Um dia melhor

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Depois daquele natal horroroso eu me afundei mais um pouco, mas eu quero estar assim, sozinha.

Eu me isolei. Sei que não é culpa daqueles que estão ao meu redor, sei que não foram eles a me abandonar, fui eu.  Eu quem fez. Eu que abandonei a todos, ando sendo agressiva e desagradável a cada dia que se passa, pareço até minha mãe e até estremeço com esse pensamento. Não quero ser como ela.

Thalia manda mensagem todos os dias, mas não quero saber dela e nem de nenhum deles, pois parece que estão todos me magoando mais ainda quando na verdade não estão fazendo nada. Mas eu já sei o que é, já sei o que me dói: O que me dói é ver eles tão preocupados, é ver a tristeza que estou causando e não posso com isso.

Levanto do sofá e ligo a TV para ver a péssima programação de Domingo. Coloco em um filme qualquer e vou mexer no meu celular para encontrar varias mensagens de ano novo e nem se quer isso me anima, se fosse no ano passado....

Vou até o armário da cozinha para ver se tenho pinga ou então uma maconha. Céus, estou tão acabada. Se alguém me dissesse no início do ano passado que eu iria virar uma maconheira, com certeza, riria da pessoa.

Nada... Não há nada aqui. NADA.

De repente sinto uma fúria subir e jogo a mesa de plástico no chão, indo junto com ela dois pratos de vidro - meus únicos pratos, o resto já quebrei.

Grito alto e forte. Jogo o armário no chão quebrando o lindo vidro que tinha nele. Chuto o sofá, bato no travesseiro, troco de roupa e saio de casa.

Não demora muito para que eu me envolva em uma briga por dar em cima de um homem casado. Eu sabia o que fazia quando dei em cima daquele homem ridículo. Era isso que eu queria, briga.

Trocamos xingamentos, tapas e puxões de cabelo até que alguém nos separasse. Vou para casa, tomo um banho e olho para o meu semblante no espelho não me reconhecendo. Ao sair do banheiro olho para minha casa, destruída.

Preciso de ajuda.

Visto a primeira roupa que vejo na frente. Uma calça de pijama com desenho de patinhos amarelos e a calça era azul, um cropped larguinho e velho. Calço um chinelo, pego meu celular, minha chave, minha bicicleta e quando coloco meus pés para fora de casa percebo que o tempo virou e o céu tá nublado. Estremeço um pouco, odeio chuvas, mas nada me impedirá de sair de casa.

Pedalo por longos e eternos minutos. Ao chegar no meu destino minhas pernas estão até bambas, meu coração bate forte e sinto o suor no meu corpo.

Toco a campainha e peço para entrar, logo entro e deixo minha bicicleta na garagem, respiro fundo e começo a subir as escadas.

Cansada, bato na porta.

- Ali... Está acabada! Vamos entre querida. - Tânia me encara preocupada. 

Sorrio

- Obrigada.

Entro no apartamento que há tempo muito não entrava. Me sentei no sofá e aceitei a água que Dona Tânia me ofereceu.

- Obrigada novamente.

- Que surpresa você aqui! Fiquei sabendo que não mora mais com sua mãe, onde está morando? Como está?

- P- Pre... - respiro fundo - Precisando de ajuda. É assim como estou. - sinto um nó se formar na garganta.

- Porque? O que aconteceu?

- Eu não sei o que andam dizendo, mas a verdade é que minha mãe me expulsou de casa, fui morar com meu pai que agora está preso e eu destruí os meus móveis

Diário de uma VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora