Preparando o almoço.

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Acordo com minha mãe me balançando de um lado para o outro.

Céus, o que essa mulher tem? Já não posso mais dormir nesse inferno de casa? Nem no final de semana?

O que eu fiz na vida passada? Será que eu tentei tirar Jesus do bom caminho e agora estou pagando pelo pecado? Eu fui uma bruxa que morreu queimada, mas fiz tanta coisa ruim que morrer queimada não foi o suficiente? Será que eu fui Hitler?

- Alisson, você tem muita coisa para fazer hoje, pois teremos visitas! Irá vir a Tânia, seu filho e sua amável sobrinha, a menina é um doce, podia ser como ela.... .

Podia ser como ela. Podia ser como ela... Affs.

- Vamos receber Antônio, - Antônio mora aqui, vem todos os dias... - a irmã dela, Débora e seu marido com as crianças. Por fim, aquela vaca da Vânia ira vir.

- Mãe não chama a Tia Vânia de vaca. Toda vez que a senhora precisa dela ela te ajuda.

Mamãe me olha feio - Cala a boca, menina! Levanta logo... Tem que ir no mercado e voltar para cozinhar! Como vamos ter visitas eu vou te ajudar arrumando a bagunça da casa.

Que bagunça? Que bagunça? Só tem a cozinha que está uma zona, pois não limpei... O banheiro que com certeza precisa de uma lavada e quanto o chão é só passar uma vassoura. Não há bagunça.

Levanto e começo a trocar de roupa, faço higiene matinal, faço um penteando já que é Day After no meu cabelo. Amo Day After, meu cabelo sempre fica mais volumoso, mais divo.

Apresentável para ir a rua vou para a sala em busca da minha mãe que estava sentada vendo TV junto com Bernardo.

- Onde está a tal lista e o dinheiro?

Ela levanta, puxa um papel e uma bolsinha do bolso. Era sua habitual bolsinha de dinheiro.

- Aqui está.

Guardo o papel na bolsinha e depois a bolsinha dentro do meu short.

- Mãe, eu quero ir com a Ali.

- Pode ir, meu filho.

Ah não! Ah não! Mas que saco.

- Eu não quero criança atrás de mim.

- Leve ele, Alisson e eu não vou pedir duas vezes.

Bufo e reviro os olhos. Bernardo não é um amor de criança, ele é uma peste. Pior coisa que tem é andar com ele na rua.

Saio pela porta rapidamente, mas a peste me alcança como o esperado.

- Não vou comprar nada para você e é melhor não me irritar, entendeu?

- Tá.

Caminho silenciosamente até o mercado, tenho toda a calma do mundo, pois ainda são nove da manhã ou seja, mercado está mais do que aberto. Pena que é longe.

Ao chegar no mercado mando Bernardo pegar um carrinho. Rapidamente pego tudo o que é preciso e começo a mofar no açougue.

O que será que minha mãe quer com esse monte de ingredientes?

- Moça, o menino que estava do seu lado é seu filho? - uma mulher morena pergunta.

Filho? Filho? Como assim? Vê se eu tenho cara para ter um filho de oito anos idade.

Está certo que Bernardo é uma criança pequena, o menor da turma dele, mas dizer que é meu filho é demais. Esse povo de hoje em dia perdeu a noção.

- Escuta aqui moça, tá achando que eu comecei minha carreira aos seis anos de idade? Saiba que eu tenho dezesseis anos e não tive um filho aos oito. Que isso?

Diário de uma VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora