Voltando aos planos

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Quando deu sexta feira era aula de inglês de novo. As meninas foram direto para a sala, mas eu parei no corredor para conversar com o Lucas.

- E aí? Cê vai na festa? - ele passa a mão no meu rosto. Ele havia me prensado contra a parede. Estava tão perto, eu sentia seu hálito e a temperatura do seu corpo.

- Eu vou! - sussurrei. Ele abriu o seu maravilhoso sorriso e me beijou.

- Vou ter que deixar você ir, já que recusou minha proposta - eu tinha acabado de recusar sua proposta de matar a aula de inglês para podermos ficar juntos debaixo das árvores (lugar bem escondido). Recusei a proposta por medo de ser pega. - Te vejo no sábado. - ele sai antes de me dar uma brecha para perguntar porque não podíamos nos encontrar antes.

Ajeito minha bolsa em meus ombros e vou para a sala. Quando eu chego percebo a porta fechada, abro lentamente e coloco minha cabeça para dentro, dou um sorriso sem vergonha

- Desculpe o atraso, "titer"

Ele me oferece um sorriso zombateiro, mas logo se lembra que é um professor e que não poderia dar esses sorrisos que molha calcinha.

Meus colegas riem e ele fica sério. - Não é bonito rir da ignorância de sua colega! Realmente, Alisson você é um horror em inglês. O que você quer dizer?

Endireito meu corpo, entro na sala, olho para ele sem entender e falo como se fosse óbvio - Desculpe o atraso, titer

- O que é titer? - Adriele pergunta.

- Professor sua burra - falo irritada. Todos da sala riam e eu vejo com rabo de olho Andre reprimindo o riso.

- Silêncio turma, caso contrário todos iram receber negativo. - a turma se cala com certo custo, quando estão todos em silêncio ele se vira para mim. - Não perdoarei, Ali. A escola tem regras e horários, tem que respeita-los. Além do seu inglês ser um horror ainda se dá ao luxo de chegar tarde? Por hoje a senhorita ganha um negativo e uma ocorrência!

- Porque? Isso é maldade. Eu tenho uma boa justificativa.

- Ah é? Vou adorar ouvir.

Aí, o que eu digo agora?

- Eu estava no banheiro. Tive problemas particulares. - invento uma mentira.

- OK. Agora pode se retirar

- O quê? - grito. - Injusto.

- Saia agora ou ganhará outro negativo.

Eu saio pisando duro da sala. Eu sei que ele estava certo, mas poxa... ninguém quer se ferrar!

No caminho para a vice diretoria eu encontro Lucas nos corredores. - Lucas, eu topo! Vamos matar aula.

Ele sorri - Gostei. Vamos! - ele segura minha mão e me puxa. Logo sentamos debaixo da árvore e começamos a dar uns amassos, trocar uns carinhos... Tudo muito bom! Tudo muito gostoso!

Quando o sinal bate nos separamos lamentando e vamos cada um para o seu canto. Logo a aula acabou e eu fui para casa. Lia me chamou de piranha porque invés de assinar a ocorrência eu fui dar uns amassos, mal sabia ela que eu estava borrando nas calças de medo de ser pega, por outro lado o proibido tornou tudo mais interessante.

- Agora está toda safada! É isso aí. - Lia falava. - Até mais tarde. Vai me encontrar na praça né!?

- Claro que vou. Tá marcado!

Quando chego em casa me deparo com a bagunça de todos os dias. No fim da tarde minha mãe chegou, disse que no sábados todos nós almoçaria fora e que exige a presença de todos.

- Trabalho no sábado - Léo disse

- Tem horário de almoço. Sempre aparece aqui para comer, fora que seu tio te libera. - mamãe respondeu.

- Também disse que ia me encontrar com minha namorada. - eu reviro os olhos diante aquela afirmação. Por favor, até parece né!? A namorada do Léo tem mais chifre que uma boiada inteira.

- Certo, filhinho. Tem que estar com a namorada mesmo. - reviro mais ainda os olhos, pois minha mãe sabe muito bem que Léo corna a pobre menina.

Volto minha atenção para a janta até minha mãe dar outra alfinetada.

- Apareça bem vestida e não como mulambo, Ali. - reviro os olhos novamente. Até parece que eu ando feito mulambo! - Me respondi, garota.

- OK. Não vou aparecer como mulambo. Vou até tomar banho!

- Ótimo. A filha, você tem 50 centavos para emprestar? É para inteirar para a passagem.

- Tenho. Depois te dou.

- Ótimo. E o que tem para o jantar?

- Ovo.

- Não tem carne, não?

- Não, mãe! Não tem.

- É um absurdo. Eu trabalho o dia inteiro e não tem carne, não tem suco... To cansada de ser pobre! Que horror! Quando eu morrer, podem escrever na minha lápide: morreu de fome.

- Não vai ter lápide.

- Ah, claro! Vão me enterrar no quintal! Porque pobre tem nem morte decente... Aí que horror!!

Bloqueei a voz da minha mãe e comecei a pensar sobre a festa de sábado e o almoço de sábado. Tomara que Andre não esteja lá é que ele não conte para minha mãe sobre minhas notas.

Diário de uma VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora