senta no sofá e Camila ao seu lado.

- Amor, não acha que devemos ficar aqui com ela? Está doente, pobrezinha. - Camila se compadece me fazendo lembra do motivo de gostar tanto dela.

Léo olhou para sua namorada desentendido. - Ue, nunca vi Alisson precisar de alguém! Até quando foi mordida por cachorro se virou sozinha. Teve uma vez que ela caiu de bike e não precisou de ninguém para leva-la ao posto de saúde ou para o hospital! Ela sempre foi independente.

- Isso é errado! É a sua irmã...

- Eu sei, por isso estou dizendo... - o cortei logo de uma vez, Leo não iria entender. Ninguém ao meu redor entenderia. Eu tenho o meu jeito, sempre me virei sozinha e acho até estranho alguém me ajudar!

- Camila, ele não vai entender. Acontece que, realmente, sempre me virei sozinha. Léo, volte aqui para me trazer um termômetro, duas cartelas de antibiótico, uma dipirona, duas cartelas de paracetamol e um Vick pasta.

- Mais alguma coisa? - perguntou se levantando.

- Batatas Chips, bananinha, uma barra de chocolate, pão de sal e doce, presunto e uns sucos.

- Você vai me falir...

- Cala a boca e me traga comida. Se possível um x-bacon.

- Só come essa menina, credo! Tem um buraco negro aí dentro. - ele sai da minha casa resmungando, mas mal sabe ele que não vou comer tudo isso.

Diário de uma VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora